Informação foi repassada pelo prefeito de Gran Sabana, Emilio González, em coletiva de imprensa realizada na cidade de Pacaraima
Prefeito de Gran Sabana, Emilio González, atravessou a fronteira para denunciar mortes ocorridas na Venezuela (Foto: Reprodução)
Paola Carvalho - A cidade de Santa Elena de Uairén, na divisa com Pacaraima, pode ter sido palco de uma chacina no fim de semana, conforme denunciou à imprensa o prefeito de Gran Sabana, Emilio González. De acordo com ele, que atravessou a fronteira para o município brasileiro por uma trilha clandestina, pelo menos 25 pessoas foram mortas e outras 84 ficaram feridas devido aos conflitos na região. González afirmou ainda estar sofrendo ameaças de morte.
As informações foram repassadas em coletiva de imprensa na tarde de ontem, 24, no marco onde ficam as bandeiras do Brasil e da Venezuela, em Pacaraima. González, opositor ao regime de Nicolás Maduro, ressaltou a importância da ajuda internacional.
"É verdade, estamos passando por um momento difícil. Precisamos de ajuda", relatou. Vale ressaltar que com o fechamento da fronteira terrestre, o prefeito precisou fazer uma travessia clandestina até chegar a Pacaraima. Apesar do clima de tensão, Emilio González afirmou que estaria de volta para Santa Elena de Uairén no início da tarde de hoje, 25, "para transmitir paz e tranquilidade para meu município".
Confrontos começaram quando caminhões com doações foram impedidos de cruzar a fronteira (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
De acordo com testemunhas que estão na cidade, o clima é de terror. Moradores com medo têm se trancado em casa e relatam desligamento de energia e, consequentemente, falta de acesso à Internet. Ainda assim, muitos se arriscam para gravar os conflitos das janelas de suas casas para informar à comunidade internacional o que está acontecendo.
Denarium decreta estado de calamidade pública na Saúde
Previsão é que o documento seja publicado nesta segunda-feira, 25, no Diário Oficial do Estado (Foto: Diane Sampaio/Folha BV)
O governador Antonio Denarium (PSL) assinou ontem, 24, um decreto de calamidade pública na Saúde. A medida foi motivada pelo agravamento dos conflitos na fronteira do Brasil com a Venezuela e o aumento da demanda, com os atendimentos de venezuelanos feridos nas unidades de saúde de Pacaraima e de Boa Vista, que já estavam em situação crítica.
A previsão é que o documento seja publicado nesta segunda-feira, 25, no Diário Oficial do Estado (DOERR). A expectativa é que com isso o Poder Executivo tenha mais facilidades para fazer compras emergenciais de medicamentos e de materiais médico-hospitalares, a fim de atender à população local e aos imigrantes.
“Já estávamos com situação crítica no setor da saúde em Roraima. A partir dos conflitos na Venezuela, esse problema se agravou. Entraram aqui para atendimento no HGR, nos últimos dois dias, dezenas de venezuelanos feridos por armas de fogo e quase todos precisaram de cirurgia”, afirmou o governador.
De acordo com o vice-governador, Frutuoso Lins, nas últimas 36 horas, 18 pacientes venezuelanos em estado grave foram atendidos no Hospital Geral. Destes, 13 precisaram passar por procedimento cirúrgico, sobrecarregando as Unidades de Terapia Intensiva (UTIS), o setor do Trauma e também a ocupação de leitos. Ele também informou que o Poder Executivo estuda a possibilidade de contratação de leitos hospitalares privados, caso haja necessidade.
Outro ponto levantado pelo governador é a busca de apoio do governo federal para enfrentar a crise na fronteira. A expectativa é que se adquira material médico-hospitalar diretamente de Brasília até que o processo de compras seja normalizado.
Sobre o apoio já existente, Denarium ressaltou que o Exército Brasileiro encaminhou 7 ambulâncias e que 12 veículos estão disponíveis, sendo 5 em “sobreaviso”, preparados para transportar pacientes. Além disso, o secretário de Saúde reforçou a equipe de médicos e enfermeiros no HGR e no hospital de Pacaraima.
ATENDIMENTO – Conforme a Secretaria de Saúde (Sesau), o Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, receberam mais de 20 venezuelanos feridos durante o fim de semana. Na sexta-feira, 22, o HGR recebeu os primeiros pacientes da Venezuela, vítimas de conflito em uma comunidade indígena a cerca de 70 quilômetros da fronteira com o Brasil. Em Pacaraima, no Hospital Délio Tupinambá, foram atendidos dois pacientes no mesmo dia. Eles estavam com escoriações e foram liberados.
No sábado, Omar Fernando Casique Ortega, 59 anos; Chei Alexis Fernandez Suarez, 40; Anderson Francisco Rojas Casado, 19; Carlos Jose da Silva Salazar, 27; e Luis Jose da Silva Salazar, de 27, deram entrada no HGR no início da noite, sendo que quatro deles precisaram passar por cirurgia.
Por volta das 22h de sábado, outros quatro pacientes venezuelanos, vítimas dos conflitos na Venezuela, deram entrada no HGR. São eles: Carlos Adrian Herrera Bedoya, 16 anos; Carlos Eduardo Farias, 45; Yitzy Josefina Arrieta Aular, 35; e Jorge Javier Gonzalez Parra, 40.
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