5 de jun. de 2018

Hospital do Juruá demite mais de 30 e sindicalista chama população contra perseguição



Assem Neto - A direção do Hospital do Juruá continua se negando a apresentar a prestação de contas dos recursos federais e estaduais recebidos. A unidade é gerida pela Associação Nossa Senhora da Saúde (Anssau), ligada  à Igreja Católica. Uma greve que já dura duas semanas terá desdobramentos nesta terça-feira (5), com uma audiência pública em que a sociedade terá a oportunidade de cobrar transparência no uso dos recursos públicos e mais respeito nas relações com os trabalhadores.

A Anssau é acusada de firmar acordos individuais de trabalho aumentando a jornada de trabalho. Os trabalhadores deveriam ser demitidos caso não assinassem documentos com as condições impostas pelo hospital.Vinte e cinco técnicos e um enfermeiro foram desligados do serviço público nos últimos dias. Outros seis ja foram avisados que estão demitidos.

O Spate, sindicato que representa enfermeiros, técnicos e auxiliares, apurou que a perseguição aos profissionais de saúde alcançou níveis inadmissíveis. Uma comissão de sindicalistas foi proibida de entrar na unidade para comprovar que o quantitativo mínimo de trabalhadores, especificado em lei, estaria sendo cumprido. Outros grevistas também foram barrados e avisados que sofreriam as consequências por apoiarem o movimento. A falta de medicamentos também foi denunciada, o que dificulta o trabalho dos enfermeiros e a recuperação dos pacientes.

“Nós sabemos que a direção do hospital vai acusar o movimento de não permitir o número mínimo de trabalhadores. Por isso houve essa decisão absurda de proibir que os sindicatos cumpram sua obrigação. Esclarecemos que a lei de greve está sendo obedecida e quem não veio para a greve está com medo de ser demitido, a exemplo do que aconteceu no passado. Para a nossa surpresa, todas as arbitrariedades, inclusive a demissão de 25 técnicos e enfermeiros, é uma medida covarde do governo. Quando anunciaram o desligamento de seis técnicos e dois enfermeiros o representante da Sesacre no Vale do Juruá estava presente. Esperávamos que ele protegesse os trabalhadores, mas isso não aconteceu”, declarou Rosa Nogueira, presidente do Spate.

A sindicalista tem cobrado posição do Coren, o Conselho Regional de Enfermagem, ao qual cabe  fiscalizar as unidades de saúde, mas não obtém a resposta que os trabalhadores tanto aguardam. O Ministério Público e o Conselho Estadual de Saúde precisam se manifestar sobre “todos esses absurdos”, entende Rosa Nogueira.

A audiência pública será a partir das 16 horas no Auditório do Centro de Referência e Inovação para a Educação, em Cruzeiro do Sul.

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