23 de dez. de 2015

BC VÊ INFLAÇÃO ACIMA DO CENTRO DA META EM 2017 E REFORÇA CHANCE DE ALTA DE JUROS EM JANEIRO




Por Marcela Ayres e Camila Moreira - O Banco Central já não vê a inflação no centro da meta em 2017, destacando em seu Relatório de Inflação que conduzirá uma política monetária "especialmente vigilante", o que fortalece a possibilidade de novo aumento de juros já na próxima reunião do Copom, em janeiro.


Diante da crescente desancoragem das expectativas do mercado para o avanço do IPCA, alimentada por conturbado ambiente político e fiscal no Brasil e por um ajuste de preços relativos considerado mais demorado e intenso, o Banco Central havia esticado em outubro o horizonte de convergência da inflação a 4,5 por cento para 2017 ao invés de 2016.

Mas no documento divulgado nesta quarta-feira, passou a ver o IPCA a 4,8 por cento em 2017. No último relatório, de setembro, o BC enxergava o índice em 4,0 por cento no terceiro trimestre de 2017.

Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, essa é a grande novidade do documento. "Consolida a percepção de que vão subir a Selic de novo no começo do ano", disse.

Desde julho a taxa básica de juros segue em 14,25 por cento ao ano, maior patamar em nove anos. O BC vinha mantendo a Selic inalterada apesar da deterioração das expectativas para a inflação, contando com a fraqueza econômica para o arrefecimento dos preços domésticos.

"Achamos que aumentou bastante a probabilidade de elevar os juros no início do ano", disse o economista sênior do banco de investimento Haitong, Flávio Serrano, que antes do relatório ainda previa estabilidade da Selic, mas que agora vai mudar sua projeção.

"Parece que o BC vai fazer ajuste para reduzir a probabilidade de estourar o teto da meta (em 2016). Então a gente acha muito provável subir a taxa de juros em janeiro, com ciclo modesto, de 125 pontos", acrescentou.

No relatório, o BC reconheceu que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória de preços, mas reafirmou que "que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos". 

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