19 de out. de 2015

RJ: FAMÍLIA FICA TRÊS HORAS SOB ESCOMBROS DE EXPLOSÃO


Sete pessoas ficaram feridas; seis foram levadas para o hospital
 
Criança é resgatada por bombeiros na explosão que atingiu estabelecimentos comerciais e casas em São Cristóvão - Thiago Lontra

POR CÉLIA COSTA / GUSTAVO GOULART / ALESSANDRO LO BIANCO


A explosão que atingiu uma pizzaria na madrugada desta segunda-feira, em São Cristóvão, deixou oito pessoas feridas e, por enquanto, não há relatos de mortes. Sete foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Apenas duas permanecem em observação: uma menina de 9 anos e Manoel Lopes de Araújo, de 84. Ele teve ferimento nas pernas e está reclamando de muita dor. As vítimas da ocorrência contaram que viveram momentos de pânico. Uma família, formada por um casal e uma menina de nove anos, ficou três horas sob os escombros da explosão, esperando para ser resgatada pelos bombeiros.


— Ainda bem que a minha filha estava dormindo comigo e com meu marido. Se ela estivesse na caminha dela, poderia ter ficado ferida gravemente — disse a comerciante Ana Keila Magalhães de Araújo, de 38 anos, mãe de Beatriz, de 9. A família era dona de um restaurante, o Ipoeira, que foi totalmente destruído. Ela, que foi atendida e liberada no Hospital Souza Aguiar, está aguardando a saída da filha. A menina teve ferimentos leves na cabeça e, porque reclamava de muita dor, ficou em observação. O marido dela está na mesma situação.

Beatriz ficará em observação no hospital até as 17h. Ana Keila disse que o dono da pizzaria Dell’Arco, que foi o foco da explosão, armazenava cilindros de gás nos fundos do restaurante.

— Eu já o havia alertado sobre o risco, mas de nada adiantou. Os cilindros eram recarregados uma vez por mês. Não sei dizer quantos eram, mas a quantidade era grande — disse. Ela, o marido e a filha ficaram cerca de três horas sob os escombros e foram retirados por bombeiros.

Em entrevista à Rádio CBN, quando chegou ao Souza Aguiar, a menina contou como foram os momentos após a explosão. Beatriz disse que parte do guarda-roupa caiu sobre ela: "Meu pai, ele cavou um buraco para poder me tirar, porque eu estava soterrada, também com a minha avó, há um tempão. Meu pai conseguiu me levantar, aí os bombeiros chegaram. Quando eles chegaram, metade do muro da parede estava em cima da minha cabeça.”

A preocupação da menina era também com a escola. Na porta da emergência, perguntou para a mãe como ela iria para o colégio, já que tinha perdido todo o uniforme.

Ao sair do hospital, o pai de Beatriz, Valdecir Galdino da Silva, de 47 anos, disse que a filha ficou soterrada e que ele abriu um buraco nos escombros para que a menina pudesse respirar.

O filho de Manoel Lopes de Araújo, que também recebeu atendimento no hospital, teve alta por volta de 10h30m. Mauro Lopes de Araújo, de 44 anos, contou que mora em uma quitinete com o pai e os dois dormiam na hora da explosão.

— Acordamos debaixo dos escombros. Ficamos cerca de meia hora esperando para ser retirados. Meu pai dizia que estava morrendo. Pedi calma a ele e disse que os bombeiros estavam chegando. Ele estava com dificuldades para respirar — disse Mauro, que teve ferimentos leves, fez radiografias e não foram diagnosticadas fraturas.

A dona do restaurante Estrela de Lisboa, que fica próximo ao local da explosão, Maria Fernanda Lopes Marques, de 63 anos, lamentou a interdição do estabelecimento e disse que teve sorte de ficar viva. Ela mora em um imóvel nos fundos do restaurante com o marido e pensou tratar-se de uma ação de bandidos quando houve a explosão.

— Trabalho há 20 anos nesse lugar. É a primeira vez que vamos fechar as portas, mas é por uma questão de segurança. E é melhor que seja assim — disse a mulher, ao lado de aproximadamente 10 funcionários, que aguardavam para começar a trabalhar.

Uma das moradoras da vila que ficou destruída é Marlene Sangy Aires. A casa dela ficou destruída e ela relatou os momentos de desespero quando parte do teto caiu sobre a cama dos seus dois filhos.

— Foi desesperador! O teto caiu e meu filho de 21 anos conseguiu abraçar e proteger minha outra filha, de 17. Ficamos presos nos escombros e começamos a fazer sinais com a luz do celular e o resgate conseguiu nos achar e nos tirar lá de dentro. Meus filhos estão bem e minha família nasceu de novo — revelou.

Um outro morador da vila, que ficou completamente destruída, é o encarregado de solda Eronildo Soares, de 47 anos. A casa dele desabou completamente, mas ele conseguiu sair com vida e ainda ajudou a salvar outras pessoas.

— A minha casa começou a tremer, escutamos um barulho e um clarão em seguida. Quando o teto começou a desabar eu corri e, ao sair, vi uma casa já com a parede caída. Quando passei, uma parede da casa do vizinho caiu em cima da cama da esposa dele com a filha. Começamos a remover a parede. Não sei como tiramos força para conseguir. Retiramos as duas dos escombros e o Corpo de Bombeiros chegou em seguida — comentou.

O jornalista Marco Aurélio Júnior, que mora em um apartamento na Rua General Bruce, que fica a 1 quilômetro da pizzaria, disse que ouviu estrondos de casa. Ele pediu pizza na Dell'Arco ontem à noite.

— Peço toda semana. Jamais imaginaria que um acidente de tamanhas proporções aconteceria ali.

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