5 de set. de 2020

AEB explica: Entenda conceitos e práticas da Transferência de Tecnologia



O avanço das tecnologias espaciais no Brasil pode ser ainda mais rápido e eficaz com o auxílio da capacitação “on the job training” feitas por grandes empresas estrangeiras para a indústria espacial brasileira. Essa prática é chamada de Transferência de Tecnologia (ToT), quando uma empresa decide passar o conhecimento e as fórmulas usadas na construção de um satélite ou veículo lançador, por exemplo, para outros profissionais e empresas.

No Brasil, um grande exemplo de sucesso foi a Transferência de Tecnologia Espacial feita a partir do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC-1). O acordo do ToT foi firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e a empresa Thales Alenia Space (TAS), em 2015, e desde então tem possibilitado o fortalecimento da competência técnica de empresas nacionais no desenvolvimento e fornecimento de soluções, produtos e serviços espaciais.

O acordo teve apoio do MCTI e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). No edital, foram selecionadas seis empresas para participar do plano de absorção e transferência das tecnologias do SGDC-1. São elas: AEL Sistemas, CENIC Engenharia, Equatorial Sistemas, Fibraforte, Opto S&D e Orbital Engenharia.

O edital de Transferência de Tecnologia Espacial possibilitou que empresas brasileiras aprendessem para passar a desenvolver os próprios projetos, expandindo a participação no mercado espacial não só no Brasil, mas também como exportadoras dos produtos. Engenheiros, técnicos e outros profissionais tiveram a oportunidade de aprender in loco na França, tanto a teoria como exercitar na prática.

Entre as tecnologias transferidas estavam o sistema de potência e painel solar, subsistema de controle térmico, engenharia de sistema e material de interface; subsistema de propulsão; estrutura para observação de painel de carbono hiper-estável; FGPA e ASIC para o Espaço e cargas úteis óticas de observação.

Em transmissão virtual do programa AEB Talks, o professor de engenharia aeroespacial da Universidade de Brasília (UnB), Ronne Toledo, explicou a diferença entre absorção e transferência de tecnologia.

“Na época da aquisição do SGDC-1 existiam duas vertentes de contrapartida contratual. Uma focada no saber fazer tecnologia, e outra no desenvolvimento de recursos humanos do País, e então achou-se conveniente usar o termo absorção tecnológica para cunhar essa vertente de recursos humanos. A diferença da absorção tecnológica é que você está falando de seres humanos que são treinados junto às empresas”, afirmou o professor.

De acordo com o presidente da AEB, Carlos Moura, “os programas espaciais têm se caracterizado pela cooperação internacional.  É uma forma de compartilhar recursos e melhor enfrentar os riscos.  Quando, nesse processo, ainda se conseguem estabelecer transferências de tecnologia, principalmente com o engajamento de equipes em atividades concretas, produtivas, as parcerias e os avanços se tornam muito mais efetivos”, declarou.

Sobre o SGDC

O SGDC fornece cobertura de serviços de internet a 100% do território nacional de forma a promover a inclusão digital para todos os cidadãos, além de fornecer um meio seguro e soberano para as comunicações estratégicas do Governo Federal. O satélite opera nas bandas X e Ka, destinadas respectivamente ao uso de comunicações de defesa – que representa 30% da capacidade do equipamento – e ao uso cívico social, provendo banda larga às regiões mais remotas do Brasil – que corresponde a 70% da capacidade.

Hoje o satélite brasileiro provê conexão em banda larga para mais de 9 mil escolas, com mais de 12.500 pontos instalados, beneficiando cerca de 2,5 milhões de alunos da rede pública de ensino, áreas indígenas e Unidades Básicas de Saúde.

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