Aluísio Alves - A processadora de carne JBS teve lucro líquido de 309,8 milhões de reais no segundo trimestre, queda de 79,8 por cento ante mesma etapa de 2016, resultado marcado por queda nas receitas, aumento das despesas e impacto do câmbio.
O balanço veio sem revisão de auditores independentes, que aguardam a conclusão dos resultados da apuração de fatos ligados ao acordo de leniência firmado pela sua holding controlada J&F com o Ministério Público Federal.
O resultado operacional da companhia, cuja holding J&F está no centro de uma crise política desencadeada por delações premiadas de seus executivos que envolveram o presidente Michel Temer, antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do trimestre foi de 3,76 bilhões de reais, alta de 29,9 por cento sobre o resultado de um ano antes.
A margem Ebitda subiu 2,4 pontos percentuais ano a ano, para 9 por cento.
A receita líquida da divisão Seara caiu 6,1 por cento, para 4,32 bilhões de reais, à medida que a companhia teve que direcionar maior volume para o mercado doméstico a preços menores. As exportações da unidade caíram 9,3 por cento, refletindo queda de 12,7 por cento nos volumes e valorização do real contra o dólar.
Já a JBS Mercosul, de carne bovina, teve declínio de 14,2 por cento na receita líquida, a 6,19 bilhões de reais, na esteira de menores volumes de vendas no Brasil e no exterior, movimento parcialmente compensado por aumento de preços. O Ebitda da unidade despencou 42,9 por cento, a 261 milhões.
O trimestre foi o primeiro período completo após a deflagração da operação Carne Fraca, em março, que desvendou um esquema de corrupção em frigoríficos para fraudar fiscalização, arranhando a imagem dos produtores no exterior e prejudicando os volumes exportados.
A participação da União Europeia (que tomou medidas restritivas após a operação Carne Fraca) nas exportações da empresa caiu 1,7 ponto percentual do primeiro para o segundo trimestres, enquanto a do México subiu 1,9 ponto.
Já nas unidades JBS USA (bovinos), JBS USA Pork (suínos) e Pilgrims Pride (aves) tiveram alta das receitas e do Ebitda, com prática de maiores preços e tendência majoritária de volumes também mais altos.
A JBS, que vem vendendo ativos considerados não essenciais para ajudar a reequilibrar sua situação financeira, mais fragilizada após os efeitos da delação e leniência envolvendo a holding e executivos da J&F, fechou junho com caixa de 11,3 bilhões de reais, acima dos 9,36 bilhões do fim de 2016.
No fim de junho, a dívida líquida da JBS somava 50,4 bilhões de reais, alta de 5,4 por cento em relação a março. Mas a alavancagem diminuiu de 4,23 para 4,16 vezes o Ebitda.
A despesa financeira líquida da companhia somou 2,2 bilhões de reais de abril a junho, mais de cinco vezes superior à de um ano antes, na esteira do resultado de variações cambiais e do ajuste a valor justo de derivativos, uma despesa de 1,15 bilhão.
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