6 de jan. de 2015

TRABALHADORES DA VOLKSWAGEN ENTRAM EM GREVE APÓS DEMISSÕES


Cerca de 7 mil funcionários aderiram à paralisação nesta terça-feira (6).
Montadora demitiu 800 empregados por meio de carta no fim do ano.

Trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, participam de assembleia na sede da montadora e decidem entrar em greve em resposta à demissão de 800 funcionários da fábrica Anchieta (Foto: Nario Barbosa/Diário do Grande ABC/Estadão Conteúdo)

Trabalhadores da Volkswagen iniciaram uma greve na manhã desta terça-feira (6) em resposta à demissão de 800 funcionários da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

De acordo com a assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 7 mil empregados do primeiro turno aderiram à paralisação, de um total de 13 mil funcionários.

Interior da fábrica em São Bernardo do Campo
Em assembleia realizada às 7h desta terça-feira, os trabalhadores decidiram que a greve se estenderá por tempo indeterminado. O sindicato alegou que as demissões anunciadas nos dias 30 e 31 de dezembro, por meio de cartas, foram feitas de forma unilateral e sem negociação. Em torno de 11 mil voltavam esta semana de uma licença remunerada de quase 30 dias.

O sindicato diz ainda que outros cerca de 200 trabalhadores foram desligados da fábrica Mercedes-Benz, também em São Bernardo do Campo. A montadora confirma que houve demissões, mas nega que chegue a esse montante. No entanto, diz que não divulgará números por ora.

Vendas e produção em queda
No ano passado, as exportações foram prejudicadas com problemas na Argentina. Além disso, o Gol, modelo mais popular do Brasil há 27 anos, perdeu o reinado para o Fiat Palio no ano passado, conforme divulgado pela federação dos concessionários, a Fenabrave, nesta terça. A entidade também divulgou que as vendas de veículos no Brasil caíram pelo segundo ano seguido: em 2014, o recuo foi de 7,15%.

Tudo isto fez com que a produção encolhesse 15%, segundo a Volkswagen. Desde 2012, o governo brasileiro ofereceu incentivos tributários para o setor, por meio de desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em troca, as fabricantes deveriam manter o nível de emprego.

"Há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que infelizmente não se confirmaram. Quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística atingisse a marca de praticamente 4 milhões de unidades em 2014. O que ocorreu de fato foi uma retração para 3,3 milhões", explica a Volkswagen.

Unidade foi inaugurada em 1959 (Foto: Divulgação)
Anchieta
A planta na região metropolitana de São Paulo foi a primeira da Volkswagen fora da Alemanha e foi inaugurada em 1959. Com aproximadamente 13 mil funcionários, o local é responsável atualmente pela produção dos modelos Gol, Polo, Polo Sedan, Saveiro e Saveiro Cross.

De acordo com a empresa, a unidade tem um nível de remuneração médio acima dos principais concorrentes, inclusive os que estão instalados na mesma região. "As premissas de reajustes salariais que foram definidas com o objetivo de aumentar a competitividade da Anchieta infelizmente têm distanciado a companhia de suas principais concorrentes (que realizaram reajustes menores com base no cenário dos últimos 2 anos)."

Negociação
O Sindicato dos metalúrgicos do ABC diz que a empresa já havia informado que há um excedente de 2 mil trabalhadores na fábrica. Em dezembro, os trabalhadores rejeitaram proposta de mudanças em acordo com a companhia que previa estabilidade de emprego na unidade até 2016.
Segundo a Volkswagen, as conversas com o sindicato foram de julho a novembro, mas não houve acordo. A proposta da fabricante incluía programas de demissão voluntária com incentivo financeiro e “desterceirizações” temporárias para alocar de parte do excedente de pessoal, além de trazer perspectiva de novos produtos para a fábrica.

"Mas é claro que são necessárias contrapartidas para compensar os custos destas medidas, motivo pelo qual foram modificados os conceitos de reajuste de salários e participação nos resultados, mas com formas de compensação aos empregados, e com possibilidade de planejamento e maior tranquilidade para todos. Lamentavelmente, houve a rejeição da proposta em assembleia realizada em 2 de dezembro", afirmou a empresa em nota.

Fábrica de Taubaté
Na fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP), o sindicato local diz que negocia medidas para minimizar os impactos do possível fechamento do terceiro turno de produção e o destino de cerca de 1,4 mil trabalhadores. Naquela planta são fabricados Up!, Gol e Voyage.

Segundo o sindicato, cerca de 1.400 funcionários seriam afetados pela medida e precisariam ser remanejados nos outros dois turnos da fábrica.
Além de Taubaté e de São Bernardo do Campo, a montadora possui uma terceira fábrica, em São José dos Pinhais (PR).

Novo chefe
Desde 1º de janeiro, a Volkswagen do Brasil tem um novo presidente. Após 7 anos na liderança, Thomas Schmall deixou o cargo para assumir um posto no conselho da marca na Alemanha. Quem ocupa o cargo agora é David Powels, que chefiava as operações na África do Sul. Powels já trabalhou no Brasil, de 2002 a 2007, e chegou a exercer a função de vice-presidente de finanças e estratégia corporativa.

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