Com o Congresso preocupado mais com a reconstrução do país após o fim da Guerra Civil, pouco foi feito para manter a Marinha. Isso é, até 1883, quando um navio de guerra britânico chamado Riachuelo foi entregue ao Brasil que deu à América do Sul uma vantagem no poder marítimo.
Hilary A. Herbert, presidente do Comitê de Assuntos Navais da Câmara em 1883, advertiu o Congresso: “Se toda a nossa antiga marinha fosse colocada em campo de batalha no meio do oceano atlântico e confrontada com o Riachuelo, é duvidoso que um único navio com a bandeira americana volte para o porto”
“Se enviarmos toda a Marinha norte-americana contra o Riachuelo, nenhum navio americano voltará para casa” – declaração da Secretária de Estado dos Estados Unidos à época da Guerra do Paraguai.
– Baseado em texto do site americano “usnhistory.navylive”
A Armada Nacional (como foi chamada a Marinha de Guerra brasileira durante o regime monárquico) surgiu com a Independência do país. Era formada quase que em sua totalidade por embarcações, pessoal, organizações e doutrinas provenientes da transmigração da Família Real de Portugal em 1808.
Os seus membros eram alguns poucos brasileiros natos (até então quase todos proibidos de servir), portugueses que optaram por aderir à causa da separação (e que consequentemente foram naturalizados brasileiros) e estrangeiros de vários países contratados como mercenários.
Também foram aproveitados vários órgãos criados por D.João VI de Portugal, tais como: a Secretaria da Marinha, o Quartel-General, a Intendência e Contadoria, o Arsenal de Marinha, a Academia Real dos Guarda-Marinhas, o Hospital, a Auditoria, o Conselho Supremo Militar, a Fábrica de Pólvora, os Cortes de Madeira e outros.
Como primeiro Ministro da Marinha foi nomeado o brasileiro nato Capitão de Mar-e-Guerra Luís da Cunha Moreira (futuro visconde de Cabo Frio) em 28 de outubro de 1822.
Na falta de militares experientes que tivessem nascido no Brasil, a comissão composta por Luís Cunha Moreira e vários oficiais buscou contatar os militares portugueses servindo no Brasil para que se unissem ao recém-criado Império brasileiro.
Centenas aceitaram, e os que recusaram receberam, em conjunto com as suas famílias, transporte para retornarem a Portugal. Contudo, temerosos das possíveis consequências de enviar para combate navios tripulados em sua maior parte por portugueses contra as forças lusitanas, a comissão recrutou diversos mercenários, indígenas e escravos.
Para comandar a Armada brasileira foi escolhido o experiente Lorde Thomas Alexander Cochrane, britânico de nascimento, que recebeu o cargo de “Primeiro Almirante”. A frota era composta por apenas uma nau, quatro fragatas, duas corvetas, cinco brigues, seis escunas e vinte pequenas embarcações, num total de trinta e oito navios de guerra.
O Ministro da Fazenda Martim Francisco Ribeiro de Andrada criou uma subscrição nacional para reunir fundos e assim reequipar a frota, e de todo o Brasil foram enviadas contribuições. Até mesmo o Imperador Pedro I do Brasil adquiriu às próprias expensas um brigue mercante que foi renomeado Caboclo e doado ao Estado.
A Armada Nacional rumou em seguida para a Bahia, onde atacou um comboio da esquadra portuguesa formada por mais de setenta navios que se dirigia ao Maranhão. Apenas treze conseguiram alcançar Lisboa após se verem impossibilitados de atingirem o litoral norte brasileiro.
Os demais navios ou foram afundados ou aprisionados e incorporados à Armada brasileira. O britânico John Pascoe Grenfell, que comandava o Brigue Dom Miguel, obteve a rendição da cidade de Belém do Pará. Tendo vencido a oposição lusitana nas províncias da Bahia, Maranhão e Pará, a frota brasileira partiu para a Cisplatina, onde alcançou mais sucessos em sua empreitada.
O Almirante Cochrane, após ter libertado um terço do território brasileiro, recebeu do Imperador Dom Pedro I em pessoa a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul e o título nobiliárquico de marquês do Maranhão. A participação no conflito contra Portugal foi vital:
“Com a Independência, a Marinha tornou-se ainda mais importante, pois apesar de termos tido a sorte de possuir um Pedro I como monarca, o Brasil se teria esfacelado numa série de republicas – como aconteceu na América espanhola – se não fosse a sua ação integradora. É certo que existem outros fatores, mas foi ela que bloqueou, venceu e perseguiu a Esquadra portuguesa, possibilitando a união com o Rio de Janeiro”.
Durante o Segundo Reinado do Brasil, o Império era tido como uma nação de primeiro mundo, tínhamos uma das mais poderosa força naval das Américas (superando os EUA), nossa Armada Imperial possuía navios tão modernos quanto a própria Marinha Real da Inglaterra, o mais poderoso exército do hemisfério Sul com os melhores armamentos e táticas militares de tamanha eficiência quanto a dos soldados ingleses.
Em 1840, quando o Imperador Dom Pedro II foi declarado maior de idade e assumiu suas prerrogativas constitucionais, a Armada detinha 90 navios de guerra: 6 fragatas, 7 corvetas, 2 brigues-barcas, 6 brigues, 8 brigues-escunas, 16 canhoneiras,12 escunas, 7 patachos, 6 barcas a vapor, 8 lanchões artilhados, 3 charruas, 2 lugres, 2 cúteres e 5 lanchões armados.
Nova modernização ocorreu, desta vez, reorganizando a Secretaria de Estado, a Contadoria da Marinha, o Quartel-General e a Academia de Marinha. Novos navios foram comprados e as capitanias dos portos foram reaparelhadas.
O Corpo dos Imperiais Marinheiros foi definitivamente regularizado e surgiu o Corpo de Fuzileiros Navais (no lugar do Corpo de Artilharia de Marinha que fora dissolvido), assim como serviços de assistência aos inválidos e também escolas para formação de marinheiros e artífices.
A Armada Nacional foi mais uma vez modernizada, e seus antigos navios à vela deram lugar quarenta navios a vapor com mais de 250 canhões. Seus oficiais não continham mais estrangeiros, e sim, somente brasileiros natos (que eram recrutas na época da guerra da Independência).
De seu quadro de militares, saíram homens como Joaquim Marques Lisboa, marquês de Tamandaré, Francisco Manuel Barroso da Silva, barão do Amazonas, Joaquim José Inácio de Barros, visconde de Inhaúma, Luís Filipe de Saldanha da Gama, dentre outros, que foram todos leais ao regime monárquico.
Em 1864 colaborou com a intervenção no Uruguai e logo em seguida na Guerra do Paraguai. Neste conflito, foram acrescidos a força naval vinte navios encouraçados e seis monitores fluviais, além de que seus comandantes, assim como suas tripulações (e as das embarcações que já se encontravam no teatro de guerra) foram melhores treinadas.
Estas ações permitiram a Armada obter uma grande vitória na Batalha do Riachuelo contra as forças paraguaias.
A armada estava sendo constantemente modernizada com os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos de guerra naval. Adotou a navegação a vapor na década de 1830, a armadura de ferro na década de 1860 e os torpedos na década de 1880.
Em 1889, o Império Brasileiro tinha uma das maiores e melhores marinha mais bem equipadas e poderosa do mundo e os navios de guerra mais poderosos do hemisfério ocidental.
A época, rankings de poderio militar eram muito acirrados devido às inovações tecnológicas das embarcações e seus armamentos. O fato é que os avanços da Armada Imperial permitiram ao Brasil permanecer entre as potências navais do mundo.
As mais famosas embarcações de guerra da Armada são os encouraçados de esquadra Riachuelo e Aquidabã (ambos dotados de tubos lança-torpedos) lançados em 1884 e 1885 respectivamente, considerados os mais avançados de seu tempo.
Construtores navais brasileiros como Napoleão Level, Trajano de Carvalho e João Cândido planejaram novos desenhos para os navios de guerra da Armada Imperial que possibilitaram aos Arsenais do país manterem competitividade com outras nações.
Com o final do conflito contra o Paraguai, o governo brasileiro buscou reparar os danos sofridos pelas embarcações e reequipá-las, possibilitando ao Brasil ter uma das mais poderosa marinha de guerra do mundo àquele momento.
Durante a década de 1870, o Império brasileiro teve por objetivo fortalecer ainda mais a sua Armada frente a uma possibilidade de um conflito armado com a Argentina. Assim, adquiriu 1 canhoneira e 1 corveta em 1873, 1 encouraçado e 1 monitor em 1874 e logo em seguida 2 cruzadores e mais 1 monitor.
O início da década de 1880 revelou que o crescimento da Armada continuaria, pois os Arsenais da Marinha do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Pará e Mato Grosso continuaram a construir dezenas de navios de guerra.
Quatro torpedeiros foram comprados, foi criada a Escola Prática de Torpedos para praças e instalou-se uma oficina de fabricação e reparo de torpedos e aparelhos elétricos no Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1883.
Este mesmo Arsenal construiu as canhoneiras a vapor: Iniciadora, Carioca, Camocim, Cabedelo e Marajó, além do patachi Aprendiz, todos com cascos de ferro e aço, e não mais de madeira (os primeiros do tipo construídos no país).
Contudo, o ápice da Armada Imperial ocorreu com a incorporação dos encouraçados de alto mar Riachuelo e Aquidabã (ambos dotados de tubos lança-torpedos) em 1884 e 1885, respectivamente. A obtenção destes navios possibilitou o Brasil permanecer “entre as potências navais do século XIX””. Estes dois navios marcaram época, pois:
“Fizemos ‘a Europa curvar-se ante o Brasil’, porquanto o Riachuelo, ao ter a construção concluída na Inglaterra, em 1883, foi considerado pela opinião dos técnicos das nações marítimas mais adiantadas como um modelo em seu gênero, tais os aperfeiçoamentos que reunia.” – frase dita no livro ”A Marinha de Guerra do Brasil na Colônia e no Império.”
Com informações da Sociedade de Amigos da Marinha (SOAMAR) de Portugal
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