14 de fev. de 2009
Brasil Invadido
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirma que o Brasil está ameaçado por uma invasão do maior exército do planeta - 72 milhões de pessoas que não vão precisar cruzar a fronteira, porque nasceram aqui mesmo.
Sem saber, vão destruir o país em poucas décadas. Em 30 anos, prevê o senador, vamos estar ainda mais mergulhados na violência, na corrupção, na baixa produtividade da economia, nas desigualdades e sem possibilidade de criar conhecimento e gerar capital. Um perigo iminente, identificado não por superes piões ou estrategistas da ABIN, Polícia Federal ou do Itamaraty, mas pelo TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL.
O TSE, ao examinar as fichas dos 104 milhões de eleitores, descobriu que 72 milhões não concluíram o ensino fundamental, o antigo primário - são analfabetos funcionais. E desses, quase 29 milhões são analfabetos. Quer dizer, 70% dos que elegem o presidente da república, teoricamente tem pouco discernimento para isso. O senador conclui que se algum país tivesse um plano para reduzir o Brasil a escravo, 'não teria estratégia melhor do que abandonar a educação de nosso povo, como nossos próprios dirigentes fizeram ao longo de décadas'.
Lembra o senador que, com isso, até a democracia fica combalida. O eleitor, sem alternativas de emprego e renda, vota em quem resolver suas necessidades imediatas. Vota em quem lhe der um remédio, em vez de votar em quem tem um plano de longo prazo parar resolver os problemas da Saúde. Esse eleitor fica tentado, por necessidade, a vender o voto por um favor ou um emprego, e acaba aderindo a cultura da corrupção - e não vê problema em o político também se aproveitar da situação. Sem mão-de-obra qualificada e sem estar preparado para os novos empregos, trabalhadores e empresas perdem, e o país fica sem condições de concorrer no mundo de hoje. As desigualdades aumentam e também a insegurança, porque as pessoas sem renda ficam mais suscetíveis de cair em tentação. A impunidade para os pequenos crimes é incentivo para os maiores.
As pessoas que receberam educação parecem não perceber os riscos dessa invasão. Algumas, não querem mudanças para continuar a explorar a mão-de-obra desqualificada e barata; outras, não querem mudanças para continuar usando eleitores como massa de manobra da demagogia; muitos defendem o voto do analfabeto sem querer erradicar a ignorância; outros querem transferir o capital do patrão para as mãos dos trabalhadores - mas não defendem que a escola do filho do patrão seja tão boa quanto a do filho do operário, como sugere Cristovam, numa forma de igualar as pessoas que não seja pelo racismo das cotas. O senador lembra que aos eleitores sem alternativas se devem perdoar os erros; mas aos eleitores educados 'não há perdão pela imoral tolerância com a mãe de todos os problemas: o abandono da educação'.
Cristovam Buarque, quando reitor da Universidade de Brasília, morou na sua própria casa, em pequeno apartamento quase vizinho ao meu. E ainda mandou leiloar o apartamento funcional que havia, destinado ao reitor.
Como candidato a presidência da república teve, na última eleição, 2,5% dos votos, mostrando o que pensam os eleitores brasileiros a respeito da única arma capaz de conter a invasão que pode nos destruir.
Alexandre Garcia
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