Danilo Cristiano Marques, outro dos suspeitos presos por suposto envolvimento nos ataques de hackers a celulares de autoridades, disse em depoimento à PF que emprestou seu nome para Walter Delgatti Neto alugar imóveis e comprar dólares.
O depoimento, prestado na última quarta-feira, dia 24, foi obtido pelo repórter Mahomed Saigg, da GloboNews.
Leia alguns trechos:
“QUE no começo do ano de 2018 WALTER DELGATTI NETO pediu ao DECLARANTE que emprestasse seu nome para realizar o contrato de aluguel de um imóvel em outra cidade; QUE em razão da amizade que possuía com o WALTER DELGATTI NETO concordou em emprestar seu nome para a formalização do contrato de aluguel do apartamento localizado em Ribeirão Preto/SP, em um edifício que fica ao lado da faculdade Unaerp; QUE com a elaboração do contrato de aluguel, todas as contas de serviços vinculados ao imóvel passaram a ficar no nome do DECLARANTE, tais como internet, água, luz e telefone.”
“[…] QUE também já realizou operações de câmbio a pedido de WALTER NETO, tendo adquirido dólares americanos em corretores nas cidades do Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP; QUE WALTER afirmou para o DECLARANTE que havia extrapolado o limite da compra de dólares admitida pelas corretoras, motivo pelo qual precisava realizar as operações de câmbio em nome de outra pessoa.”
No depoimento, Danilo também diz que desconhece o envolvimento de Delgatti na invasão de celulares pelo aplicativo Telegram e afirma que nunca recebeu “nenhum tipo de pagamento ou vantagens para emprestar seu nome” ao colega.
Leia a íntegra do depoimento de Danilo Cristiano Marques:
“Ao(s) 24 dia(s) do mês de julho de 2019, neste(a)POLÍCIA FEDERAL- SEDE, em Brasília/DF, onde se encontrava LUIS FLAVIO ZAMPRONHA DE OLIVEIRA, Delegado de Polícia Federal (xxxxx), compareceu DANILO CRISTIANO MARQUES, sexo masculino, nacionalidade brasileira, solteiro(a), filho(a) de ANISIO MARQUES e VERA LUCIA APARECIDA GOMES, nascido (a) aos 23/01/1986, natural de Araraquara/SP, instrução ensino superior incompleto, profissão Motorista, documento de identidade nº (xxxxx), CPF (xxxxx), residente na(o) (xxxxxx) acompanhado da Defensora Pública da União MANOELA MAIA CAVALCANTE BARROS, matrícula 0439/DPU, (xxxxxx). Inquirido(a) a respeito dos fatos, RESPONDEU: QUE possui como fonte de renda a atividade de motorista do aplicativo UBER; QUE também está fazendo curso de eletricista na Companhia Paulista de Força e Luz – CPFL; QUE possui conhecimentos básicos de informática, tais como a instalação de jogos e elaboração de documentos de texto; QUE possui um computador com atualizações voltado para jogos; QUE por volta do ano de 2002 conheceu WALTER DELGATTI NETO em uma lan house próximo a sua residência na Vila Xavier, Araraquara/SP; QUE jogava em rede com WALTER DELGATTI NETO principalmente o jogo Counter Strike, quando utilizava o codinome “CHACAL” e WALTER o codinome “VERMEIO”; QUE nesta época WALTER DELGATTI morava com seus avós e não exercia qualquer tipo de profissão, sendo apenas estudante; QUE não conhece nenhuma ocupação profissional que tenha sido exercida por WALTER DELGATTI ao longo dos anos; QUE nunca viu WALTER DELGATTI empregado; QUE WALTER DELGATTI NETO sempre teve confusões com a polícia, tendo sido preso algumas vezes; QUE presenciou quando WALTER DELGATTI NETO foi preso em frente à faculdade Uniara, tendo sido acusado por tráfico de drogas relacionado ao remédio controlado que ele toma; QUE WALTER DELGATTI NETO há muito tempo se auto medica, fazendo o uso principalmente de alprazolan; QUE WALTER DELGATTI NETO toma ao menos três comprimidos de alprazolan por dia; QUE WALTER DELGATTI NETO fez várias acusações contra policiais civis de Araraquara/SP, tendo relatado ser vítima constante de extorsões; QUE presenciou certa vez quando WALTER DELGATTI NETO sofreu uma extorsão de um advogado, que dizia existir um BO contra WALTER para resolver na delegacia; QUE esta abordagem realizada pelo advogado a WALTER ocorreu em uma rua no centro da cidade de Araraquara/SP, cujo nome não se recorda; QUE não sabe dizer como WALTER DELGATTI NETO conseguia dinheiro para pagar as extorsões que sofria; QUE sabe que WALTER DELGATTI NETO responde a processos criminais na justiça, mas não sabe precisar qual os tipos de crimes que teriam sido praticados; QUE não sabe dizer se WALTER DELGATTI NETO pratica fraudes ou golpes através da internet; QUE não sabe dizer se WALTER DELGATTI NETO é envolvido em fraudes praticadas contra instituições bancárias; QUE WALTER DELGATTI NETO as vezes aparecia com carros luxuosos, mas desconhece como ele obtinha recursos para comprar tais veículos; QUE a ostentação de patrimônio por WALTER NETO atraía a atenção da polícia de Araraquara/SP; QUE no começo do ano de 2018 WALTER DELGATTI NETO pediu ao DECLARANTE que emprestasse seu nome para realizar o contrato de aluguel de um imóvel em outra cidade; QUE em razão da amizade que possuía com o WALTER DELGATTI NETO concordou em emprestar seu nome para a formalização do contrato de aluguel do apartamento localizado em Ribeirão Preto/SP, em um edifício que fica ao lado da faculdade Unaerp; QUE com a elaboração do contrato de aluguel, todas as contas de serviços vinculados ao imóvel passaram a ficar no nome do DECLARANTE, tais como internet, água, luz e telefone; (xxxxxxxx); QUE desconhece o envolvimento de WALTER NETO na invasão de contas do aplicativo TELEGRAM (xxxxxx); QUE WALTER nunca comentou com o DECLARANTE que possuía capacidade e obter códigos de acesso de contas do aplicativo TELEGRAM de outras pessoas; QUE no início de 2018 passou a emprestar sua conta bancária no (xxxxxx) para WALTER NETO realizar pagamentos de boletos de água e luz; QUE pediu um cartão extra vinculado a esta conta e repassou para WALTER NETO; QUE WALTER NETO de fato utilizou a conta em nome do DECLARANTE para transferir e receber pagamentos; QUE na verdade essa conta no (xxxxxxx) era movimentada somente por WALTER NETO; QUE começou a emprestar a sua conta bancária para WALTER NETO tendo em vista a necessidade de formalizar o contrato de aluguel do imóvel em Ribeirão Preto/SP, pois era necessário efetuar o pagamento de uma caução em nome do titular do contrato; QUE nunca recebeu nenhum tipo de pagamento ou vantagens para emprestar seu nome a WALTER NETO; QUE também já realizou operações de câmbio a pedido de WALTER NETO, tendo adquirido dólares americanos em corretores nas cidades do Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP; QUE WALTER afirmou para o DECLARANTE que havia extrapolado o limite da compra de dólares admitida pelas corretoras, motivo pelo qual precisava realizar as operações de câmbio em nome de outra pessoa; QUE perguntado se também efetuou operações de câmbio na cidade de Natal/RN respondeu que sim; QUE efetuou a compra de dólares americanos a pedido de WALTER NETO em 2015 ou 2016, não se recordando com exatidão a data; QUE nunca pediu a outras pessoas que emprestassem seus nomes a WALTER para efetuar a compra de dólares americanos; QUE realizou a compra do total de três mil dólares a pedido de WALTER NETO; QUE WALTER NETO não falou para o DECLARANTE qual era a origem do dinheiro utilizado na compra dos dólares; QUE WALTER NETO dizia que precisava comprar dólares para poder morar nos EUA; QUE WALTER NETO de fato residiu nos EUA durante cerca de três meses; QUE WALTER NETO custeou todas as despesas do DECLARANTE nas viagens que realizaram para as cidades do Rio de Janeiro/RJ e Natal/RN; QUE viajaram para Natal/RN para participarem da festa Carnatal, tendo realizado uma escala na volta na cidade do Rio de Janeiro/RJ; QUE conhece GUSTAVO HENRIQUE ELISAS SANTOS somente de festas realizadas na cidade de Araraquara/SP; QUE GUSTAVO era DJ, conhecido como DJ GUTO; QUE não sabe dizer se Gustavo esta envolvido com a prática de fraudes bancárias ou outros crimes; QUE não sabe dizer qual a profissão atual de GUSTAVO, tendo em vista que não se encontra com ele há mais de um ano; QUE pode afirmar que GUSTAVO e WALTER NETO se conhecem, mas não sabe dizer se os dois possuem algum tipo de negócio ou transações juntos; QUE não conhece a SUELEN; QUE alem da conta do (xxxxxx) possui uma conta no (xxxxxx); QUE possui renda mensal de aproximadamente R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais); QUE atualmente também cursa Direito na Uniara. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Foi então advertido(a) da obrigatoriedade de comunicação de eventuais mudanças de endereço em face das prescrições do Art. 224 do CPP. Encerrado o presente que, lido e achado conforme, assinaram com o(a) Declarante, a Defensora Pública da União e comigo CINTHYA SANTOS DE OLIVEIRA, EPF Matr. (xxxxxxx) que o lavrei.”
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