22 de fev. de 2009

Pra quem achava que ia mudar alguma coisa.

Obama decide enviar mais 17 mil soldados ao Afeganistão

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira o envio de mais 17 mil soldados para o Afeganistão, afirmando que a decisão é motivada por “necessidades urgentes de segurança”.

“A situação no Afeganistão e no Paquistão pede atenção urgente e ação rápida. O Talebã está ressurgindo no Afeganistão e a Al-Qaeda apoia a insurgência, ameaçando os Estados Unidos de seus esconderijos ao longo da fronteira paquistanesa”, disse o presidente em um comunicado divulgado pela Casa Branca.

Obama afirmou que a decisão foi tomada após um pedido do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. Segundo uma nota divulgada pelo Departamento de Defesa, duas brigadas - uma de fuzileiros navais e outra do Exército - serão enviadas ao país ainda em 2009. “De acordo com a decisão do presidente Obama, o secretário Gates ordenou o envio de mais de 12 homens ao Afeganistão (…). Um destacamento adicional de cerca de 5 mil soldados para dar apoio às forças de combate receberá as ordens para se mobilizar em uma outra data”.

O comunicado do Departamento de Defesa afirma que 8 mil fuzileiros navais serão enviados ao país no final da primavera (do hemisfério norte) e outros 4 mil soldados serão enviados ao Afeganistão no verão de 2009. Este é o primeiro anúncio de um grande envio de tropas para o país desde que Obama tomou posse, no último dia 20 de janeiro, e pode representar o início de uma mudança da política americana em relação ao Afeganistão. “O aumento (de tropas) é necessário para estabilizar a situação crítica no Afeganistão, que não recebeu a atenção estratégica e os recursos para suas necessidades urgentes. É por isso que eu ordenei a revisão de nossas políticas quando cheguei ao cargo”, disse Obama no comunicado, onde ainda afirmou que o aumento de tropas no país foi possível graças à diminuição das forças no Iraque.

Durante a campanha presidencial, Obama prometeu focar os esforços de defesa dos EUA no combate ao Talebã e à Al-Qaeda no Afeganistão.

Ele chegou inclusive a classificar a atenção que o governo de seu antecessor, George W. Bush, deu à Guerra no Iraque como uma “distração”. Os Estados Unidos têm atualmente cerca de 14 mil homens servindo no Afeganistão sob o comando das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Outros 19 mil soldados estão sob o comando americano com a função de combater insurgentes do Talebã e da Al-Qaeda.Informações dão conta que o comando americano no Afeganistão havia solicitado um envio de mais 30 mil soldados ao país.

O anuncio de Obama foi feito no mesmo dia em que a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório onde afirma que o número de civis mortos em conflitos no Afeganistão subiu 40% em 2008. De acordo com a ONU, militantes foram os culpados por 55% destas mortes. Tropas americanas, membros da Otan e forças afegãs foram os responsáveis por 39%. Segundo o documento, o número de civis mortos é o maior desde que o Talebã foi derrubado do poder no país, em 2001.

…e porta-voz do Taleban sugere aos EUA que preparem caixões para os soldados

Adriana Carranca - enviada especial de O Estado de S. Paulo

CABUL - “Estamos muito próximos da vitória”, disse ao Estado o porta-voz do grupo Zabiullah Mujahid. “Graças a Deus, nossos soldados mataram 5.220 estrangeiros e 7.571 das forças afegãs, destruíram 31 helicópteros e 2.818 veículos militares em 2008″, assegurou. Mas os números oficiais são bem menores. Com medo de ser localizado, o próprio Mujahid telefonou à reportagem do Estado três vezes para responder à entrevista, cada vez de um número diferente - sem permitir que a ligação durasse mais que cinco minutos. A seguir, trechos da entrevista feita com a ajuda do tradutor e jornalista afegão Farhad Peikar.

Quem são os taleban hoje?

Somos os mesmos e mantemos a mesma estrutura de antes. Nosso querido mulá Omar continua sendo o líder supremo, mulá Brodar continua entre nossos irmãos, mas não posso lhe dar os nomes de outros líderes. Todas as decisões são tomadas por esse conselho de comandantes. E temos governadores em distritos e províncias. Temos o apoio de toda a nação muçulmana afegã.

O que o Taleban quer dessa guerra?

O principal objetivo de nossa jihad (guerra santa) é libertar o Afeganistão das mãos dos infieis e aplicar a sharia (a rigorosa lei islâmica) em nosso país.

Quem são os infieis?

Ora, os americanos e seus escravos afegãos.

Quem financia o Taleban e a insurgência?

O Taleban não precisa de suporte financeiro e temos armas suficientes dos tempos da jihad contra os russos e do nosso governo. Além disso, nossos soldados não lutam por um salário, mas por Deus e o Islã, e são alimentados pelo povo afegão, que os acomodam em suas casas.

Os Taleban são acusados de envolvimento com o narcotráfico…

Isso é tudo propaganda de nossos inimigos, eles é que se beneficiam do ópio. Durante nosso governo, nós banimos o ópio.

Os taleban estão preparados para o aumento das forças estrangeiras?

Não se esqueça de quantos soldados os russos tinham. Diga a eles que já preparem caixões para seus 30 mil soldados, ou quantos forem. Quanto mais soldados, melhor, pois teremos a oportunidade de causar mais mortes. Seu fracasso é inevitável, é só uma questão de tempo.

Quantos distritos e províncias os taleban controlam?

Controlamos a maior parte do Afeganistão. Os americanos e seus escravos estão apenas nas grandes cidades, escondidos em seus prédios oficiais, é claro (gargalhadas).

Quais seriam as demandas do Taleban para aceitar negociações?

Só queremos uma coisa: todas as forças estrangeiras fora do país para que a sharia seja aplicada.

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