"Os últimos Meses do Império do Brasil foram marcados por confrontos nas ruas entre Republicanos e Monarquistas. Na noite do dia 15 de julho de 1889, o Imperador e sua família assistiram a um espetáculo no Teatro Sant´Anna . Ao saírem, durante a preparação para pegarem as carruagens, do meio da multidão se ouviu um grito “- Viva o Partido Republicano”. Os que estavam a porta e os que deixavam o Teatro, em protesto, deram “Vivas a Monarquia. Vivas a Família Imperial”. E sucedeu-se uma onda de apoio a Imperial Família. O Imperador então tranquilizou a multidão “Não se assustem”.
Após tomar as carruagens, a Família Imperial se dirigiu ao Paço da Cidade e, ao passarem em frente ao restaurante “Maison Moderne”, foi dado “um ou dois disparos” em direção as carruagens. Em frente ao restaurante, se “estabeleceu a maior confusão, e era grande a indignação das pessoas que presenciaram o fato”
No Hotel Provenccaux, pediu que o caixeiro Antônio José Gonçalves guardasse os dois revólveres que possuía. Ao ser descoberto pela polícia, resistira a prisão, e depois confessou que atirara contra o Imperador e que deras o “Vivas”, porém alegou que a cabeça estava tonta com absinto. Na prisão, no primeiro dia, após se vangloriar do que tinha feito tentou o suicídio. "Tentando contra a Vida do Monarca, sinto-me muito orgulhoso e não me arrependo" afirmou a polícia
Em Todo o Brasil e desastrado atentado contra a Família Imperial foi condenado, inúmeros telegramas foram enviados a São Cristóvão, reafirmando a lealdade das elites ao Imperador e a Monarquia
Os Jornais da época, mesmo os de ideologia republicana, condenaram o ato, como se pode perceber no texto abaixo: [...] "O desacato que sofreu o chefe do estado, alquebrado pelos anos e pela moléstia, junto à santa senhora que o acompanhava só pode ser levado à conta da loucura daqueles que a todo transe procuram indispor e vilipendiar o nosso partido"
José do Patrocínio publicou em seu jornal: "Não podemos acreditar que houvesse a intenção de atentar contra a pessoa do Imperador. Repugna a índole do nosso povo; não se conforma com os nossos sentimentos a premeditação de tal crime, contra o soberano que aboliu de fato a pena de morte"
Porém o resultado da acusação contra Valle foi uma vitória para os republicanos, pois o juiz não considerou um crime contra a Constituição ou forma de Governo e muito menos contra o Chefe de Governo. Assim, prevaleceu a tese dos jornais, foi um ato de um “moço” irresponsável. Os repórteres atormentavam D. Pedro . "- Majestade , como o senhor vai reagir a esse atentado ? - Não reagirei . Não se tratou de um atentado à minha pessoa . Não acredito nisso ."
Os recursos da defesa não foram aceitos e Adriano Valle foi levado a ser julgado por um júri em novembro de 1889. Entretanto, entre os recursos e o julgamento, aconteceu a mudança da forma de governo, com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889 e a família Imperial foi levada para exílio. No dia 24 de novembro de 1889, aconteceu o julgamento perante o júri. Os advogados propuseram que a grito de “Viva o Partido Republicano” não era mais relevante no processo uma vez que houve a mudança da forma de governo. Assim, fixou-se em afirmar que Adriano não atirou contra as carruagens, pois nenhum dos cocheiros, nem os membros do piquete ouviram o disparo, bem como não havia marca de tiro nas carruagens
" Fonte: Anais do Museu Histórico Nacional - Volumes 23-26 - Página 134/Diário do Imperador D. Pedro II: 1840-1891 - Volume 1/



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