17 de set. de 2014

CRUZEIRO DO SUL NOTIFICA MAIS DE 6,5 MIL CASOS DE DENGUE


Município não conta com médicos suficientes, diz secretária de Saúde.
Pacientes lotam unidades de Saúde.

Unidades de Saúde de Cruzeiro do Sul funcionam com a capacidade máxima (Foto: Genival Moura/G1)

Genival Moura -As duas unidades de saúde indicadas como referência para atender pacientes com dengue em Cruzeiro do Sul (AC) já não estão dando conta de atender a demanda. Desde fevereiro até a primeira quinzena de setembro, mais de 6,5 mil casos da doença foram notificados e mais de dois mil confirmados, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O Hospital Dermatológico disponibilizado pelo estado como referência para a dengue atende diariamente cerca de 150 pacientes com sintomas da doença e permanece com sua capacidade máxima de internação.
A secretária municipal de Saúde de Cruzeiro do Sul, Lucila Brunetta, afirma que todas as unidades básicas de saúde estão aptas para atender os pacientes com dengue, mas diz que existe uma concentração no Hospital Dermatológico por ficar localizado no Bairro do Telégrafo, um dos mais afetados pela doença. A secretária diz ainda que o município não dispõe de médicos suficientes para ampliar o horário de atendimento, atualmente apenas uma unidade atende até às 19h, as demais funcionam em horário normal de expediente.
“Os nossos médicos trabalham também pelo estado e os médicos cubanos não são credenciados para atender internações por serem utilizados apenas para atenção básica. O número de casos cresce a cada dia e é preocupante, mas estamos desenvolvendo todas as ações de controle, inclusive tivemos aqui a visita do Ministério da Saúde que fiscalizou e aprovou os trabalhos, fizeram apenas algumas recomendações”, explica Lucila Brunetta.
A professora Tânia Maria Lima dos Santos, de 40 anos, com sintomas de dengue aguardou por atendimento no Hospital Dermatológico por mais de três horas, nesta terça-feira (16) enquanto segurava a filha de 10 anos deitada em um banco, apresentando febre e dores no corpo. “Eu estou me sentindo muito mal e minha filha ainda está pior, mesmo assim, não temos escolha precisamos esperar todo esse tempo”, explicou.

Em meio a pacientes escorados e outros com ânsia de vômito, encontrava-se a aposentada Ilda Rodrigues Menezes, de 93 anos. A idosa que mora na zona rural de Cruzeiro do Sul teve que ser levada em uma cadeira de rodas. “Estamos muito preocupados, ela adoeceu ontem e hoje já estava assim, uma pessoa dessa idade com muita febre e vômito logo fica debilitada”,  alertou Maria da Silva Menezes, neta da aposentada. 
A diretora do Hospital Dermatológico, Ângela Sara, disse que a unidade iniciou o atendimento apenas para pacientes a partir do nível B, ou seja, os que necessitam de hidratação intravenosa. Mas devido às reclamações dos pacientes nível A (hidratação oral) que deveriam ser atendidos nas unidades básicas de saúde, o hospital abriu para todos os níveis ocasionando o aumento da demanda.
“Nós contamos com 20 leitos e 16 poltronas para internação, mas estão sempre todos lotados. Temos um médico e pela manhã contamos com outro disponibilizado pelo Exército. Um profissional do município atendeu por alguns dias, mas parou de atender. A gente pede até a compreensão dos pacientes, porque em alguns períodos contamos com apenas um médico e isso ocasiona uma demora”, explica a diretora.
Entre as observações que constam no relatório do Ministério da Saúde confeccionado após a inspeção está o aumento da carga horária dos agentes de endemias para expediente integral que atualmente trabalham seis horas corridas visitando as residências.
O relatório alerta ainda que o número de notificações é desproporcional ao total de casos positivos de dengue, levantando a possibilidade de estar ocorrendo outras doenças febris que merecem ser investigadas.

Nota do Blog: Para quem não sabe, Cruzeiro do Sul está a pouco mais de 200 km de Tarauacá.

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