5 de abr. de 2013

NA CAPITAL DO TOMATE , INFLAÇÃO É IGNORADA

INFLAÇÃO DO TOMATE: Caixa já chega a custar R$ 120. 'Você passa no comércio, vê o lojista feliz como faz tempo não via. Agora, se você vir alguém rindo sozinho, pode saber que é tomateiro', diz técnico agrícola de Ribeirão Branco, 'capital do tomate'.


JOSÉ MARIA TOMAZELA, SOROCABA - O Estado de S.Paulo - Se os preços altos no supermercado indicam que a inflação está querendo voltar, não culpem o tomate. Pelo menos não na frente do agricultor Lindomar David, de 33 anos, produtor rural em Ribeirão Branco, no sudoeste paulista, considerada a "capital do tomate" - o município responde sozinho por 20% da produção do Estado. Embora a leguminosa, que no ano passado não custava mais que R$ 3 o quilo, já esteja valendo até R$ 12 nos supermercados de São Paulo, ele acha que o preço é justo.

"Ano passado vendi tomate a R$ 5 a caixa de 25 quilos para não ter de jogar fora e ninguém tomou minhas dores. Agora, é a nossa vez", afirma David.

Os 600 produtores locais vão colher 3,3 milhões de caixas, mesma produção do ano passado. A diferença é o preço: enquanto em 2012 teve produtor jogando tomate no lixo, este ano até o fruto pequeno ou manchado passou a ter valor comercial.

David cultiva 15 mil pés e está na metade da colheita. A produção de quatro plantas, suficiente para encher uma caixa, valia ontem R$ 100 na lavoura. Ele já sabe o que vai fazer com o dinheiro da super safra: "Investir na plantação, melhorar o sistema de irrigação, comprar um trator."

David está há 15 anos na atividade e não se lembra de outra safra tão boa. O irmão dele, Leomar, começou a plantar há dois anos e já se deu bem. "O tomate escolhido chega a R$ 120 a caixa", diz.

Chuvas. O dinheiro do tomate irriga a economia da cidade de 18.272 habitantes. "Você passa no comércio, vê o lojista feliz como faz tempo não via. Agora, se você vir alguém rindo sozinho, pode saber que é tomateiro", brinca o técnico agrícola Cléberson de Siqueira Gomes, da Secretaria Municipal de Agricultura.

Segundo ele, o tomate está caro porque as safras de outras regiões que abastecem São Paulo, principalmente a de Goiás e, em menor escala, a do Paraná e Santa Catarina, tiveram grandes perdas em razão das chuvas.

"Fora de São Paulo, muito tomate estragou no pé. Aqui, tivemos sorte, pois as chuvas foram mansas", diz Gomes. Até nisso o produtor paulista saiu ganhando: a produção é irrigada, mas com as chuvas regulares, deu para economizar irrigação.
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