O Brasil já não sabe enxergar ironias
O presidente Jair Bolsonaro deveria ter evocado o aviso sugerido por Millôr antes de afirmar, nesta quarta-feira, que acabou com a Lava Jato porque já não há corrupção no governo. Evidentemente, Bolsonaro pretendia registrar um fato: desde 1° de janeiro de 2019, não se noticiou um único caso de corrupção ocorrido com a participação ou a anuência do governo federal. Portanto, ao contrário do que aconteceu entre a ascensão de Lula e a queda de Dilma, a Lava Jato não precisará devassar o Palácio do Planalto à caça dos envolvidos em algum sucedâneo do Petrolão.
O chefe do Executivo sabe que os trabalhos da Lava Jato estão longe do fim. Sabe, também, que não dispõe de meios para encerrar investigações promovidas por outros poderes. E quem vê as coisas como as coisas são sabe que os que sonham com o fim da Lava Jato estao na frente ampla pró-corrupção formada por todos os corruptos já desmascarados, parlamentares com medo de cadeia e ministros do Supremo transformados em padrinhos de bandidos.
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