O físico nunca reclamou da vida e jamais posou de vítima, ao contrário dos “dodoizinhos” que estão por aí
Stephen Hawking em 1988 (Terry Smith/Getty Images)
Maicon Tenfen - A trajetória de Stephen Hawking foi muito bem documentada e televisionada. São centenas de matérias, entrevistas e vídeos de cunho mais pessoal que o seguem através das décadas, quase como num reality show. O ponto culminante talvez esteja no filme A Teoria de Tudo, de 2014, que retrata a intimidade de um homem sem passos cujas pegadas permanecerão na História.
A maioria das pessoas não o acompanhava como físico ou cientista, mas como um ser humano notável, um exemplo maiúsculo de perseverança e superação. O mais incrível era o bom humor e o otimismo que ele mantinha na cadeira de rodas. Nunca reclamava da vida e jamais posou de coitadinho para a imprensa — um setor que cedo aprendeu a lucrar com os vitimismos.
Quando jovem, ao ser diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica, Hawking ouviu dos médicos que lhe restavam poucos anos de vida. Poderia ter entoado a cantilena dos chorões, amaldiçoado a indiferença dos deuses, desistido dos seus projetos de pesquisa. Pois levantou a cabeça, continuou trabalhando e — vejam só! — chegou aos 76 anos de idade!
Física à parte, esse é o grande legado de Stephen Hawking aos mimadinhos do século 21, uma geração de frouxos hipersensíveis que não têm vergonha de implorar atenção e de molestar os outros nas redes sociais. “Ai de mim”, dizem, “tenho olhos azuis (ou não tenho) e sofro preconceito dessa sociedade cruel, exijo uma Bolsa-Carinho para me consolar”!
Façam um favor a vocês mesmos. Mirem-se no exemplo do Hawking, ou pelo menos tentem olhar além do próprio umbigo, só um pouquinho. Prometo que será uma descoberta maravilhosa. Se é verdade que Deus dá asas para quem não sabe voar, muitos dos que nasceram sem penas o desafiam e conquistam os céus de qualquer jeito.
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