12 de out. de 2025

Maduro ofereceu riquezas da Venezuela aos EUA para evitar confronto com governo Trump, revela reportagem


CARACAS / WASHINGTON — O presidente venezuelano Nicolás Maduro ofereceu aos Estados Unidos acesso privilegiado a petróleo, ouro e outros recursos naturais estratégicos da Venezuela em uma tentativa de reduzir tensões e evitar um possível conflito com Washington, segundo uma investigação publicada pelo The New York Times.

De acordo com a reportagem, autoridades venezuelanas mantiveram negociações por meses com representantes da administração Donald Trump, oferecendo concessões econômicas amplas em troca do fim da pressão política e militar norte-americana.

O plano incluía permitir que empresas americanas assumissem controle dominante sobre todos os projetos de petróleo e ouro existentes e futuros, rever o destino das exportações venezuelanas — atualmente direcionadas majoritariamente à China — e encerrar acordos com potências adversárias de Washington, como China, Rússia e Irã.


Oferta recusada por Washington

Apesar das concessões econômicas sem precedentes, a Casa Branca decidiu encerrar as negociações e reforçar a pressão diplomática e militar. A administração Trump já havia classificado o governo Maduro como “narco-terrorista” e deslocado navios de guerra para o Caribe, em meio a operações contra embarcações acusadas de transportar drogas oriundas da Venezuela.

Segundo fontes ouvidas pelo jornal, o impasse se deu principalmente pela recusa de Maduro em negociar uma transição política ou sua saída do poder, exigência considerada essencial por Washington.


Oposição e pressões internas nos EUA

A linha dura foi liderada por Marco Rubio, então secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional, que defende abertamente a remoção de Maduro. Já diplomatas ligados ao enviado especial Richard Grenell apostavam numa abertura econômica gradual como caminho para reduzir tensões e retomar relações comerciais estratégicas.

Nos bastidores, as discussões envolveram grandes petroleiras internacionais, como Chevron Corporation e ConocoPhillips, que vislumbravam oportunidades de reinserção no mercado energético venezuelano — detentor das maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo.


Maduro buscou apoio do setor privado

Além de negociações diretas com Washington, Maduro também se aproximou de empresas americanas e europeias para reforçar sua posição política e mostrar que a Venezuela estava “aberta para negócios”. A Chevron chegou a recuperar licenças para operar no país, e a Shell plc obteve autorização para participar do projeto de gás offshore Dragon, em cooperação com Trinidad e Tobago.

Em troca, Shell se comprometeu a investir em projetos sociais locais, em vez de transferir lucros diretamente ao governo de Caracas — uma fórmula desenhada para contornar sanções sem fortalecer financeiramente o regime.


Machado apresenta proposta alternativa

Paralelamente às negociações de Maduro, a líder opositora María Corina Machado, recém-laureada com o Prêmio Nobel da Paz, apresentou em Nova York uma proposta alternativa ao setor privado norte-americano. Ela prometeu um ambiente econômico mais estável, com retorno estimado de US$ 1,7 trilhão em 15 anos, caso uma transição política ocorra no país.

“O que Maduro oferece não é estabilidade, é controle — mantido por meio do terror”, declarou Sary Levy, assessora econômica de Machado.


Contexto estratégico

A Venezuela produz atualmente cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia, número que já foi três vezes maior no auge da era chavista. Especialistas afirmam que, com investimentos externos, o país poderia expandir rapidamente sua produção, embora persista ceticismo sobre a viabilidade disso sob o atual regime.

A reportagem do New York Times sugere que as negociações entre Maduro e Trump representaram a tentativa mais ambiciosa de “diplomacia dos recursos” durante o segundo mandato do presidente americano — e um esforço sem precedentes do regime chavista para quebrar seu isolamento internacional.

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