22 de out. de 2016

MOODY'S ELEVA RATING DA PETROBRAS; DIRETOR CELEBRA MELHORA NA PERCEPÇÃO


Funcionário pinta tanque de armazenagem da Petrobras 
em Brasília, no Brasil
Ueslei Marcelino
Marta Nogueira, com reportagem adicional de Luciano Costa - A agência de classificação de riscos Moody's elevou nesta sexta-feira o rating da Petrobras de B3 para B2 e mudou a perspectiva de negativa para estável, por melhorias no perfil de liquidez da companhia e no ambiente regulatório do Brasil nos últimos meses, após o impeachment de Dilma Rousseff.

Apesar da melhora, o rating da Petrobras ainda continua sendo grau especulativo --o que significa que a companhia potencialmente enfrenta condições mais difíceis para fazer captações de títulos--, uma situação vivenciada há algum tempo, desde que a petroleira viu suas finanças se deteriorarem em meio a um escândalo de corrupção, elevado endividamento e queda nos preços do petróleo.

A Moody's explicou que a perspectiva estável da Petrobras indica que, nos próximos 12 a 18 meses, a liquidez da companhia e riscos de crédito em geral vão melhorar gradualmente, apoiados pelo enfoque na melhoria das operações e alocação de capital, refinanciamento da dívida e vendas de ativos adicionais.

Fatores externos, como melhoria do sentimento do mercado em relação ao Brasil, após o impeachment de Dilma, e a consequente valorização do real ante o dólar também contribuíram com a melhoria do perfil da empresa, de acordo com a Moody's, que citou fatores para a redução dos custos, de despesas de capital e da alavancagem.

"O risco de liquidez da Petrobras tem diminuído ao longo dos últimos meses com as vendas de 9,1 bilhões de dólares em ativos até agora em 2016 e os cerca de 10 bilhões de dólares em títulos trocados durante terceiro trimestre, o que estendeu o perfil de vencimento da dívida da empresa", afirmou a Moody's.

A agência de classificação de risco destacou que antes das últimas emissões de títulos em maio e julho, a petroleira não acessava mercados de capitais desde junho de 2015, devido ao baixo apetite de crédito para a indústria de petróleo e gás e a própria Petrobras, e também pelo risco do Brasil.

BOA NOTÍCIA

A notícia foi considerada "ótima" e bem-vinda pelo diretor de Estratégia da petroleira estatal, Nelson Silva.

"É muito positivo ver que já existe uma percepção mais positiva com relação à qualidade de crédito da Petrobras", disse o executivo a jornalistas, após participar de evento do setor de infraestrutura em São Paulo. 

Silva, entretanto, ponderou que a petroleira estatal tem ainda muito trabalho pela frente.

"Temos ainda que executar o plano, entregar os resultados e esperamos que a percepção vá melhorando ao longo do tempo."

A Moody's, por sua vez, também ressaltou que os desafios da Petrobras permanecem significativos.

Em 30 de junho, as dívidas da Petrobras com vencimento no restante de 2016, e nos anos fiscais de 2017 e 2018, era 5,2 bilhões de dólares, 8,1 bilhões de dólares, e 14,3 bilhões de dólares, respectivamente, somando 27,3 bilhões de dólares nos próximos dois anos e meio, observou a agência.

Além disso, a Moody's destacou ameaças à liquidez, como passivos fiscais, potenciais atrasos no plano de vendas de ativos e as ações movidas por acionistas minoritários nos Estados Unidos, devido ao escândalo bilionário de corrupção que envolveu ex-executivos da companhia.

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