A Rússia conquistou o quarto lugar no cenário econômico global, com base na paridade de poder de compra (PPC), segundo novos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Isso coloca o país como um dos maiores contribuintes para o crescimento econômico global, superando várias economias ocidentais. A PPC ajusta as diferenças de preços entre os países, dando mais peso a nações com grandes populações e menores custos de vida.
Com essa classificação, a Rússia agora se junta à China, aos EUA e à Índia no topo, fortalecendo o poder econômico do BRICS. Em suas últimas previsões, o FMI enfatizou um futuro onde os mercados emergentes desempenharão o papel principal. Ao contrário das projeções anteriores, que focavam no Ocidente, desta vez o destaque vai diretamente para o BRICS. Nos próximos cinco anos, o FMI prevê que China, Índia, Rússia e Brasil impulsionarão o crescimento muito mais do que o Grupo dos Sete (G7), que inclui EUA, Alemanha e Japão.
Entre os países do BRICS, a China deverá liderar, contribuindo com 22% do crescimento global até 2029 — mais do que todos os países do G7 combinados. Logo em seguida está a Índia, que deve contribuir com quase 15% do crescimento total no mesmo período. Embora os membros do G7 ainda contribuam, seus números estão em declínio. O modelo de PPC do FMI mostra que países em desenvolvimento, graças a suas populações e preços relativamente mais baixos, estão desempenhando um papel mais forte na economia global. O FMI prevê, por exemplo, que o Egito, uma economia emergente, deverá adicionar 1,7% ao crescimento global nos próximos cinco anos, o mesmo que potências desenvolvidas como Alemanha e Japão.
O presidente russo Vladimir Putin, falando na cúpula do BRICS que sediou em Kazan, elogiou abertamente a influência da aliança como um contrapeso aos “métodos perversos” do Ocidente. A cúpula, que contou com a presença de 36 países, foi vista como uma vitória para a política externa de Moscou, apesar dos esforços liderados pelos EUA para isolar a Rússia devido ao conflito na Ucrânia. O conflito foi um tema recorrente, com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fazendo sua primeira visita à Rússia em dois anos. Guterres pediu uma “paz justa” na Ucrânia, alinhada com a Carta da ONU, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral.
Na cúpula, foram discutidas formas de aprofundar a cooperação financeira dentro do BRICS, especialmente na criação de sistemas de pagamento fora do controle ocidental. A Rússia busca uma rede de pagamento alternativa ao SWIFT, para contornar sanções. Em comunicado, os membros da cúpula expressaram preocupações com as “medidas coercitivas unilaterais ilegais, incluindo sanções”, e destacaram a importância de pagamentos transfronteiriços mais baratos, seguros, transparentes e inclusivos. O BRICS original foi expandido para incluir Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, enquanto outros países como Turquia, Azerbaijão e Malásia manifestaram interesse em se juntar ao grupo.
O presidente chinês, Xi Jinping, também compartilha das opiniões de Putin, enfatizando a necessidade de cooperação do BRICS para a segurança global. Xi apontou que China e Brasil apresentaram um plano de paz para a Ucrânia, pedindo apoio internacional mais amplo. Embora a Ucrânia tenha rejeitado essa proposta, Xi pediu negociações de paz e declarou que o BRICS deve se posicionar contra conflitos. “Devemos promover a desescalada da situação o mais rápido possível e abrir caminho para uma solução política”, disse ele.
A amizade entre Putin e Xi se aprofundou desde que anunciaram um acordo “sem limites” poucas semanas antes do início do conflito na Ucrânia. Este ano, eles já se encontraram duas vezes, uma em Pequim e outra na cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, no Cazaquistão. Putin também mantém uma estreita relação com a Índia, mantendo Nova Délhi como aliado estratégico desde a Guerra Fria, apesar das relações próximas da Rússia com a rival da Índia, a China.
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