12 de dez. de 2014

GERENTE DA PETROBRAS ALERTOU DIRETORIA SOBRE DESVIOS NA ESTATAL, DIZ JORNAL


Venina Velosa da Fonseca relatou irregularidades à cúpula da petroleira.

A Informação foi publicada na edição desta sexta do jornal 'Valor Econômico'.



Antes mesmo de a Polícia Federal (PF) deflagrar em março a Operação Lava Jato, a diretoria da Petrobras já havia sido alertada diversas vezes sobre a ocorrência de irregularidades em contratos da estatal, informou nesta sexta-feira (12) reportagem do jornal "Valor Econômico". De acordo com a publicação, as advertências à cúpula da petroleira foram feitas pela ex-gerente executiva da Diretoria de Refino e Abastecimento da empresa Venina Velosa da Fonseca. Antiga subordinada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ela foi transferida para a Ásia após denunciar o esquema de corrupção e, posteriormente, foi afastada.

O jornal relata que, apesar das advertências, a direção da empresa não agiu para conter os desvios bilionários e ainda destituiu de seus cargos os executivos que tentaram barrar o esquema de corrupção.


Venina Velosa da Fonseca, então gerente executiva da Petrobras, discursa durante cerimônia no Palácio do Planalto de entrega conjunta do Prêmio Nacional da Gestão Pública, ao lado do ex-vice-presidente José Alencar, em março de 2007 (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo/Arquivo)

O "Valor Econômico" diz que a atual presidente da estatal Maria da Graça Foster foi informada das irregularidades por meio de e-mails e documentos enviados desde 2009, antes mesmo de ela assumir o comando da companhia, em 2012. Graça Foster, segundo o jornal, foi advertida a respeito de contratações irregulares na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento, administrada por Paulo Roberto Costa entre 2004 e 2012, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
O sucessor de Costa na diretoria da Petrobras, José Carlos Cosenza, também foi informado sobre os atos de corrupção. Cosenza é responsável pela Comissão Interna de Apuração de desvios na petroleira.

Afastada da Petrobras em 19 de novembro, Venina advertiu Graça Foster sobre a multiplicação de aditivos na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, empreendimento executado pelas empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Em 2014, disse o jornal, foram remetidas à presidente da Petrobras denúncias envolvendo os escritórios da estatal no exterior, porém, nenhuma providência foi tomada pelos dirigentes da petroleira.
A delatora, informou o "Valor Econômico", irá depor ao Ministério Público, em Curitiba, onde tramita a parte do processo da Lava Jato que está na primeira instância. O jornal afirma que ela começou a apresentar as denúncias na época em que ainda era subordinada a Paulo Roberto Costa, entre novembro de 2005 e outubro de 2009.
Documentos obtidos pelo "Valor" mostram, por exemplo, o pagamento de R$ 58 milhões para serviços que não foram realizados na área de comunicação da Diretoria de Refino e Abastecimento, gerida por Geovanne de Morais. Também apontam contratações atuais de fornecedores de óleo combustível das unidades da Petrobras no exterior que subiram em até 15% os custos.
Por meio de nota oficial, a Petrobras afirmou que instaurou comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar indícios de irregularidades em contratos e pagamentos efetuados pela gerência de Comunicação do Abastecimento. Além disso, a estatal ressalta que o ex-gerente da área, Geovanne de Morais, foi demitido "por justa causa", em 3 de abril de 2009, "por desrespeito aos procedimentos de contratação da companhia".
Conforme a empresa, a demissão não foi efetivada naquela ocasião porque seu contrato de trabalho estava suspenso, em razão de "afastamento por licença médica". A Petrobras destacou no comunicado que a demissão do executivo foi concluída em 2013.

Denúncias do MPF
Nesta quinta (11), o Ministério Público Federal do Paraná ofereceu denúncias contra 36 investigados na sétima fase da Operação Lava Jato.
Se o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância do Judiciário, aceitar as denúncias do Ministério Público, os investigados passarão à condição de réus no processo. A expectativa é que Moro aceite as denúncias até esta sexta-feira.

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