26 de jul. de 2023

Constituição é indígena, mas nem tanto

Um galho de um tronco


Por Reginaldo Palazzo – Dizem que no Brasil, o que tá na moda, o que é bonito é ser ignorante. Calma, relaxa, o ignorante aí é no sentido denotativo da palavra, ou seja, é aquele que ignora.

Não vou ser um desalmado e dizer que essa constituição é pra inglês vê, nem estou querendo desmerecer a iniciativa, até que eu fiquei contente quando soube, falei pra mim mesmo, aí sim! O bom é que agora eles vão entender que são donos da terra só no papel.

Mas, como dizem alegria de pobre dura pouco. Fui fazer uma conta rápida de padaria e fiquei meio que desanimado.

Dados de 2010 informam que 5 das mais de 150 línguas indígenas faladas no Brasil têm mais de 10 mil falantes e de que havia quase 900 mil indígenas no país.

Beleza são elas:

Tikuna - 34 mil

Guarani kaiowá - 25,5 mil

Kaigang - 22 mil 

Xavante - 13,3 mil

Yanomami - 12,7 mil

O que nos dá um total de 107,5 mil.

Vamos arredondar para 150 mil, Já chego lá.

Mais triste ainda foi quando eu perguntei para uma indígena daqui de Tarauacá, se entenderiam essa tal língua nheengatu - a língua (não tão) perdida comum dos índios, dos escravos e dos jesuítas - da constituição e ela me respondeu:

“Essa língua pra mim já estava extinta”. E acrescentou: 

“É uma língua mais antiga, claro que não entenderão, é outro tronco”. Afirmou


Ufanismo


O que chama a atenção é como é feita a promoção por alguns veículos de informação, puro ufanismo, deveriam explicar direitinho como é essa história.

Se temos aproximadamente 900 mil indígenas no país, deduzimos que 750 mil ainda não tem acesso a Carta Magna, ou seja, apenas 16,67% talvez entendam, isso contando que todas sejam da mesma região, o que eu acho que não é nem o caso, se acontece com o português imagina uma língua indígena no século XXI. Vou dar um exemplo, o ‘pino’ peça de madeira com que se faz casas aqui em Tarauacá em Feijó se chama longarina e em Rio Branco perna manca. Isso em um Estado pequeno como o Acre, então é certo que a constituição vai atingir uma parcela bem pequena dos indígenas do Brasil.

Temos que ter o cuidado ao dizer que a escolha da língua nheengatu se deu devido à importância dela para região amazônica. Qual região amazônica?

Posso estar errado, se tiver um especialista, se eu ignorei alguma coisa, gostaria que me corrigissem. 

Mas, já que começaram, terminem, os outros indígenas tem os mesmos direitos, principalmente os do Acre onde recebem uma enxurrada de turistas, geram emprego e renda pro país. 

Quebra o galho vai.

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