
Numa noite nevoenta, um velho pirata se aproximou mancando de uma obscura taverna próxima às docas. Ele tinha uma perna de pau, um gancho no lugar da mão e um sebento tapa-olho. Sentou-se diante do balcão do bar logo ao lado de um rapaz e mandou vir uma cerveja. Pouco depois, o jovem e curioso mancebo educadamente interpelou o lobo do mar quanto aos motivos de ele ostentar aquela perna de pau.
O pirata fungou, pigarreou e respondeu:
— Bem, um dia eu estava de pé no convés de meu navio durante uma terrível tempestade e uma onda gigantesca me arrastou para o mar. Antes que me desse conta, um maldito tubarão surgiu dentre as vagas e arrancou a minha perna.
Impressionado mas não satisfeito, o enxerido jovem perguntou logo em seguida como foi que o pirata havia perdido a mão. Pacientemente, o flibusteiro explicou com voz cavernosa:
— Há muitos anos, estava eu lutando com meu sabre contra quatro britânicos asquerosos e um dos cretinos cortou-me a mão direita com um golpe de espada. Por sorte escapei com vida. Mais tarde, como não puderam me encontrar uma outra mão, puseram-me este pontiagudo gancho no lugar.
Meio pasmo, o intrometido rapazote, em sua incontrolável bisbilhotice, indagou sobre como o pirata havia perdido o olho direito. O pirata baixou a cabeça e respondeu grave:
— Estava de pé no convés e o mar estava calmo. Por algum motivo olhei para o alto e uma gaivota fez cocô no meu olho.
O gargajola, confuso com a resposta do pirata, rebateu:
— Mas ora, só isso? Nenhuma estória fantástica? Simplesmente um cocozinho de pássaro lhe cai no olho e o senhor perde a vista? Como é que pode?
E o pirata, com voz baixa, complementou:
— Era o meu primeiro dia usando o gancho.
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