9 de out. de 2018

Gestor do Alaska explica por que a Faria Lima se converteu a Bolsonaro


Henrique Bredda é apenas um dos gestores que mais ganhou dinheiro na Bolsa desde 2016 e também é conhecido por suas postagens pró-Bolsonaro no twitter; ele escreveu uma coluna com exclusividade ao InfoMoney explicando por que o mercado financeiro abraçou o deputado

Jair Bolsonaro (Gabriela Korossy/ Câmara dos Deputados)


Como explicar por que tanta gente demorou para perceber o "fenômeno Bolsonaro"? Concorde ou não com as ideias do candidato do PSL, o fato é que a onda conservadora colocou o deputado a um passo da Presidência da República, além de ter ajudado a eleger 52 deputados do partido e tantos políticos que declararam apoio.

A resposta para a pergunta está com Henrique Bredda, gestor de um dos fundos de ações que mais lucrou no Brasil nos últimos anos e um dos primeiros investidores profissionais que começou a ver com bons olhos as ideias econômicas de Bolsonaro.

Bredda enviou com exclusividade ao InfoMoney sua análise sobre como nasceu esse fenômeno Bolsonaro e por que os investidores que habitam a Faria Lima abraçaram de vez o candidato. Mas antes do texto, uma breve apresentação para quem não conhece o Henrique Bredda.

Bredda é gestor do fundo de ações Alaska Black, que de janeiro de 2016 pra cá teve ganhos de impressionantes 305%, bem acima da alta de 83% do Ibovespa.

Importante ser dito que o fundo carrega uma boa dose de "emoção" na sua cota, com uma volatilidade acima da média da indústria. Por isso o Alaska Black é uma ótima opção para quem quer ter uma "pimenta" na carteira de investimentos - mas como toda pimenta, coloque uma quantidade que não te faça se arrepender depois.

Mas Bredda não é famoso apenas pela impressionante performance de seu fundo, e quem segue sua conta no twitter sabe bem o motivo. Um dos primeiros profissionais da indústria de fundos a "quebrar a casca" que dividia o buy side do investidor de varejo, ele atraiu muitos fãs (e alguns haters também) pelas suas postagens favoráveis a Bolsonaro.

Em julho, por exemplo, o gestor revelou que teve um encontro com Bolsonaro e ficou com uma ótima impressão dele, gerando forte reação de apoiadores e desafetos do candidato.

A saber: o fundo Alaska Black está aberto para aplicação em várias plataformas, como a XP Investimentos. Se você quer investir no fundo, clique aqui e abra sua conta gratuitamente na XP.

E para quem quiser conhecer Bredda pessoalmente, ele será um dos palestrantes do evento que o InfoMoney fará parte e acontecerá nesta quarta-feira (10) na sede da Fecomercio em São Paulo. O evento é gratuito, mas as vagas são limitadas. Veja aqui como assistir.

Confira a análise de Henrique Bredda enviada ao InfoMoney:

"Ainda teremos o 2º turno pela frente, mas o que vimos até aqui já foi histórico. Vários conceitos, antes tidos como verdades absolutas pelos especialistas em 'ciência política', foram destruídos. Na eleição presidencial vimos as principais vantagens, tidas como essenciais, serem reduzidas em frangalhos: tempo de TV, coligações, dinheiro para a campanha, estrutura e tradição partidária. Fosse tudo isso importante, não teríamos Jair Bolsonaro do PSL com 46,2% e Geraldo Alckmin (PSDB) com 4,8%. Foram quase 10 vezes mais votos para o candidato sem dinheiro, sem estrutura partidária, sem tempo de TV, sem coligações e sem nunca ter disputado uma eleição presidencial.

Alckmin teve um arsenal invejável ao seu dispor: tempo de TV infindável, muito dinheiro a disposição, conseguiu a maior coligação entre todos - atraindo o tão desejado 'Centrão' - e representou o PSDB, um partido que disputou competitivamente todas as eleições presidenciais desde o Plano Real, chegando sempre entre os dois candidatos mais votados. Alckmin teve ainda um dos melhores track records no currículo: foi por diversas vezes governador do mais rico estado do Brasil, tendo vencido todas as eleições com grande facilidade.

O que aconteceu então? A eleição para governador de São Paulo nos dá uma pista: Dória terminou em 1º, sendo o representante do PSDB, no estado com tradição tucana, mas Bolsonaro ganhou com folga no mesmo estado. Essa é a prova que o eleitor não é ideologicamente ligado a partidos. O eleitor define o seu voto nome a nome. E nessa eleição em especial, ter o nome conhecido ou ser político da velha guarda não significou se sair bem. A população quer renovação. O povo não gosta do que está vendo e quer trocar. Doria é um 'new face', mesmo sendo do PSDB. Alckmin não. Bolsonaro, por mais que esteja há quase 30 anos no Congresso, é uma pessoa nova para a maioria da população e se posiciona claramente anti-establishment.

Outra característica presente em todas as eleições, e fica agora a grande dúvida depois do fiasco que vimos nessas eleições de 2018, foram as pesquisas eleitorais. Qual a real utilidade? São críveis? O mercado balançou vigorosamente a cada nova pesquisa, principalmente a do Datafolha e do Ibope. Dezenas de bilhões de reais em valor de mercado foram retirados e acrescidos nas mais diversas companhias de acordo com as intenções de voto. E por mais que esses institutos tenham corrido nos últimos dias para 'ajustar' os números de intenções de voto do Bolsonaro, eles ficaram várias 'margens de erro' erradas. Bolsonaro veio muito acima do mais otimista cenário previsto anteriormente, e acrescido ainda de algumas 'margens de erro' a mais. Foi surreal o erro. Diria que esse 'erro' se estenderá no 2º turno novamente.

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Do ponto de vista prático, pensando no Congresso, onde as maiores batalhas para aprovação de reformas que o país tanto precisa serão travadas, temos excelentes notícias. Políticos que poderiam atrapalhar o avanço do país ficaram de fora: Suplicy, Lindbergh, Dilma, Requião, Wadih Damous, Vanessa Graziotin, Vicentinho, Jorge Viana etc... Já outros alinhados com o avanço do país entraram: Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Kim Kataguiri, Carla Zambelli, entre outros. A população quer renovação e se cansou da hegemonia da esquerda. Quer renovação, e é pela direita. No 2º turno, Bolsonaro começa com uma enorme vantagem. Receberá uma migração natural de eleitores anti-petista do Alckmin, Amoedo, Meirelles, Marina e até do Ciro Gomes. E não adianta o candidato que ficou fora do 2º turno pedir voto pro Haddad ou pro Bolsonaro: o eleitor brasileiro é independente.

Segunda-feira os mercados devem abrir comemorando a grande vantagem do Bolsonaro frente ao Haddad, comemorando o fato do Ciro Gomes estar fora do 2º turno (cenário mais temido pelo mercado) e comemorando (por que não?) o fato de Suplicy, Lindbergh, Dilma, Requião e tantos outros saírem de cena e não poderem atuar contra as tão necessárias reformas.

É jogo de ida e volta, mas podemos dizer que Bolsonaro ganhou de goleada fora de casa no jogo de ida, contra todas as previsões dos especialistas, desde os que falavam em desidratação, até os que nem sequer o levavam a sério. No jogo de volta agora, terá igual condição naquilo que ainda não teve: tempo de TV para que a população o conheça um pouco mais de perto e desmistifique as impressões ruins que as campanhas difamatórias ininterruptas por ventura tenham lhe dado.

Estou particularmente curioso para saber o posicionamento oficial do PSDB e do NOVO: Bolsonaro, PT ou em cima do muro. Veremos.

Bom 2º turno a todos.

Henrique Bredda"

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