27 de abr. de 2017

Carta de alunos do Santa Cruz rebate professores sobre reforma


Professores do colégio aderiram à greve geral de sexta contra as reformas da Previdência e trabalhista

 Entrada do Colégio Santa Cruz, em Pinheiros (Alexandre Schneider/VEJA)


Carta de um grupo de alunos do Colégio Santa Cruz, tradicional instituição de ensino de São Paulo, rebate o manifesto divulgado pelos professores do estabelecimento. Os docentes do colégio decidiram aderir à paralisação de sexta-feira em protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, enviadas pelo presidente Michel Temer ao Congresso.


Na carta aberta, que circula nas redes sociais e grupos de mensagens, os alunos dizem respeitar os professores e reconhecem o direito deles à greve e à livre manifestação de ideias. No entanto, os alunos rebatem o posicionamento dos professores em relação à reforma da Previdência. O colégio confirma que a carta é de seus alunos.

“Não nos enganemos; ir contra a reforma da Previdência é também defender que um funcionário público continue recebendo em média três vezes mais do que um trabalhador regular (Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados), e que a média de aposentadoria no Judiciário, de 25.700 reais, não seja alterada”, afirma a carta atribuída aos alunos do Santa Cruz.

No documento, os alunos dizem ainda que a “a posição defendida pelos professores falha em apresentar embasamento técnico e econômico”. “Defender políticas públicas pautadas em ideais de ‘justiça’ e ‘defesa dos mais pobres’ é meio caminho andado para a irresponsabilidade fiscal. Essa irresponsabilidade fiscal, muito presente nos governos da ex-presidente Dilma, gera inflação, que pune majoritariamente os menos favorecidos.”

Para os professores, segundo a carta aberta que distribuíram, “as medidas propostas nos âmbitos do trabalho e da seguridade social irão acentuar sistemas já excludentes”. “Somente um projeto que torne a previdência social e a legislação trabalhista mais inclusivas e justas, que abrace aqueles que hoje se encontram sem qualquer proteção do Estado, poderá contar com apoio de quem quer diminuir a desigualdade no país”, disseram os docentes.

Em nota, o colégio informa que os professores decidiram em assembleia aderir à paralisação geral convocada para o dia 28. “Apesar de não apoiarmos a decisão, resguardamos o direito constitucional à greve. Programaremos a reposição das atividades previstas para esse dia, em que as aulas serão suspensas.”

Diferentemente de outras greves, professores de escolas particulares aderiram à paralisação geral de sexta-feira. Essa decisão surpreendeu pais de outras instituições, como o Colégio São Luiz.

Já o sindicato das escolas se diz a favor das reformas, que “devem ser implementadas para colaborar com o desenvolvimento do país”.

“O movimento é apenas uma manifestação da CUT e seus sindicatos afiliados em defesa de seus interesses e causas políticas. Os professores da rede particular de ensino que se posicionarem a favor do movimento poderão ter seu dia de trabalho descontado da folha de pagamento”, informa o Sieeesp em seu site.

O presidente da Sieeesp, Benjamin Ribeiro, finaliza o comunicado dizendo que um posicionamento contrário ao do sindicato fica sob responsabilidade dos estabelecimentos de ensino.

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