Já se passaram 79 anos. Numa tarde fria e cinzenta, os pracinhas brasileiros, acostumados com o sol dos trópicos, finalmente conseguiram em meio às tempestades de neve tomar a fortaleza alemã do Monte Castello
Luiz Padilha - Foi a mais significativa batalha travada pela FEB – Força Expedicionária Brasileira. No centro da Itália, ao longo dos Apeninos, os alemães estabeleceram uma linha de fortificações nos cumes das montanhas, designada como Linha Gótica. Era preciso rompê-la, para que os Aliados pudessem avançar para o Norte, chegando a Austria e Alemanha. O inimigo tinha a vantagem da altura, situação clássica descrita nos manuais militares. Mas os pracinhas não leram os manuais, e persistiram até a vitória final na quinta tentativa. O generoso sangue brasileiro tingiu as encostas do Monte Castello, a um preço altissimo: mais de 100 vidas preciosas. Mais que um feito militar, foi uma vitória da cidadania brasileira, de uma tropa composta quase que totalmente por soldados-cidadãos, convocados após a cruel agressão alemã de 1942.
Utilizando a arma submarina, os nazistas afundaram mais de 30 navios brasileiros, com a perda de 2 milhares de vidas. Incorporando-se às Nações Aliadas, o Brasil foi o único pais latino-americano a participar da 2ª. Guerra Mundial, enviando para o Teatro de Operações mais de 25 mil homens, 76 enfermeiras, e um Grupo de Aviação de Caça, com a Marinha atuando na defesa do litoral. A memória de heroismo da FEB na Itália é uma das glórias da Cidadania Brasileira.
O capital simbólico da luta dos pracinhas pela liberdade e democracia mostra-se cada vez mais atual, haja vista as ideologias equivocadas que ainda subsistem. Mudaram apenas as bandeiras de ódio do passado, pois o mesmo discurso fundamentalista intolerante se manifesta em nossos dias, em todos os continentes. A luta dos pracinhas no Monte Castello se renova, com o Mundo civilizado enfrentando agora os atentados terroristas, o neo-nazismo, a intolerância, o racismo, os negacionistas.
O tempo passou, mas o significado da batalha de Monte Castello está cada vez mais atual. A luta ainda não findou, contra os admiradores de Hitler e negacionistas do Holocausto. Nesta mesma semana o próprio Presidente da Republica distorceu o Holocausto, mácula infame que paira sobre a Historia Universal.
Ao recordar a conquista do Monte Castello, prestamos singela homenagem aos Pracinhas da FEB, e a todos que ajudaram a liquidar o nazismo, deixando suas vidas em uma terra distante, aos mártires civis inocentes sacrificados na Europa ocupada, aos partisans que pereceram em terras geladas e nas prisões da Gestapo, aos que desapareceram nos mares sem jamais ter um tumulo.
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