28 de out. de 2014

DILMA PERDE NOVAMENTE NO ACRE


Dilma tem a vitória mais apertada da história




Por Cristian Klein - Na eleição ao Planalto com mais reviravoltas da história, os brasileiros decidiram pela continuidade e reelegeram, ontem, com 54.499.706 votos (51,64% dos votos válidos), a presidente Dilma Rousseff (PT), que derrotou, em segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB). Com 99,99% do total apurado, o tucano recebeu 51.041.003 (48,36%), no melhor desempenho da oposição desde que o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder federal em 2002.

Com a reeleição de Dilma, o PT alcança o quarto mandato consecutivo na Presidência da República, o que estabelece uma hegemonia de pelo menos 16 anos no governo federal, até 2018.

A força da onda vermelha, no entanto, esbarrou no antipetismo e resultou na vitória mais apertada de um candidato presidencial desde 1989, quando Fernando Collor, então no PRN, ganhou de Luiz Inácio Lula da Silva por 53,03% a 46,97%.

Detentor de uma fortaleza eleitoral no Nordeste, o PT - ao contrário do senso comum - nunca havia necessitado da vantagem para ganhar. Agora, sim. É a primeira vez, em quatro eleições, que o partido perde, no segundo turno, na maioria das cinco regiões. Depois da vitória de Lula em 2002 em todas as regiões, o PSDB levou o Sul, em 2006, acrescentou o Centro-Oeste, em 2010, e desta vez foi o mais votado pela primeira vez também no Sudeste, onde Aécio teve 56,14% contra 43,86% da presidente.

Dilma compensou as derrotas nas três regiões com as votações do Norte e, principalmente, do Nordeste. No bastião petista, a presidente venceu o tucano por 71,66% a 28,34%. No Maranhão, obteve a maior vantagem estadual sobre o adversário: de 78,6% a 21,4%.

A presidente foi a preferida em 15 Estados - todos os nove do Nordeste, em Minas, no Rio de Janeiro, e em quatro dos sete da região Norte - enquanto Aécio foi o melhor em 11 e no Distrito Federal. O tucano venceu nos três do Sul, nas quatro unidades da Federação do Centro-Oeste, no Espírito Santo, Acre, Rondônia, Roraima, e no maior colégio eleitoral: São Paulo.

Com 64,29%, Aécio recebeu a melhor votação proporcional de um presidenciável em São Paulo, no segundo turno, desde os 57,9% de Collor em 1989. O recorde chama a atenção pois é a primeira eleição presidencial, desde 1955, que o Estado não teve um candidato competitivo. Os paulistas descarregaram seus votos no senador mineiro e lhe deram uma diferença de 6.755.016 votos a mais em relação a Dilma. Em vez da dispersão, pela falta de um concorrente da terra, o antipetismo mobilizou o Estado. O tucano bateu, em mais de 2 milhões de votos, a maior diferença estadual absoluta desde 1989, que eram os 4.635.632 de votos que Lula pôs de vantagem sobre José Serra no Rio de Janeiro, em 2002.

No Sul, Aécio venceu por 2,9 milhões de votos de diferença, com expressivas votações no Paraná (60,98%) e em Santa Catarina, onde obteve seu mais alto índice estadual: 64,59%.

O senador, no entanto, não conseguiu "azular" seu próprio Estado. Com isso, o PT mantém a tradição de vencer em Minas tanto no primeiro quanto no segundo turno, desde 2002. É um Estado vermelho. Ali, Aécio alcançou 47,6% contra 52,4% de Dilma, que pôs uma diferença de 550 mil votos no reduto do adversário.

Sem um bom desempenho em Minas e a larga derrota no Nordeste, as expressivas vitórias de Aécio em São Paulo e no Sul não foram suficientes para compensar a ampla vantagem de Dilma no Nordeste. Nos nove Estados da região, a petista conseguiu 11,7 milhões de votos a mais sobre Aécio. A presidente ganhou com folga (70,26% a 29,74%) até em Pernambuco, um dos dois Estados vencidos por Marina Silva (PSB) no primeiro turno - o outro, o Acre, na região Norte, foi conquistado por Aécio.

A vitória em Pernambuco mostra que Marina e o grupo político do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto durante a campanha, em agosto, não conseguiram transferir os votos que queriam para Aécio, apesar de todo o esforço com declarações de apoio na propaganda eleitoral. Com a morte de Campos, que figurava em terceiro lugar na corrida presidencial, a entrada de Marina em seu lugar representou uma das grandes reviravoltas da disputa. A ex-senadora chegou a empatar com Dilma, enquanto Aécio ultrapassou a presidente, ainda que dentro da margem de erro, nas primeiras pesquisas do segundo turno.

O PT conseguiu neutralizar o clima de mudança com sua forte base eleitoral no Norte e no Nordeste. Nas duas regiões mais petistas do país, as votações arrasadoras do PT se mantiveram. No Nordeste, Dilma avançou um ponto percentual, de 70,58% em 2010, para 71,62%. No Norte, foi cerca de meio ponto mais baixa e passou de 57,43% para 56,82%.

Ao Nordeste, juntou-se o Rio, terceiro maior eleitorado, onde o placar foi de 54,94% a 45,06%, com uma vantagem de 807.095 votos. O Estado, porém, manteve a trajetória de votações declinantes para o PT. A diferença, que foi de 57,9 pontos percentuais em 2002, de 39,4 em 2006, e de 21 em 2010, caiu para 9,8. O mesmo ocorreu no Amazonas, cuja vantagem de 61,1 pontos - a maior há quatro anos - agora foi de 27,9. (Colaboraram Vinicius Pinheiro e Adriana Aguiar-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

infográfico -G1
Nota do Blog: O Subtítulo é o título original

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