Ao menos 20 pessoas foram detidas, sendo oito adolescentes; ato, com 10 mil, foi marcado por hostilidades entre sindicalistas e um grupo autointitulado anarquista
O Estado de S. Paulo - As imediações do Palácio Guanabara, sede do governo estadual do Rio de Janeiro, viraram praça de guerra na noite de quinta-feira, 11, com o enfrentamento entre a Polícia Militar e manifestantes. Os confrontos começaram por volta das 20 horas, quando ativistas lançaram rojões em direção ao palácio, e policiais do Batalhão de Choque revidaram com bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha. Por volta das 23 horas, a situação se acalmou.
Marcos de Paula/AE
Choque avança em meio a barricadas para dispersar manifestantes |
Num dos momentos mais tensos, manifestantes buscaram refúgio dentro da Casa de Saúde Pinheiro Machado, na frente do Palácio, e foram retirados por PMs. No tumulto, uma porta de vidro foi destruída. Nervosa, uma funcionária, que usava máscara cirúrgica por causa do forte cheiro de gás, foi até o saguão e pediu que os PMs deixassem o local. "Vamos respeitar. Tem um monte de paciente grave. Por favor, colaborem."
Um manifestante, ferido na cabeça por bala de borracha, foi atendido na clínica. De acordo com as primeiras informações, ele ficou internado na UTI. A polícia também usou o caminhão com jato de água para dispersar os manifestantes. Na correria, eles destruíram banca de jornal, telefones públicos, lixeiras, carros e colocaram fogo em montes de lixo. A Rua Paissandu foi a mais atingida.
Também nas proximidades do Palácio Guanabara, manifestantes gritavam "Fora Cabral" e "Fora Renan". O governador Sérgio Cabral disse, em nota, que "vandalismo não será tolerado". "Grupos que vão para as ruas com o objetivo claro de gerar o pânico e destruir o patrimônio público e privado tentam se aproveitar das recentes manifestações legítimas de milhares de jovens desejosos de participar e aperfeiçoar a democracia conquistada com muita luta pelo povo brasileiro".
Mais cedo, a manifestação convocada por centrais sindicais para o centro do Rio foi interrompida também por confronto entre manifestantes e policiais. Vinte pessoas foram detidas - 12 adultos e 8 adolescentes. Um PM ferido na cabeça e pelo menos três manifestantes intoxicados por gás foram atendidos por médicos voluntários.
Clima tenso. O ato foi marcado quinta por clima tenso e de provocação entre sindicalistas e um grupo que se autointitula anarquista. No trecho final da passeata, PMs lançaram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que revidaram com pedras e fogos de artifício. Um grupo ateou fogo no lixo deixado na frente dos prédios e contêineres foram arrastados para o meio das pistas, formando barricadas. A polícia usou armas de choque e, sob vaias, chegou a entrar na Estação Carioca do metrô em busca de manifestantes. Carros e pontos de ônibus foram depredados. A passeata se dispersou antes de chegar à Cinelândia, onde estava prevista realização de um ato final.
O protesto reuniu cerca de 10 mil pessoas e destoou das manifestações espontâneas das últimas semanas. No lugar dos cartazes improvisados em cartolina, bandeiras padronizadas. "Exigimos respeito. Não queremos derrubar ninguém. Este é o sindicalismo ordeiro", gritavam. Estruturados, sindicalistas levaram seis caminhões de som, distribuíram lanches e camisetas.
Um grupo de cerca de 200 rapazes de preto e rostos escondidos tomou parte da manifestação e passou a ser rechaçado pelos sindicalistas. Como provocação, os anarquistas entraram em meio aos sindicalistas para exibir seus cartazes. Alguns levavam coquetéis molotov. A PM chegou a fazer um cordão de isolamento entre os grupos.
Militantes com camisetas da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e do PCdoB tentaram impedir a passagem dos anarquistas. Eles foram para a calçada, e depois retornaram. Mais à frente, a tensão aumentou e a PM interveio.
No princípio da passeata, um homem quebrou uma vidraça da Candelária e foi abordado pelos PMs. Os manifestantes reagiram jogando pedras e a PM, com gás. O acusado escapou em meio à fumaça.
ANTONIO PITA, FÁBIO GRELLET, FELIPE WERNECK E HELOISA ARUTH STURM
acho q pedir a renuncia do Cabral é exagero... Afinal ele ja fez bastante coisa boa para o RJ
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