10 de dez. de 2010

HISTÓRIAS QUE O BRASIL NÃO CONHECE- SARGENTO PAULA

Óleo sobre a tela de Álvaro Martins - Paula, A Baiana

Esta é a história da primeira mulher Fuzileira Naval da História do CFN da Marinha Brasileira.

Antes de a Marinha do Brasil criar o Corpo Feminino, antes mes­mo do voto fe­mi­ni­no, nós, do Ba­ta­lhão Naval, já tí­nha­mos eleito a fuzileira ho­no­rá­ria: Pau­la, a Bai­a­na.

Che­gou de man­si­nho, quan­do éra­mos Cor­po de In­fan­ta­ria da Ma­ri­nha, na Ilha das Co­bras, lá pelos idos de 1895.
Trazia na ba­ga­gem ape­nas o ta­bu­lei­ro com bo­li­nhos de ta­pi­o­ca, pés-de-moleque, cus­cuz, la­ran­jas, ba­na­nas e a sa­tis­fa­ção de aten­der aos sol­da­dos e a todos os que acor­ri­am para re­fei­ções li­gei­ras.

Com o tempo, a curiosa mulher estabeleceu relação tão har­mo­ni­o­sa com a tropa, que foi autorizada a instalar-se no pá­tio do quar­tel, com a pequena cantina, ba­ti­za­da de "ma­fuá de baiana".

Aos poucos se integrou às fainas diárias, familiarizando-se com os toques de corneta.

Quando chegava o co­man­dan­te, per­fi­la­va-se ao lado do tabuleiro.

Já era por con­vic­ção uma au­tên­ti­ca militar do Batalhão Naval.
No Sete de Setembro ou qualquer que fosse a data cívica, lá es­ta­va ela.

Saia branca engomada e dólmã vermelho com botões dou­ra­dos, marchava garbosamente, com a cesta de vime à cabeça, misto de mascote e madrinha.

Tinha orgulho de usar o gorro de fita, identificação maior de nosso uni­for­me.

O povo já a saudava e ela sentia mais orgulho ainda.
Com a venda de suas iguarias se mantinha e pagava o alu­guel da casa no subúrbio de Rocha Miranda. Oficiais e pra­ças a tratavam com carinho.

Com Paula Baiana, iniciou-se costume que perdura até hoje na Fortaleza de São José Ilha dos Cobras: as "lavadeiras da pedreira", que ocupam a célebre "Cova da Onça".

Segundo relatos e à luz de documentação iconográfica do Museu do Corpo de Fuzileiro Navais, Paula trajava-se com uni­for­me de segundo sargento ao final da década de 1920.

Essa fantástica mulher, que conviveu conosco nos con­tur­ba­dos anos da República Velha, morreu dia 20 de abril de 1935, deixando saudades e um legado de amor e gratidão ao ve­lho Batalhão Na­val.

Conheça o Museu do Corpo de Fuzileiros Navais
Fortaleza de São José - Ilha das Cobras, Centro
Rio de Ja­nei­ro - RJ
Almanaque Brasil

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