26 de nov. de 2020

Engenharia Aeroespacial: a carreira do futuro

Saiba mais sobre o curso, o futuro da área e as possibilidades de atuação no Brasil


A área de Engenharia Aeroespacial lida, entre outras coisas, com o processo de projetar, criar, construir e fabricar qualquer artefato que voe. Jatos, helicópteros e espaçonaves, por exemplo, fazem parte deste campo, que tem dois principais ramos: Engenharia Aeronáutica e Engenharia Astronáutica. O primeiro lida com qualquer aeronave que voe na atmosfera terrestre. O último lida com qualquer artefato que voe fora da atmosfera.

Considerada uma das áreas mais promissoras entre os diversos tipos de engenharia, a Engenharia Aeroespacial ainda sofre com a escassez de profissionais formados especificamente neste curso. A maioria dos profissionais gradua-se em outras áreas da engenharia e acaba migrando para trabalhar no setor espacial. O Brasil investe cada vez mais em tecnologias espaciais, e precisa de mão de obra qualificada para que esse crescimento exponencial abra portas para profissionais brasileiros especializados e com ímpeto para colaborar na autonomia espacial do país.

O curso de bacharelado em Engenharia Aeroespacial tem duração média de cinco anos, sendo que a maior parte das disciplinas é voltada para o campo espacial. Ao longo dos dois primeiros anos do curso, o estudante tem acesso a disciplinas das ciências básicas para a formação em engenharia, como física, química, matemática e computação. Durante os três últimos anos do curso, o aluno estuda matérias específicas da área. Propulsão, Mecânica Estrutural, Materiais, Controle, Mecânica de Voo e Orbital, Telecomunicações, Térmica, Aerodinâmica e Eletrônica fazem parte da grade curricular.

No Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), por exemplo, ao chegarem no quinto ano do curso, os estudantes têm uma experiência profissional por meio de um estágio curricular obrigatório, e podem aprofundar seus conhecimentos em uma determinada área com disciplinas optativas e com o trabalho de graduação. Para formar uma visão integrada e abrangente, permeiam o curso tópicos fundamentais de Engenharia Ambiental, Direito, Administração e Economia.

Além do ITA, no Brasil, existem seis universidades públicas com o curso de Engenharia Aeroespacial. Confira abaixo a lista completa:

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – https://ufmg.br/;

Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – https://www.ufsm.br/;

Universidade de Brasília (UnB) – https://www.unb.br/;

Universidade Federal do Maranhão (UFMA) –https://portais.ufma.br/PortalUfma/;

Universidade Federal do ABC (UFABC) – https://www.ufabc.edu.br/;

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – https://ufsc.br/; e

Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) – http://www.ita.br/.

O mercado de trabalho para profissionais com formação na área espacial está em crescimento e a graduação permite, também, trabalhar com pesquisas que ampliem os conhecimentos na área, em universidades, institutos de pesquisa e empresas do setor aeroespacial. Além disso, a carreira na Engenharia Aeroespacial pode ser desenvolvida nos setores industrial, do agronegócio, órgãos do setor espacial e de Defesa.

Por ter uma formação multidisciplinar, a profissão de engenheiro aeroespacial possibilita a atuação em diferentes áreas da engenharia. Dessa forma, o profissional terá habilidades para projetar, controlar e testar sistemas do setor aeroespacial, atuar com desenvolvimento e avaliação desses sistemas, sejam eles de propulsão, mecânico, energia, entre outros.

A Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), realiza parcerias com instituições de ensino para o desenvolvimento de projetos espaciais. Atualmente, está em andamento uma parceria com a UFMA, para o desenvolvimento de um CubeSat por alunos do curso de Engenharia Aeroespacial. Batizado de Aldebaran I, o nanossatélite, parte do projeto, tem como missão demonstrar a possibilidade de resgate de pescadores do município de Raposa/MA.

De acordo com o coordenador do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA, Carlos Alberto Rios Brito Júnior, o futuro profissional da área pode esperar um mercado de trabalho ativo e em crescimento no Brasil. “Nossa expectativa é sobre o mercado em torno do Centro Espacial de Alcântara, seja para ocupar diretamente uma das vagas de tecnologistas ou para atuar em uma das empresas e startups que deverão prestar serviços à base de Alcântara”, conta Carlos Brito.

Outra possibilidade de atuação no mercado de trabalho é a criação de startups, modelos de empresas jovens movidas por um formato de negócio repetível e escalável. Startups, em geral, não possuem foco necessariamente apenas em produtos, mas também no valor agregado ao projeto, ou seja, em como o negócio pode solucionar o problema de um cliente.

A aluna do curso de Mecatrônica do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) Michelly Guedes, de 19 anos, é monitora no Centro Vocacional Tecnológico Espacial Augusto Severo (CVT-E) e, após frequentar eventos, congressos e palestras sobre a temática aeroespacial, percebeu que o Brasil tinha um grande potencial para o ensino nesta área. Ela criou, junto ao colega Pedro Alvarez, a startup Space Educ. “Estudo mecatrônica no IFRN e o Centro Vocacional Tecnológico Espacial (CVT-E) me abriu um novo leque de possibilidades. Juntei o conhecimento do curso técnico de mecatrônica com as possibilidades que vi na área espacial e essa parte de empreendedorismo”, revela Michelly.

Tornar-se um engenheiro aeroespacial pode parecer algo simples, mas é preciso muita dedicação, suor e estudo. O processo de educação para se tornar um engenheiro aeroespacial pode começar já no ensino médio, com aulas de matemática avançada e interesse em astronomia, por exemplo. Na faculdade, a dedicação deve ser ainda maior. Participar de projetos de pesquisa, grupos de estudo e imergir-se completamente no curso trarão para o futuro profissional do estudante grandes chances de entrar nesse mercado de trabalho em constante crescimento.

História

O homem sempre olhou para o céu com o intuito de superar os limites do que é possível, e, a esse respeito, pode-se dizer que os primeiros “skydreamers” – termo usado para o título do livro de Michael Benson, um ensaio fotográfico sobre Aeronáutica e Astronáutica – foram os primeiros engenheiros aeroespaciais, embora fossem muito diferentes dos profissionais que conhecemos hoje.

Desde a época de Leonardo Da Vinci, mentes brilhantes projetaram e esboçaram diferentes máquinas voadoras, mas os primeiros humanos alçaram voo na década de 1780, com a invenção do balão de ar quente. Desde aquele momento, uma série de inventores tentaram criar um sistema de propulsão para esses balões, e então começaram a estudar planadores que ajudaram a aprimorar o conhecimento sobre aerodinâmica.

Mas foi em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, Paris, que o Oiseau de Proie II – versão aprimorada do 14-bis, criado por Santos Dumont (1873-1932) – percorreu 60 metros em sete segundos, a uma altura de aproximadamente dois metros. Desde aquela época, cada aspecto da aviação vem melhorando imensamente a cada ano que passa, desde o desenvolvimento de novos e mais potentes motores até incríveis sistemas de navegação, materiais para fabricação de aeronaves e, mais recentemente, tecnologia aeroespacial.

A palavra aeroespacial é relativamente nova. Foi usada pela primeira vez na década de 1950, e seu significado é “qualquer coisa pertencente à atmosfera da Terra e/ou espaço sideral”.

Os estudos sobre a temática começaram bem antes de se compreender o que efetivamente seria a Engenharia Aeroespacial. Um  dos primeiros cientistas a estudar seriamente a aerodinâmica foi Sir George Cayley (1773-1857), criador dos termos “lift” e “drag” (levantar e arrastar). Cayley percebeu a importância fundamental da sustentação para equilibrar o peso e o impulso para superar o arrasto. Com base em suas ideias experimentais, foram construídos planadores, embarcações aéreas tripuladas e não tripuladas, e, por conseguinte, artefatos aeroespaciais.

A tecnologia aeroespacial é muito abrangente, uma vez que aviões, espaçonaves e outros artefatos possuem muitos componentes, que vão de sistemas de propulsão até hardware específico para nanossatélites. No entanto, é muito mais do que a mecânica envolvida, já que inclui softwares operacionais e de segurança usados para que cada detalhe de uma aeronave ou artefato funcione.

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