24 de ago. de 2016

MERCOSUL BAGUNÇADO


Em reunião, sócios do Mercosul defendem colegiado no comando
Só falta aval do Uruguai para proposta de Brasil, Argentina e Paraguai
   
ELIANE OLIVEIRA / JANAÍNA FIGUEIREDO  - BRASÍLIA e BUENOS AIRES - Brasil, Paraguai e Argentina estão prontos para colocar em prática, imediatamente, um plano de emergência para que o Mercosul não fique acéfalo até o fim do ano. Falta apenas o Uruguai dar o sinal verde para que o bloco passe a ser dirigido por uma espécie de colegiado composto por representantes dos quatro países fundadores. A expectativa é que o governo uruguaio dê uma resposta ainda hoje.

O acerto foi feito ontem, em Montevidéu, durante reunião entre os coordenadores do Mercosul dos quatro países, que durou praticamente todo o dia. A crise no bloco foi desencadeada pela decisão do Uruguai de transferir, em julho, a presidência pro tempore para a Venezuela, apesar da oposição dos governos de Brasil, Paraguai e Argentina. A presidência do bloco é temporária, cada mandato dura seis meses e a sucessão se dá por ordem alfabética. Assim, em janeiro de 2017, a Argentina assume o posto.

— Passamos o dia discutindo sobre como lidar com essa questão da Venezuela — disse uma fonte que esteve no encontro.

Segundo essa fonte, durante a reunião, os representantes dos quatro países concordaram que a Venezuela não cumpriu os requisitos previstos no protocolo de adesão ao bloco, para se tornar membro pleno. Os critérios são técnicos e políticos, uma vez que uma das acusações a Caracas é que há falhas no sistema democrático e de respeito aos direitos humanos. Os venezuelanos poderão ser rebaixados a associados ao Mercosul — como Chile e Bolívia — ou mesmo suspensos da união aduaneira.

De acordo com o vice-chanceler paraguaio, Rigoberto Gauto, o governo venezuelano, apesar de ter sido convidado, não enviou representantes ao encontro. Gauto explicou que os técnicos dos países fundadores do Mercosul levarão sugestões aos respectivos chanceleres do bloco sobre como agir em relação à Venezuela.

CARACAS CRIA AGENDA

Ontem, o Parlamento do Paraguai condenou “as violações dos direitos humanos e da democracia” na Venezuela e a atitude do país em relação ao Mercosul. O governo do presidente Horacio Cartes foi, desde o começo da crise, um dos mais duros com Caracas.

— Sentimos um pouquinho sua falta, teria sido bom que tivesse vindo, para falarmos sobre todos os temas que estão em debate — declarou o vice-chanceler paraguaio.

Além de não ter ido à reunião, o governo do presidente Nicolás Maduro publicou uma agenda de futuros encontros em Caracas, aos quais a Venezuela diz que deveriam comparecer os sócios do bloco. Assim ocorre quando um país tem a presidência pro tempore do Mercosul. Porém, Brasil, Argentina e Paraguai não reconhecem o comando dos venezuelanos

Mais uma vez, a pressão da ala liderada pelo senador e ex-presidente uruguaio José Mujica é forte dentro de seu país e da aliança de governo e explica, em grande medida, a posição do governo do presidente Tabaré Vázquez em relação à situação da Venezuela no bloco. Segundo fontes uruguaias, Vázquez estaria disposto a aceitar a agenda de trabalho proposta por Caracas.

Ontem, líderes opositores venezuelanos criticaram as ações do país no Mercosul. O governador do estado Miranda e ex-candidato presidencial, Henrique Capriles, disse no Twitter:“é imoral que a Venezuela presida o Mercosul, agradeço as posições de Brasil, Argentina e Paraguai".

Nota do Blog: O subtítulo é o título original

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