2 de set. de 2014

ELEIÇÕES: ACRE REÚNE O MAIOR PERCENTUAL DE CANDIDATOS POUCO ESCOLARIZADOS DO PAÍS

No Acre, o índice de candidatos que apenas
 “leem e escrevem” ultrapassa a média nacional
Kellyton Lindoso - Uma publicação da revista Veja mostra uma realidade cada vez mais notável no cenário político acreano: o estado reúne o maior número de candidatos pouco escolarizados do país. No estado, a taxa é quatro vezes maior que a brasileira.

De acordo com informações, em algumas regiões do país, como no Acre, o índice de candidatos que apenas “leem e escrevem” ultrapassa a média nacional. Isso ocorre nas regiões Norte (1,58%) e Nordeste (1,06%) – menos desenvolvidas economicamente –, mas também na Sul (1,30%).

No infográfico do site de Veja, é possível fazer também uma análise por estados. Dez deles estão acima da média nacional: São Paulo (1,26%), Minas Gerais (1,54%), Amazonas (1,58%), Ceará (1,83%), Pernambuco (2,11%), Rio Grande do Sul (2,30%), Rio Grande do Norte (2,49%), Alagoas (2,95%), Roraima (3,56%) e Acre (4,7%).

É notável o percentual do Rio Grande do Sul, um estado rico e desenvolvido, onde o índice de candidatos com baixo grau de instrução é o dobro da média nacional.

Citando como exemplo o comediante e deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, a publicação classifica como “discrepante” e “ainda elevada” as questões que dizem respeito à escolaridade dos políticos em relação às médias do país.

“Neste ano, os partidos escolheram 45% de seus representantes para disputas eleitorais entre os diplomados com grau superior, e 30% entre os que passaram pela escola, mas não chegaram à universidade. A distância entre as duas principais classificações dos candidatos, com base no critério de escolaridade, diminuiu em 2014“, segundo a publicação.
Há quatro anos, os candidatos formados em universidades representavam 46%, e os que concluíram o ensino médio, 27%”.

Os dados de 2010 do censo do IBGE apontam que apenas 7,9% da população brasileira com 10 anos de idade ou mais concluíram um curso superior e que 50,2% não chegaram ao fim do ensino fundamental ou não tinham instrução.

Mas, esses números estão em evolução, o que também tem alterado o perfil dos candidatos no Brasil. Há dez anos, só 4,4% dos brasileiros tinham curso superior e 65,1% estavam com o fundamental incompleto.

É possível detectar as tendências apontadas pelo IBGE no perfil do eleitorado nacional. De 2010 para 2014, o porcentual de eleitores com ensino superior completo passou de 3,7% para 5,6%. E os com ensino médio completo, de 13,1% para 16,6%. Ao mesmo tempo, os analfabetos caíram de 5,9% para 5,1%, e os que só “leem e escrevem” passaram de 14,5% para 12%.

Critérios de partidos funcionam como porta de entrada para os menos escolarizados

Apenas seis dos 32 partidos no país inverteram os critérios de seleção de candidatos e funcionam como porta de entrada para candidatos menos escolarizados: PSDC, PTdoB, PSL, PRTB, PTN e PRP – este último também é o que mais deu legenda a candidatos que podem ser classificados como analfabetos funcionais.

Estes partidos são os únicos em que o número de candidatos com instrução média é proporcionalmente maior do que os com formação superior. As taxas variam de 36% (PRP) a 41% (PSDC). Ou seja, é mais provável que uma pessoa com estudos limitados ao ensino médio consiga se candidatar por uma dessas seis legendas nanicas – assim apelidadas justamente pela falta de filiados eleitos no Congresso Nacional ou em prefeituras – do que por um partido de grande porte.

Os critérios de seleção dos candidatos são definidos em convenções estaduais de cada partido. As siglas seguem regras particulares – a Justiça Eleitoral só exige uma “cota de gênero”, que na prática funciona como uma reserva de no mínimo 30% das vagas para mulheres nas eleições proporcionais.

O perfil dos candidatos também varia de acordo com o histórico de filiações e formação do corpo de militantes: o PT, PSDB e PMDB, por exemplo, possuem bases entre acadêmicos. O PSD tem vínculos com empresários do comércio.

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