Ruth Costas - Com o aval da Câmara dos Deputados ao processo de impeachment, agora é o Senado quem deve decidir sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff, numa votação que, segundo algumas previsões, pode ocorrer por volta do dia 11 de maio.
Se o processo for efetivamente instaurado na Casa, Dilma será afastada de suas atividades por até 180 dias – período no qual os senadores devem fazer a votação definitiva sobre o impeachment.
Mas para quem espera que o fim da gestão Dilma seja o ponto final da crise política e econômica, a avaliação de cientistas políticos e economistas consultados pela BBC Brasil é que um eventual governo do vice Michel Temer terá muitos desafios pela frente.
"Não estamos esperando muito de uma eventual gestão Temer. Ele precisará mostrar rápido a que veio se chegar à Presidência. Pode dar um sinal de que está comprometido a ajustar a questão fiscal, por exemplo. Ou indicar uma equipe econômica forte, de confiança (dos mercados)", diz Rafael Cortez, cientista político da consultoria Tendências.
"Estimamos um início de melhora no campo econômico, mas não há qualquer garantia de que haverá governabilidade. O mais provável é que Temer tenha pouco espaço para construir as reformas mais amplas que o país precisa – então quem espera algo significativo nesse sentido pode se decepcionar."
Parece haver certo consenso entre esses especialistas consultados pela BBC Brasil de que, se chegar de fato à Presidência, Temer terá uma pequena "janela de oportunidade" para tomar medidas que levem a uma recuperação da confiança de agentes econômicos e formação de uma ampla coalizão de governo.
Se não conseguir agir com rapidez, corre o risco de cair na mesma paralisia da gestão petista.
"O novo governo será bombardeado pelo PT, organizações sindicais e movimentos sociais aliados, que conseguiram construir com razoável sucesso esse discurso do 'golpe'", diz Jairo Nicolau, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"A operação Lava Jato também seguirá seu curso – e não sabemos até que ponto envolverá figuras da nova gestão. Para completar, aparentemente a economia ainda não chegou ao fundo do poço e a situação do emprego e renda deve piorar antes de melhorar."
Abaixo, esses especialistas listaram quatro desafios que Temer precisará enfrentar se Dilma for afastada – e o que esperar de seu governo nessas áreas.
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