3 de jan. de 2018

Acre teve aumento de mais de 100% no número de assassinatos nos últimos dois anos


Mesmo diante da pior fase vivida pelos acreanos no setor da segurança pública Tião decidiu restringir recursos do policiamento


Medalha de bronze
Em 2016, a capital do Acre ostentou o triste título de terceira cidade mais violenta do país, quando o critério considerado é a recém-criada expressão ‘Crime Violento Letal Intencional’ (CVLI). A informação é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2017, elaborado com base em levantamento de dados do ano anterior, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


Parada obrigatória
Antes, porém, de detalharmos os dados do estudo citado – e provarmos adiante, conforme prometido na coluna anterior, que a culpa pelo aumento da violência no Acre tem como maior responsável o governador Tião Viana –, cabe a observação de que o tal CVLI foi uma nova nomenclatura sugerida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. CVLI ou homicídio doloso, o fato é que teremos um corpo no chão…

Seria cômico, não fosse trágico!
A conclusão é uma só: petista adora rebatizar as coisas, como se isso fosse suficiente pra mudar a realidade, certo? O que antes era miséria, por exemplo, virou ‘hipossuficiência’; o que era autonomia feminina, ‘empoderamento’; homossexualismo agora é ‘homoafetividade’; e sem-teto virou ‘pessoa em situação de rua’.

Estatística macabra
De volta ao Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2016, no quesito assassinato, a cidade de Rio Branco perdeu apenas para Aracaju (SE) e Belém (PA). Enquanto a taxa média de homicídios registrados nas capitais brasileiras foi de 29,5 para cada grupo de 100 mil habitantes, a nossa foi de 62,3 – contra 66,7 de Aracaju e 64,9 de Belém. Perdemos por pouco…

Inverdade
O discurso do governador Tião Viana, segundo o qual o Brasil inteiro padece do mesmo problema que o Acre, é simplesmente mentiroso. A coluna baseia essa afirmação nos dados do Anuário da Segurança Pública, no Atlas da Violência e no Mapa da Violência – todos de 2017.

Farsa grandiloquente
Ao comentar a suposta diminuição no número de homicídios na última semana do ano passado, replicando a gafe de Tião Viana, que chegou a comemorar a queda no número mortos em relação ao mesmo período de 2016, o secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, também caiu na esparrela de assegurara que a violência no Brasil inteiro havia aumentado. “Em todos os Estados brasileiros aumentou”, disse ele.

Gangorra 
Elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Atlas da violência diz o seguinte: “Ao analisar a evolução dos homicídios por Unidade Federativa de residência, verificamos que houve situações bastante distintas, sendo que, no período entre 2005 e 2015, a variação das taxas de homicídios se inseriu no intervalo entre +232,0% (Rio Grande do Norte) e -44,3% (São Paulo)”.

Tucanos vs. petistas
Ora, o governo tucano do Estado de São Paulo, onde o PT nunca venceu uma eleição para o Palácio dos Bandeirantes, conseguiu a proeza de diminuir os índices da violência tendo dois adversários no governo federal. O Acre, ao contrário, mesmo podendo contar com a ajuda de Lula e Dilma, correu na contramão, conforme se pode ver no gráfico reproduzido abaixo, e retirado do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2017. A sigla MVI significa ‘Mortes Violentas Intencionais’.



Ignorância ou má-fé?
Diz ainda o estudo citado que “Enquanto seis Unidades Federativas sofreram aumento nesse indicador superior a 100%, seis estados tiveram aumento entre 50% e 100%, seis estados sofreram aumento de até 50% e nove Unidades Federativas lograram diminuição das taxas de homicídios”. Em resumo, o governador e o secretário de Segurança se equivocam quanto à afirmação de que a criminalidade cresceu em todo o país.

Acima da média nacional
De acordo com o Ipea, entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios no país cresceu 10,6%, contra um aumento de 45,9% no Acre. Em números absolutos, a média brasileira no mesmo período foi de +22,7%, enquanto o Acre apresentou o espantoso crescimento de 75% – passando de 124 mortes violentas em 2005 para 217 em 2015.

Extraoficiais
Uma vez confirmadas as informações publicadas no Facebook pelo promotor de Justiça da 10ª Promotoria de Justiça Criminal da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Rodrigo Curti, segundo as quais até o dia 29 de dezembro de 2017 foram registrados no Acre 481 assassinados, teremos – salvo engano do colunista, que é péssimo em matemática – um aumento de 121% no número de assassinatos entre 2015 e 2017.

Nada a declarar
O Anuário citado traz ainda um levantamento dos casos de violência contra a mulher – incluindo os casos de estupro – e o número de feminicídios por unidade federativa. O Acre, não se sabe por que cargas d’água, não repassou as informações aos pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Cabide de emprego
Este tópico chama a atenção pelo seguinte fato: Tião Viana criou, em 2010, a Secretaria de Políticas Para as Mulheres – um cabideiro de empregos que custou, entre agosto de 2015 e agosto de 2016, mais de R$ 2,3 milhões ao contribuinte. No mesmo período, só em diárias, foram gastos mais de R$ 131 mil.

Dois pesos e duas medidas
Conhecida por atuar contra os adversários da Frente Popular, quando estes supostamente figuram como agressores de mulheres, o órgão comandado pela senhora Concita Maia costuma se calar ante as agressões cometidas por assessores do governo.

Farsistas
A Sesp também não forneceu os dados relativos à morte de policiais civis e militares em serviço, tampouco informou a quantidade de veículos furtados no Estado nos anos de 2015 e 2016. Aliás, quanto aos casos de estupro, a secretaria enviou números que atestam a diminuição de casos na capital. A conclusão é óbvia: o governo de Tião Viana só divulga informações quando elas lhe são favoráveis.

Em números
Quanto à responsabilidade do governador Tião Viana pelo aumento da violência – tese sustentada pela coluna de ontem –, que ele insiste, de forma patética, a atribuir ao presidente Michel Temer, eis abaixo a realidade, em números, de um governo que não se preocupa com a segurança do cidadão.

Menos policiamento
Mesmo diante da pior fase vivida pelos acreanos no setor da segurança pública – algo sem precedentes na História do Acre – o governador Tião Viana decidiu restringir recursos do policiamento: dos R$ 302,5 milhões gastos em 2015, os investimentos caíram para R$ 267,9 milhões em 2016 – uma variação negativa de 11,4%.

Questão de prioridade
Em termos comparativos, no mesmo período, o Estado do Amapá elevou em 70,8% as despesas com policiamento, bem como o Amazonas (30,4%) e Rondônia (4%). Além deles, outras unidades federativas concentraram esforços para aumentar o combate ao crime através do fortalecimento das forças policiais, tais como Rio de Janeiro (129,5% de aumento nos gastos), Distrito Federal (217,5%) e Santa Catarina (277,8%).

Mãos-de-tesoura
O governo de Tião Viana também passou a navalha nos recursos da Defesa Civil (-10,6%) e praticamente liquidou com o setor de informação e inteligência da Segurança Pública, cortando, em 2016, 98,73% dos recursos, em comparação a 2015. Do total de R$ 1.130.914,46 destinados às atividades de inteligência das polícias, no ano retrasado o repasse foi estabelecido em ridículos R$ 14.383,76 – valor inferior ao salário de um ‘assessor especial’ de Tião Viana.

Desproporcional
O zelo de Tião Viana com a segurança do cidadão comum se dá na proporção inversa com que ele se preocupa com a sua própria – composta, como já foi dito, por mais de 90 policiais militares.

Mais do mesmo em 2018
A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018 comprova que nosso gestor maior está pouco se lixando para a criminalidade à que precisa se sujeitar a maior parte dos moradores da capital e do interior do Estado. Mas isso é assunto para a próxima coluna.

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