Por Roberto Samora - Os preços do café canéfora (robusta e conilon) fecharam junho com uma média mensal de 1.214,21 reais a saca de 60 kg no mercado brasileiro, recorde real da série histórica iniciada em 2001, apesar de o Brasil estar em plena colheita, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em análise nesta terça-feira.
Esse valor representou alta de 20,6% em relação a maio, segundo o centro de estudos da Esalq/USP.
"O avanço nos preços do robusta se dá em um momento de incertezas quanto à oferta global da variedade, tendo em vista o clima mais seco para o período no Vietnã, maior produtor de robusta, e que tem ditado o ritmo dos preços nos mercados interno e externo, refletindo, inclusive, no mercado de arábica", afirmou o Cepea.
O Brasil tem se beneficiado da menor oferta do Vietnã, ampliando suas exportações. Em maio, os embarques totais, incluindo grãos arábica, saltaram 90%, segundo dados do Cecafé
Mesmo com o ritmo forte da colheita no Brasil e a consequente maior oferta, os preços do robusta seguem elevados, ponderou o Cepea, lembrando que, apesar dos trabalhos acelerados no Brasil, os volumes têm decepcionado, o que ajuda a sustentar os preços.
Até o fim de junho, o ritmo de colheita do café já passava da metade do total da safra 2024/25 estimada para o Brasil, somando-se arábica e robusta.
"Apesar do avanço e da agilidade dos trabalhos de campo, as expectativas estão baixas e com poucos indícios de melhora de padrão. Agentes de mercado consultados pelo Cepea informaram que, para o arábica, os grãos não estão atingindo o peso esperado...", afirmou o relatório, acrescentando que os produtores têm tido dificuldades na formação de lotes com bom percentual de peneira 17/18 (grão graúdo).
No caso do robusta peneira 13, tem sido relatada a quebra de alguns talhões de até 30% no norte do Espírito Santo, ressaltou o Cepea.
A redução no rendimento está ligada, principalmente, ao déficit hídrico no Estado durante o desenvolvimento dos grãos, o que também tem causado menores gramatura e qualidade.
"A plena atividade no campo poderia pesar negativamente sobre as cotações, mas, diante da expectativa de disponibilidade restrita na Ásia, a colheita não tem tido força para pressionar os preços no Brasil de forma mais consistente."
Os aumentos nos preços dos canéforas em junho foram ainda mais intensos do que os observados para o arábica, resultando em renovações diárias no recorde real do indicador da variedade.
No dia 24 de junho, o Indicador Cepea/Esalq do robusta tipo 6, peneira 13 acima, encerrou a 1.250,67 reais/saca de 60 kg, o maior valor da série histórica do Cepea.
Já o indicador de preço do café arábica subiu 84,74 reais/saca (ou 6,6%) no acumulado do mês (de 31 de maio a 28 de junho) e fechou a 1.370,81 reais/saca de 60 kg.
A média mensal do arábica foi de 1.349,21 reais/saca, quase 15% acima da de maio e a maior desde fevereiro de 2022, quando esteve em 1.463,82 reais/saca, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de maio/24).
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Fonte: Reuters
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