Empresas importadoras (inclusive as nordestinas) se aproveitaram dos descontos oferecidos pelos produtores russos
jc.ne10./Fernando Castilho - Enquanto a Petrobras está restringindo suas entregas, em função de uma parada para manutenção na refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) da Petrobras, importadores brasileiros estão aproveitando descontos oferecidos por exportadores russos que equilibram os preços no mercado interno atualmente entre R$ 0,12 e R$ 0,13 mais barato por liro que no exterior.
A conseqüência dessa situação é que as importadoras regionais que atuam no Nordeste já estão recebendo, desde março, navios com diesel produzido na Rússia a partir negociações que tornam a operação vantajosa. As importações se dão no Porto de Suape, em Pernambuco - que faz distribuição para o Nordeste e Norte - e o Porto de Aratu, na Bahia.
Esta semana, chegou um navio com 50 mil m³ de diesel acomodado no terminal da Decal e, nesta quarta-feira (12), outro petroleiro também chegou ao Porto de Suape como mais 50 mil m³ para complementar o abastecimento regional.
Hoje, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), considerando os seis principais pólos de importação, a compra externa é favorável - na média - de R$ 0,12/L, variando entre R$ 0,07/L a R$ 0,17/L. Dessa forma, os preços médios do óleo diesel operam com diferenciais positivos em todos os pólos analisados.
Isso quer dizer que, ainda que comprasse diesel de outros fornecedores internacionais, os preços estariam competitivos em relação aos vendidos pela Petrobras. Isso está fazendo a empresas importadoras (inclusive as nordestinas) se aproveitarfem dos descontos oferecidos pelos produtores russos a países que estejam dispostos a não seguir rigorosamente as restrições que a União Européia e Estada Unidos recomenda. Como se sabe, a importação de derivados de petróleo russo, após a guerra da Rússia contra a Ucrânia começou a acontecer sob a forma de redirecionamento para países que não seguiam o embargo.
REDIRECIONAMENTO
Os russos tentam ganhar novos mercados em função das sanções redirecionamento das cargas do combustível fabricadas na Rússia para outras partes do mundo. O diesel russo, que no passado servia quase totalmente à Europa, passou a atender à Turquia e países da Ásia, África e América Latina, entre os quais o Brasil que compram de países que estão dispostos a fazer o trasbordo. Atualmente, um importador brasileiro não pode comprar de uma refinaria russa pois os bancos não fecham os contratos de cambio temendo punição no sistema de credito internacional.
Essa concorrência de preços se tornou tão firme que na última quarta a Refinaria Acelen, no Polo Aratu-BA, reduziu o preço do óleo diesel A em: R$ 0,0070/L. Desta forma, com o mercado internacional e o câmbio pressionando os preços domésticos, o Preço de Paridade Internacional (PPI) acumula redução de R$0,30/L desde o último reajuste nos preços da Petrobras há três semanas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustível (Abicom), Sérgio Araújo, a diferença é “muito expressiva” de modo que os descontos têm chegado a US$ 0,20 por galão (cerca de 3,8 litros) em cima do diferencial praticado pelo mercado. Eles tem como base os preços dos contratos futuros negociados na Bolsa de Nova York (NYSE). Essa diferença representa quase R$ 25,00 por metro cúbico ou R$ 0,25 por litro”. Na verdade, os importadores brasileiros estão se aproveitando uma situação especial para o óleo diesel fazendo as exportações do derivado subirem enquanto deixam para a Petrobras as importações da gasolina.
No caso da gasolina o preço que não sobe há 43 dias está com uma defasagem de 7% sobre os preços internacionais ou R$ 0,25 por litro. Na prática, isso quer dizer que a Petrobras não está entregando todos os pedidos já que ficou sozinha na oferta da gasolina. Essa situação já preocupa o Governo pois, na prática, apenas a Petrobras está ofertando gasolina já que as importadoras na estão no mercado.
A situação só não está mais grave devido a queda do dólar (ontem chegou a R$ 4,95) que está equilibra as contas frente a alta dos preços do petróleo que voltaram a subir. Nesta terça-feira, por exemplo, o preço do barril subiu para US$ 85,41 quando, em 20 de abril, estava em US$ 70,77 o barril. Esse aumento de US$ 15 o barril está fazendo crescer a pressão sobre a Petrobras que precisa importar gasolina para atender ao mercado.
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