24 de jan. de 2015

PARA CIENTISTA, NOVA CHEIA DO MADEIRA COMPROMETE TESE SOBRE MOVIMENTO DO RIO

O governo acreano que prefere descartar a influência das usinas e usou a teoria de uma nova cheia somente em mais de cem anos em seu programa eleitoral de outubro passado, já se prepara para um plano de contingência para um eventual novo isolamento do Estado.

Passada as nuvens negras ocasionadas pela crise do desabastecimento de alimentos e combustíveis no Acre no primeiro trimestre de 2014 por conta da cheia do Madeira, alguns cientistas de plantão a serviço do governo trataram de amenizar os fatos. Segundo eles, eventos como estes são raros, ocorrendo em intervalos de tempo muito grande, chegando a até três séculos.
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Foto: Assessoria/UFAC

Mas com as águas do rio a menos de um metro de novamente deixar a BR-364 submersa, as teorias científicas estão com sua credibilidade ameaçada. Outro ponto que pode entrar como contradição é a afirmação de que as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio não exercem influência neste comportamento mais “agressivo” de um dos principais rios da Amazônia.
“Se ocorrer [uma nova invasão da rodovia pela água] abalará o pressuposto de alguns setores no sentido de que só se repetiria em 180 anos ou, mais ainda, 300 anos. Colocaria também em xeque a tese de que as duas usinas hidrelétricas construídas no rio Madeira, em Porto Velho, não influenciaram a cheia histórica de 2014”, diz o pesquisador Alejandro Fonseca Duarte, coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Federal do Acre (Ufac).
“No que diz respeito aos impactos sociais e ambientais das construções hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, o tempo e os estudos mostrarão o certo e o errado. Tais construções em redes de energia elétrica são sistemas complexos pela sua integração de partes e múltiplas interligações entre elas e o ambiente”, completa ele.
O governo acreano que prefere descartar a influência das usinas e usou a teoria de uma nova cheia somente em mais de cem anos em seu programa eleitoral de outubro passado, já se prepara para um plano de contingência para um eventual novo isolamento do Estado. Empresários do setor de alimentos fazem estoque para evitar o retorno do desabastecimento.

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