10 de nov. de 2015

POLÍCIA DE SP INVESTIGA MÉDICOS POR FRAUDE DE R$ 40 MIL NA SAÚDE


Segundo as investigações, médicos estavam receitando, sem necessidade, um remédio que não é autorizado no país para controlar o colesterol

Dezoito médicos são investigados por receitar, sem necessidade, um remédio que não tem autorização da Anvisa(Keith Brofsky/Getty Images/VEJA)


Pelo menos dezoito médicos são investigados pela Corregedoria-Geral da Administração (CGA) e pela Polícia Civil do Estado de São Paulo por suspeita de receitar um remédio que não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pacientes e causar um prejuízo de 40 milhões de reais aos cofres públicos.


Segundo as investigações, os médicos recomendavam que pacientes com uma doença conhecida como hipercolesterolemia familiar homozigótica, ou seja, quando há presença de níveis muito altos de colesterol no sangue, fossem tratados com o remédio Juxtapid, que é fabricado por um laboratório dos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, foram cumpridos quinze mandados de busca e apreensão de prontuários médicos de 33 pacientes nas cidades de São Paulo, São José dos Campos, Campinas, São Bento do Sapucaí, Pindamonhagaba, Lorena e Suzano.

O que chamou a atenção da CGA foi o número elevado de pacientes que entraram com mandados de segurança na Justiça para receber gratuitamente o remédio da Secretaria Estadual da Saúde. Segundo a pasta, cada comprimido custa 1.000 dólares e é ilegal no país.

Os investigadores suspeitam que os médicos recebiam dinheiro do laboratório para recomendar os remédios aos pacientes sem necessidade. Em nota, o corregedor da CGA, Ivan Agostinho, disse que "a suspeita é de que os brasileiros estariam sendo usados como cobaias para que o medicamento seja aprovado nos Estados Unidos". "Por isso, vamos encaminhar a cópia do procedimento elaborado pela Corregedoria ao FBI [polícia federal americana]."

Segundo a polícia, liminares já foram cassadas pela Justiça, que suspeitou do grande número de pedidos feitos sempre pelos mesmos médicos e com o mesmo tipo de diagnóstico. De acordo com as investigações, os pacientes assinaram documentos sem saber do conteúdo e deram autorização para a entrada dos mandados de segurança na Justiça para conseguir o medicamento. Eles eram convencidos de que o remédio era fornecido gratuitamente pelo Estado.

Alguns apresentaram efeitos colaterais como formigamento nas mãos e tontura. Em entrevista, o advogado do laboratório negou as acusações da investigação.

(Com Estadão Conteúdo)

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