14 de jul. de 2010

CAN, CORREIO AÉREO NACIONAL PARTE II - 14 DE JULHO DE 1935, O CAM CHEGA À AMAZÔNIA - TRIBUTO AO PASSADO - BRASIL HÁ 75 ANOS


CORREIO AÉREO NACIONAL PARTE II

Em junho de 1935, foram adquiridos, para o CAM e para as Esquadrilhas de Treinamento das Unidades Aéreas, 30 aviões Waco F-5.

Equipados com motor Wright “Whirlwind” de 240HP. Os oito primeiros aviões, da encomenda chegaram ao Brasil em outubro de 1935.

Em 14 de julho de 1935, a linha Fortaleza-Terezina foi prolongada até Belém, com uma etapa em São Luis; realizaram o 1º vôo o Capitão Manoel Pinto da Silva Valle e o TEN. Gonçalo de Paiva Cavalcanti.
Quatro anos depois de inaugurado, o CAM entrava assim na Amazônia pela sua orla litorânea, inaugurando as suas atividades numa área imensa, onde o transporte aéreo iria desempenhar, nos anos seguintes, um papel importante.

Criado o ministério da aeronáutica em 1941, o Correio Aéreo Militar e o Correio Aéreo Naval foram fundidos num único serviço: o Correio Aéreo Nacional que, com o tempo, ficou conhecido em todo o Território Nacional pela sigla “CAN”.


A direção do serviço do CAN, ficou afeta à diretoria de Rotas Aéreas que tinha uma das suas Divisões a DR-4, especialmente destinada a isso; o primeiro Diretor de Rotas Aéreas, designado em janeiro de 1942, foi o Brigadeiro Eduardo Gomes( que posteriormente viria a ser o patrono do CAN) que continuou, assim, impulsionando e desenvolvendo o serviço por ele criado dez anos antes.


1º impresso de propagando do CAM

Durante o período da 2ª guerra mundial, as comunicações com as regiões mais remotas do Brasil tornaram-se mais difíceis, devido ao racionamento de combustível e à interrupção do serviço regular de cabotagem das linhas de navegação marítima.

O CAN continuou prestando, durante a 2ª guerra mundial, os seus valiosos serviços, tornados mais importantes, dadas as circunstâncias, que foi durante esse período que o CAN começou a ser equipado com aviões mais modernos, mais velozes e de maior capacidade de carga: os aviões Beechcraft, monomotores e bimotores.

Em 1947, foi iniciada a linha do CAN para o Território do Acre; a linha do Acre tornou-se famosa pelos serviços prestados aos núcleos longínquos de população da Região Oeste do Brasil e da região Amazônica: a linha do Acre ligou as seguintes cidades e vilas: Rio de Janeiro – São Paulo – Campo Grande - Cuiabá – Cáceres – Vila Bela – Forte Príncipe da Beira – Guajará-Mirim – Porto Velho – Abunã - Brasiléia – Rio Branco – Sena Madureira- Tarauacá – Cruzeiro do Sul. Depois de alguns anos de funcionamento da linha do Acre, as populações daquela distante região criaram e divulgaram a expressão: “Correio Aéreo Nacional - Glória pacífica da Força Aérea Brasileira”.

Depois que os Hidroaviões e anfíbios “CATALINAS” de patrulha anti-submarino da 2ª guerra foram transferidos da base aérea do Galeão para a base aérea de Belém, começaram a ser executadas linhas do CAN ao longo do rio Amazonas e de alguns dos seus afluentes principais.


Essas linhas destinavam-se a dar assistência a núcleos de população da região Amazônica e a dar apoio aos pelotões de fronteira do Exército Brasileiro, uns e outros lutando com grandes dificuldades, devido à falta de comunicações e devido às enormes distâncias em jogo.


Nos primeiros anos de funcionamento o “CAN DA AMAZONIA” o serviço foi muito irregular, em virtude da usura dos aviões Catalinas, já então com mais de doze anos de serviços, e pelo fato de os aviões Catalinas de patrulha não estarem preparados para o transporte de carga e passageiros.


Em 1958, o ministério da Aeronáutica resolveu recondicionar completamente os aviões Catalinas para adaptá-los ao serviço de transporte de carga e passageiros nas linhas do “CAN da Amazônia”; os Catalinas foram mandados em vôo aos Estados Unidos da América, dois a dois, e lá sofreram uma modificação e renovação completa; a partir desse ano, as linhas de Catalina do CAN da Amazônia passaram a funcionar com maior regularidade e eficiência.


Os serviços prestados pelos aviões Catalinas na Amazônia são do conhecimento geral das populações agradecidas de toda aquela vasta região.


As principais linhas do CAN da Amazônia, feitas com os aviões Catalinas são:
- a linha do Solimões, no eixo principal dos rios Amazonas e Solimões até Tabatinga, servindo as principais localidades e elementos da forças armadas ali existentes.

- a linha do Rio Negro, apoiando o trabalho das missões religiosas junto às populações indígenas dos vales dor rios negro e Uaupês (na localidade de Barcelos, Tupuruquara, Uaupês, Lauaretê e Pari-Cachoeira); apoiando também os elementos de fronteira do Exército em Cucuí, na fronteira coma a Venezuela e a Colômbia;

- a linha do rio Javari, apoiando os elementos do Exército na fronteira com o Peru (estirão do Equador e Palmeira);
- as linhas dos rios Purus e Juruá, dando assistência a várias localidades ao longo desses rios.


A OBRA DO CORREIO AÉREO NACIONAL

Em 1931, do ponto de vista da sua unidade política, o Brasil era um arquipélago composto de ilhas representadas pelos núcleos de populações perdidas na vastidão o Território Nacional; as linhas do CAN, em muitos casos, foram os primeiros elos a integrar esses componentes da nacionalidade brasileira, até então privados de meios adequados de comunicação.

Com o decorrer dos anos, em que foi acumulando impressionante folha de serviços, o CAN firmou-se como um dos esteios da unidade nacional e conquistou um lugar de destaque na história do desenvolvimento social e econômico do Brasil; consagrando esse mérito, a Constituição Federal de 1946 estabeleceu, no item XI do seu Art. 5º, que compete à união: “Manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional”.
O CAN, além de poderoso instrumento para o desenvolvimento da Força Aérea Brasileira, sempre representou, também, o papel de desbravador da infra-estrutura aeronáutica nacional.

“O treinamento que o CAN tem proporcionado aos nossos oficiais-aviadores e aos demais membros das tripulações dos seus aviões tem sido inestimável; nos primeiros anos, após a sua criação, foi o instrumento de ação que permitiu que a nossa Aviação Militar se libertasse dos Vôos locais em tordo dos aeródromos e enfrentasse as viagens aéreas, por sobre todo o imenso território brasileiro, enrijecendo assim a têmpera dos nossos pilotos militares; os frutos dessa escola surgiram triunfantes, por ocasião da II guerra mundial, quando oficiais brasileiros trouxeram em vôo, dos Estados Unidos da América para o Brasil, centenas de aviões de todos os tipos, com um mínimo de perdas em material e pessoal; estes aviões, na suma maioria, eram equipados com motores de pequena potência e possuíam um raio de ação restrito que não permita alcançar aeródromos de alternativa em caso de mau tempo; e todos os que tomaram parte neste feito heróico da Força Aérea Brasileira (FAB), são unânimes em afirmar que, sem o treinamento proporcionado pelo CAN, o transporte dos referidos aviões teria sido feito com perdas desastrosas”. (Boletim nº. 116 de 12 de Junho de 1952, do COMTA).

Com a obra do CAN, a FAB (Força Aérea Brasileira) retribui em parte à nação, por meio de preciosos serviços prestados aos órgãos públicos e à coletividade, parcela dos pesados encargos de manutenção da Força Armada.

No trabalho do CAN, além do dever de cumprimento das missões dentro do quadro de uma organização militar, existe um senso de apostolado, existe uma grande disposição para prestar socorro aos entes humanos enfermos ou necessitados e para prestar ajuda aos brasileiros que, lutando em regiões desprovidas de recursos, procuram atingir um estágio mais avançado de civilização e desenvolvimento. A recompensa da FAB, é a gratidão sincera da gente simples que vive nos rincões remotos da Nação, cujo coração bate mais forte ao ouviu o ruído dos motores dos seus aviões e cujos olhos brilham de orgulho ao verem as cores brasileiras nas insígnias dos aviões do Correio Aéreo Nacional.


Fonte: História da Força Aérea Brasileira.
Tenente Brigadeiro R/R Nelson Freire Lavenère-Wanderley

Link para a primeira parte desta postagem. CORREIO AÉREO NACIONAL PARTE I

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