Ateneia Feijó - A expectativa de vida aumentou, a taxa de fecundidade diminuiu e a maioria da população brasileira está na faixa etária economicamente ativa. Quer dizer, essa maioria superou a fase da infância, da adolescência e está adulta. Demograficamente, ainda não chegou à velhice.
Se os governantes forem sábios, aproveitam o momento deste “bônus demográfico”.
Mas para isso têm que trabalhar de verdade. Fazer reformas que modernizem o país e investir obsessivamente em educação. Até porque esse “bônus” acontece uma única vez. No Brasil, segundo especialistas, deve ocorrer por mais uma ou duas décadas e só.
Daí em diante, de acordo com as projeções, esta nação vai começar a envelhecer mais rápido do que se imaginava. Ao contrário da população francesa, que envelheceu lentamente.
Não, não há nada de errado na precocidade do envelhecimento demográfico brasileiro. Pelo contrário, aumentam as possibilidades para planejamento, projetos e realizações de bem-estar. Ou seja, ampliam-se as chances de sustentabilidade.
O problema é a população ficar velha sem infraestrutura, sem educação e sem poupança. Ou seja, tristemente decrépita.
Não é pessimismo... É um alerta para autoridades governamentais que se recusam a pensar nas prioridades de longo prazo. Desprezam pesquisas e estudos que anteveem o que pode acontecer. Não dão importância nem utilizam dados do IBGE. Ignoram o significado de um futuro nacional com menos bebês e com adultos vivendo por muito mais tempo.
De acordo com cálculos técnicos, é provável que 30 milhões de pessoas daqui a oito anos estejam com mais de 60 de idade. O que não é nada demais. Hoje, a nossa probabilidade de tempo de vida já é de 74 anos.
O que impressiona é a maior parte dos governantes não mudar de estilo. Continua a prometer e prometer.
Qualquer coisa, de qualquer jeito, que acaba não sendo nada. O Pré-Sal e a turma do olho grande no petróleo, lá no subsolo, é um exemplo. Cadê a preocupação com as próximas gerações quando não houver mais o que tirar lá debaixo?
Sem educação, elas não vão se capacitar para uma economia mais produtiva. Sem a qual não haverá possibilidade de um envelhecimento digno, com idosos saudáveis, atualizados e a fim de se manter ativos. Paradoxalmente, se estará acelerando o país para o atraso.
No período dos anos 1970 e 1980, a maior parcela dos brasileiros tinha entre zero e 20 anos. Em 2020, eles continuarão numerosos. Porém, já serão formadores de um novo perfil de sociedade. Qual?
Ateneia Feijó é jornalista/ blog do Noblat
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