Nelson During - As declarações do Chanceler alemão Friedrich Merz sobre sua visita a Belém na COP30 tiveram repercussão internacional e criaram um mal estar com o governo brasileiro.
“Minhas senhoras e senhores, vivemos num dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada quem gostaria de ficar lá. Ninguém levantou a mão”.
A verdade é que alemães não costumam cometer gafes e sincericídios em discursos públicos. Merz falou aquilo que realmente pensava e isso se tornou uma humilhação pública e internacional que ofuscou a organização e os resultados da COP30.
Próximos do Palácio do Planalto falam da profunda irritação por parte da liderança política brasileira. Afinal, Merz não é um líder de uma republiqueta, mas o chanceler da mais poderosa e importante nação europeia.
Fontes ligadas aos bastidores do poder em Brasília afirmam que integrantes do governo preparam respostas as declarações do mandatário alemão, entre elas o esfriamento das relações no setor de defesa, que já eram frias pelo lado alemão há décadas com uma série de sucessivos embargos ao Brasil.
A Marinha tinha a expectativa de ganhar mais quatros fragatas da classe Tamandaré, em contrato com a TKMS a ser assinado em 2026. Agora o governo já discute encomendar novas fragatas e um navio logístico em acordo Gov to Gov com outro país.
Se isso for confirmado, será o segundo revés que a Alemanha tem no setor militar, já que o Exército desistiu de comprar carros de combate Leopard 2A6 e Marder 1A5, uma oferta vergonhosa feita por Berlim de sucatas a preços de veículos novos.
Caso se confirme a possibilidade de uma nova classe de navios de escolta, alguns países despontam como possíveis parceiros, entre eles a Itália, que o governo brasileiro busca ampliar a parceria estratégica no setor de defesa.
A declaração de Merz tem a ver com que cada cidadão alemão pensa ser o herdeiro de uma pequena parte do mundo.
Uma pequena cronologia dos incidentes com a Alemanha nestes últimos 20 anos:
1 – Em 2005-2026 a Daimler Benz notificou a AVIBRAS que não forneceria mais chassis de caminhão Mercedes-Benz pois estes só poderiam levar pessoas ou mercadorias e não serem plataformas de armas. A solução foi adotar os chassis da empresa TATRA.
2 – A ação da DB pavimentou as negociações dom os franceses para fechar contrato dos submarinos Scorpène. Merkel nunca perdoou o Brasil pela perda do negócio dos submarinos IKL214.
3 – A ação mais icônica – Em 2018 com a proximidade da eleição de Bolsonaro o Embaixador Georg Witschel vai até Santa Maria/RS sede da 3ªDE, a maior concentração de blindados na América Latina . O receio de Berlin, foi certificar que os Carros de Combate Leonard 1A5BR não seriam usados contra o “POVO BRASILEIRO”. O que ocorreu na Turquia, para desespero de Berlin, quando viu os seus Leopard 2 empregados por Erdogan contra a população.
4 – Não liberação pelas empresas alemãs da munição de 120mm para testes de tiro do Centauro II -BR
5 – A DefesaNet, referenciando notícias de agosto de 2024 e junho de 2024, relata que um blindado Centauro II-BR adquirido pelo Exército Brasileiro foi retido na Alemanha por falta de documentação. O veículo, que viajaria da Itália para o Brasil, teve sua liberação bloqueada pelas autoridades alemãs devido a problemas burocráticos e de transporte.
A retenção: O blindado foi retido na Alemanha em junho de 2024 e só foi liberado após um mês, quando conseguiu sua passagem pelo país.
Motivo da retenção: A razão foi a falta de uma guia de transporte que deveria ter sido emitida pelo Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Ação Climática da Alemanha.
Pessoas próximas ao Projeto Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav) acreditam em uma ação intencional do Governo Alemão.
6 – Bloqueio da exportação de viaturas de Transporte de Tropas Guarani para as Filipinas. Motivo licença da caixa de transmissão ZF. Liberado após um longo período.

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