31 de jul. de 2024

Ação da Microsoft afunda, mas papéis de fabricantes de chips sobem conforme rali de IA enfrenta divisão

Os resultados trimestrais decepcionantes da Microsoft derreteram US$ 340 bilhões  em valor de mercado da companhia na terça-feira (31)


Por Reuters

Os resultados trimestrais decepcionantes da Microsoft derreteram US$ 340 bilhões  em valor de mercado da companhia na terça-feira (31), afetando tanto a Microsoft quanto seus rivais que competem para dominar a inteligência artificial.

Enquanto isso, a Nvidia e outras fabricantes de chips para IA tinham alta após a divulgação do relatório de resultados da Advanced Micro Devices (ADM).

Os ganhos das fabricantes de chips e as perdas de seus maiores clientes destacaram uma divisão no cenário da IA, com os investidores questionando recentemente se o rali de IA em Wall Street pode ter se tornado exagerado.

“A Microsoft reportou certa desaceleração em seu principal negócio de nuvem, mas um enorme aumento no ‘capex’. Isso representa uma transferência de patrimônio dos acionistas da Microsoft para os acionistas da Nvidia”, disse Gil Luria, analista sênior de software da D.A. Davidson.


LEIA MAIS: Inteligência artificial da Apple vai chegar mais tarde que o esperado para iPhone e iPad


Em seu balanço, divulgado após o fechamento do mercado, a Microsoft informou que a receita de sua unidade Intelligent Cloud — lar da plataforma de computação em nuvem Azure — subiu 19%, para 28,5 bilhões de dólares no trimestre encerrado em 30 de junho, mas ficou abaixo das estimativas dos analistas, de US$ 28,7 bilhões, segundo dados da LSEG.

O capital investido, incluindo arrendamentos financeiros, saltou 78% no trimestre, para 19 bilhões de dólares. A Microsoft afirmou que precisa ampliar sua rede global de data centers e superar restrições de capacidade para atender à demanda por IA.

A ação da Meta caía cerca de 3%, enquanto o papel da Amazon perdia 2,8% após os resultados da Microsoft. Apple, Alphabet e Tesla recuavam cerca de 0,5% cada.

Os investidores estão impacientes para observar mais resultados dos investimentos massivos em IA, disse Daniel Morgan, gerente sênior de portfólio da Synovus Trust.

“É isso que está bagunçando tudo. As ações foram negociadas muito acima em antecipação a esses relatórios”, disse Morgan.

Enquanto o balanço da Microsoft prejudicava papéis de outras big techs, as ações da AMD subiam mais de 6% após a companhia prever receita acima das expectativas do mercado para o terceiro trimestre, apostando em uma forte demanda por seus chips de IA.

As ações da Nvidia, cujos processadores são o padrão ouro em computação de IA, subiam 2,6%. Broadcom, que também vende chips ligados à IA, avançava 1,4%. Intel e Qualcomm subiam quase 1% cada.

(Por Noel Randewich em San Francisco; reportagem adicional de Anna Tong em San Francisco e Aditya Soni e Yuvraj Malik em Bengaluru)

PODER AÉREO ESPECIAL: Visitamos a Esquadra 506 que opera o Embraer KC-390 na Força Aérea Portuguesa

As mídias brasileiras ‘Poder Aéreo’ e ‘Base Militar Vídeo Magazine’ conheceram a Esquadra 506 ‘Rinocerontes’ na Base Aérea Nº 11


Por Alexandre Galante - No dia 26 de julho, sexta-feira pela manhã, os editores Alexandre Galante e Felipe Salles, visitaram a Esquadra 506 “Rinocerontes” da Força Aérea Portuguesa (FAP), na Base Aérea Nº11, em Beja.

Durante a visita, pudemos conhecer as instalações da nova unidade e conversar com o seu comandante, o Major Piloto-Aviador Miguel Pousa.

O Major Miguel Pousa, que voou durante 11 anos o Lockheed C-130 Hercules na FAP, não escondeu seu entusiasmo pelo Embraer KC-390, destacando as excelentes qualidades de voo da nova aeronave, seus modernos sistemas embarcados e o simulador (assistir ao vídeo no final da matéria).

Para o comandante, o C-130 Hercules era o melhor avião do mundo, mas acabou redendo-se rapidamente ao KC-390 depois de voá-lo.


A Esquadra 506 – “Rinocerontes”

Major Piloto-Aviador Miguel Pousa, comandante da Esquadra 506

A Esquadra 506 – “Rinocerontes” foi criada em 20 de maio de 2023, através do Despacho N.º 39/2023 do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA).

Em 11 de julho de 2019, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 120/2019, autorizou a despesa com a aquisição de aeronaves KC-390 e simulador de voo, dando forma mais tarde à criação da Missão de Acompanhamento e Fiscalização (MAF) do Programa KC-390, através do Despacho n.º 11861/2019, de 26 de novembro, do Ministro da Defesa Nacional. A MAF assegurou a execução de todos os contratos associados e, concomitantemente, conduziu as necessárias ações ligadas à edificação desta nova capacidade na Força Aérea, designadamente a Doutrina, Organização, Treino, Material, Liderança, Pessoal, Infraestruturas e Interoperabilidade.

Concluídas essas ações, a Esquadra 506 – “Rinocerontes” foi ativada em 20 de maio de 2023, recordando a chegada ao território português do primeiro rinoceronte-indiano, em 1515, como uma oferta do Vice-Rei da Índia ao Rei D. Manuel I.

“Só pode o que impossível parecia” é o lema dos Rinocerontes, recuperado da Estância 29 do Canto VIII da obra “Os Lusíadas”.

O editor Alexandre Galante do Poder Aéreo ao lado do emblema do Rinocerontes. Foto: João da Cruz Gonçalves


Modernas instalações


A Esquadra 506 é dotada de instalações e infraestrutura de última geração, incluindo sistemas de treinamento e de gerenciamento de operações.

Será recebido em breve o simulador do C-390, que possibilitará o treinamento de tripulações da aeronave, para a FAP e outras forças aéreas.

O simulador de categoria D permitirá o treinamento completo dos pilotos para o voo, emergências e reabastecimento em voo. O simulador terá cockpit integral para os dois pilotos (comandante e copiloto) e mais uma posição para o ACM (Aditional Crew Member), para as missões de reabastecimento em voo.

A sala que vai receber o simulador do KC-390, já com os bases no piso

A oficial que ficará responsável pelo simulador sendo entrevistada. Foto: João da Cruz Gonçalves

Partes do imenso hangar da Esquadra 506 para o KC-390

Foto: João da Cruz Gonçalves


Segundo o Major Miguel Pousa, a unidade conta hoje com 12 pilotos, com 4 em qualificação e mais de 60 militares no total, incluindo loadmasters, mecânicos e técnicos.

Loadmaster Carla Marques


Registramos também a decolagem e o retorno do KC-390 em um voo de qualificação de um piloto que se tornou comandante da aeronave e recebeu o batismo na chegada.

Gostaríamos de expressar nossa mais sincera gratidão ao Chefe do Gabinete do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa pela autorização concedida para a realização da reportagem e à Esquadra 506 pela afetuosa recepção. E ao amigo João da Cruz Gonçalves pelo apoio logístico.

29 de jul. de 2024

O titereiro Barack Obama estava errado, Lula não era ‘O Cara’

‘O Cara’ chama-se Paul Kagame presidente de Ruanda. Ele obteve o esmagador percentual de mais de 99% dos votos

Presisente Paul Kagames - foto: Biography

Por Reginaldo Palazzo – Não, não vou tocar no assunto eleição venezuelana, fico surpreso em saber que alguém ainda supria a esperança de um resultado diferente.

Vamos falar de coisa boa, talvez pra não para verdadeiros fãs de ladrões e genocidas, e nem pretendo com essas parcas linhas fazer uma análise laboratorial do assunto, mas com toda certeza é um fenômeno político mundial e não cabe a mim julgar, apenas informar.

Com toda certeza a primeira coisa que vem à sua cabeça é que a eleição foi fraudada, não te culpo, pois eu mesmo pensei isso. É óbvio eu sei, para um brasileiro acostumado com as trapalhadas republicanas deste país sem futuro, esse percentual é inimaginável.

Facts on Rwanda


Tive que entrar em contato com um jornalista daquele país para “tirar isso a limpo”, e foi quando recebi a resposta ao final de nossa conversa:

“The people love him”


O presidente reeleito que chegou à presidência em 2000 fez uma verdadeira revolução (no bom sentido, claro!), nesse país da África oriental e pasme, venceu por margem semelhante em 2017.

Controverso, uns o criticam por ter a mão pesada contra dissidentes, mas alguns sites citam analistas que ele é uma das únicas personalidades de Ruanda a guiar o país no sentido da paz interna desde o genocídio entre Tutsis e hutus em 1994.

Não deve ser fácil ficar nessa corda bamba entre cuidar de um povo com traumas psicológicos gravíssimos e pressões internacionais de cunho interesseiro.

Esse povo, assim como todo resto da África precisa de longos anos de paz para amenizar seus sofridos corações e ter um mínimo de saúde mental.

Um percentual desses é de deixar qualquer coisa madura vermelha de raiva ou inveja.

Implementação de tecnologias agrícolas para pequenos produtores ainda é gargalo a ser superado


Por João Rabelo, Folha de São Paulo


Diante das mudanças climáticas, que são um foco de atenção para o setor, a presidente da Embrapa afirmou que a empresa pode contribuir com os pequenos produtores rurais, auxiliando a mitigar impactos que elevações nas temperaturas globais podem causar nos cultivos.

Entre os avanços à mão do agricultor estão estações agrometeorológicas, imagens de satélites em diferentes resoluções e treinamento para trabalhar com esses dados diversificados.

A entidade tem ainda estudos elaborados, por exemplo, para produção de soja de baixo carbono. Utilizando levantamentos de dados e informações para diferentes biomas e tipos de solo, calculadora de emissões de gases de efeito estufa e rastreamento para reduzir poluentes, é possível implementar práticas que ajudem o planeta e ainda melhorem a produtividade da commodity.

Breno Felix, diretor de produtos da Agrotools, startup que desenvolve e fornece novas tecnologias para o agronegócio, destacou as soluções que a conectividade e a inteligência artificial podem dar aos desafios que a dimensão territorial do Brasil impõe.

A empresa conta com uma grande base de dados e faz monitoramentos totalmente remotos de zonas rurais. Para facilitar a vida do produtor e democratizar o acesso, a startup levou sua tecnologia para o WhatsApp. Por esse meio, segundo Felix, qualquer produtor consegue saber como está sua situação fundiária perante os órgãos responsáveis.

Já Daniel Plotrino, diretor de inovação digital da Yara, empresa há mais de cem anos no mercado e especializada em nutrição de plantas, falou sobre soluções de agricultura de precisão —modo que utiliza tecnologia para melhorar a produtividade.

Nesse aspecto, para otimizar a produção e trazer sustentabilidade para o campo por meio dessas práticas, é preciso coletar muitos dados. Mas o desafio, afirma o representante da Yara, está nesse recolhimento, uma vez que muitos formulários sobrecarregam o produtor e se mostram, ao fim, ineficazes.

A solução, afirma Plotrino, é trabalhar de forma mais automática, por meio de imagens de satélites e sensores, e integrar essas informações de modo prático. Além de fornecer educação para os produtores sobre as tecnologias e os ganhos que podem ter ao usá-las do modo adequado.

“A Yara tem investido em inteligência artificial e soluções conversacionais com IA generativa para orientar, por exemplo, recomendações de melhores soluções de produtividade. Temos IA também na parte de P&D para conseguir construir e inaugurar novos produtos”, diz.

Para Silvia Massruhá, a tecnologia digital deve ser usada para que o conhecimento chegue mais rápido.

“A gente precisa trabalhar com esse novo ecossistema de inovação agrícola que envolve todos esses atores, a Embrapa, as empresas privadas, os órgãos estaduais de pesquisa, universidades e startups também. Assim a gente pode garantir a sustentabilidade nas três dimensões: ambiental, econômico e social”, afirma.

China planeja nova usina nuclear de sal fundido que utiliza tório como combustível

A China planeja iniciar a construção da primeira usina nuclear de sal fundido que utiliza tório como combustível no Deserto de Gobi, com início marcado para o próximo ano. Este reator não precisa de água para resfriamento, pois usa sal líquido e dióxido de carbono para transferir calor e gerar eletricidade. A utilização de tório, em vez de urânio, alivia as preocupações sobre a escassez de urânio, pois o tório é mais abundante.

O reator está previsto para ser concluído e operacional em 2029, gerando até 60 megawatts de potência térmica. Parte dessa energia térmica será usada para conduzir uma unidade de energia elétrica de 10MW e o restante para produzir hidrogênio pela divisão de moléculas de água em alta temperatura. O projeto será conduzido pelo Instituto de Física Aplicada de Xangai, da Academia Chinesa de Ciências.

Esta usina modular e de pequeno porte impulsionará o desenvolvimento de diversas tecnologias de materiais e fabricação de equipamentos de ponta, além de contribuir para a independência energética da China. Atualmente, o único reator de tório operacional está localizado no Deserto de Gobi e só pode produzir 2MW de potência térmica sem gerar eletricidade. Esse reator experimental serviu como base para o desenvolvimento de reatores maiores e geradores de energia.


Os reatores de sal fundido de tório têm aplicações militares potenciais devido à sua estrutura compacta e segurança, como alimentar navios e submarinos. A nova usina será construída a oeste do reator experimental, ocupando uma área menor que um campo de futebol. O sal fundido que carrega o tório entra no núcleo do reator para iniciar a reação em cadeia e, após o aumento da temperatura, transfere calor para um sal fundido não radioativo em um ciclo separado, que então gera eletricidade.

O projeto também inclui várias outras instalações, como um centro de pesquisa e uma planta de processamento de combustível gasto, com mais de 80% do material sendo reciclado. O resíduo radioativo será solidificado em vidro e transportado para um local de descarte profundo no Deserto de Gobi. Reatores de urânio tradicionais que utilizam água para resfriamento apresentam risco de explosão se as bombas falharem, mas no reator de tório, o sal fundido pode ser contido com segurança em um recipiente abaixo do reator.

O reator de sal fundido de tório funcionará com fontes de energia renováveis, como usinas eólicas e solares, para produzir energia limpa e estável. Foto: Academia Chinesa de Ciências

A nova usina será utilizada principalmente para fins de pesquisa, atendendo cientistas, mas também incluirá uma base de energia eólica, uma estação de energia solar, uma usina de armazenamento de energia baseada em sal fundido, uma usina térmica e uma base de produção química. Todos os diferentes tipos de energia serão integrados em uma rede inteligente para fornecer eletricidade estável, de baixo custo e baixa emissão de carbono.

A partir de 2030, a China começará a construir reatores modulares comerciais baseados em tório com capacidade de geração elétrica de 100MW ou mais. Recentemente, construtores navais chineses também revelaram o primeiro design mundial para um navio porta-contêineres gigante alimentado por reator de sal fundido, o que pode iniciar uma nova revolução na logística humana.

O primeiro reator de sal fundido baseado em tório do mundo foi construído e operado no Laboratório Nacional de Oak Ridge, nos Estados Unidos, na década de 1960. No entanto, devido às limitações técnicas da época, o reator enfrentou muitos problemas e foi fechado permanentemente em 1969. Recentemente, a TerraPower, fundada por Bill Gates, tem colaborado com Oak Ridge para reiniciar o projeto de reator a tório e promover o desenvolvimento de tecnologias nucleares sustentáveis.


FONTE: SCMP

27 de jul. de 2024

Às vésperas da eleição na Venezuela, Maduro tenta se aproximar de investidores americanos

Alguns executivos do petróleo dos EUA e credores de Wall Street abraçam silenciosamente o presidente; opositores dizem que a democracia é necessária para restaurar o estado de Direito


Por Kejal Vyas - Nicolas Maduro, Venezuela’s president, listens during a meeting with Sergei Lavrov, Russia’s foreign minister, not pictured, at Miraflores Palace in Caracas, Venezuela, on Tuesday, Feb. 20, 2024. Russia and Venezuela agreed to broaden their oil production cooperation, Russia’s Lavrov said from Caracas.

Ansioso por impulsionar a indústria petrolífera, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, visitou uma instalação de bombeamento de petróleo recentemente, quando se voltou para uma câmera de televisão estatal para fazer um discurso de vendas para investidores americanos. 

“Seu investimento é bem-vindo aqui, para que possamos trabalhar juntos rumo a um relacionamento diferente entre os EUA e a Venezuela”, disse Maduro, ao visitar uma fábrica da Chevron que reabriu no ano passado. “Garantimos estabilidade, segurança jurídica, paz, relações onde todos têm a ganhar.” 

Em particular, alguns executivos de petróleo americanos e credores de Wall Street concordam. 

Durante seus 11 anos no cargo, Maduro comandou um colapso econômico que prejudicou o outrora potente setor de energia e levou um quarto da população a deixar do país. Mas, às vésperas da eleição presidencial de domingo (28), ele se vende como o candidato pró-negócios, mesmo que diplomatas e analistas digam que só conseguirá vencer fraudando a votação, como fez seis anos atrás.

Alguns empresários dos EUA que se envolveram em conversas de bastidores com Maduro no ano passado — e pressionaram o governo Biden a suspender as sanções econômicas — dizem preferir “o diabo que conhecemos”, pois veem o regime como uma opção mais estável de investimento. E, pragmaticamente, acreditam que ele permanecerá no poder, seja roubando votos de Edmundo González, diplomata venezuelano aposentado pouco conhecido que as pesquisas mostram que venceria facilmente a eleição, ou cancelando a votação. 

Maduro, embora altamente impopular nas pesquisas, detém todos os mecanismos do poder, dos tribunais aos militares. Se a oposição vencer, dizem os executivos americanos, a Venezuela corre o risco de mergulhar no caos, acabando com as esperanças de restaurar o país como um importante fornecedor de petróleo para os EUA. Um poderoso aliado de Maduro adverte que um governo rival cairia, ecoando o sentimento entre os investidores que temem uma transição confusa liderada pelo retorno dos exilados.

“Isso seria um desastre”, disse um executivo americano que se envolveu com Maduro. “O que você acaba tendo é o pior cenário para a segurança energética da região. Minha recomendação… trabalhar com esse cara por mais seis anos.” 

Nas aparências, o desempenho passado de Maduro oferece pouca confiança em questões econômicas.

Em sua primeira década no poder, a economia contraiu cerca de 80% e a produção de petróleo despencou. O governo entrou em default. As sanções econômicas dos EUA transformaram o país em um pária para os bancos. Mais de mil empresas foram nacionalizadas sob o antecessor de Maduro, Hugo Chávez. A maioria delas colapsou.

No entanto, Maduro diz que só ele é capaz de reviver a Venezuela e promete um “grande diálogo nacional” com todos os atores políticos e econômicos. Porém, ele alertou que haverá um banho de sangue, em suas próprias palavras, se perder a votação.

“Sou um homem de palavra, um cara confiável”, disse ele na visita à fábrica da Chevron, divulgando dez novos acordos que seu governo assinou com investidores, sem nomeá-los. 

Além disso, talvez de modo surpreendente, Maduro ofereceu o que parecia ser um gesto de reconciliação em relação a Biden, falando de seu respeito pela decisão do presidente americano de renunciar à campanha de reeleição. E ofereceu palavras de solidariedade a Donald Trump após a tentativa de assassinato deste mês, um sinal de que pode tentar redefinir as relações se Trump vencer a eleição de novembro.

“Somos adversários, mas desejo ao presidente Trump boa saúde e uma vida longa”, disse Maduro.

Nos bastidores, Maduro tem oferecido oportunidades lucrativas para empresas americanas, na esperança de obter ajuda para convencer Washington a reconhecer seu governo como legítimo e acabar com as sanções, muitas das quais já foram suspensas, de acordo com pessoas familiarizadas com as reuniões em Caracas entre assessores de Maduro e executivos americanos. 

Para um governo que proclama em voz alta seus ideais socialistas e cujos líderes condenam o que chamam de “capitalismo selvagem”, a Venezuela está abertamente fazendo todo o possível para atrair investimentos.

Para os executivos do petróleo, isso inclui retornos generosos e controle operacional sobre joint ventures, nos moldes do cobiçado modelo contratual da Chevron. As condições, que lembram o início da Venezuela como grande produtora de petróleo há um século, incluem a chance de garantir contratos sem licitação e sem a supervisão ambiental comum em outros países. Para quem possui títulos, o governo mencionou a possibilidade de receitas futuras do petróleo, além de negociar diretamente uma reestruturação de cerca de US$ 60 bilhões em dívidas sem intermediários tradicionais como o Fundo Monetário Internacional.

“É incrível o quão longe eles estão dispostos a ir para tornar a situação atraente”, disse Francisco Monaldi, estudioso latino-americano de energia da Universidade Rice. 

Executivos de empresas petrolíferas americanas e europeias, traders de commodities e grandes fundos de dívida, incluindo o Ashmore de Londres e o Greylock Capital, com sede em Connecticut, visitaram a Venezuela para se reunir com empresários e autoridades governamentais para avaliar o clima econômico depois que os EUA afrouxaram as sanções no ano passado. As conversas com assessores de Maduro cobriram tudo, desde desafios de investimento até a eleição dos EUA. 

Um investidor, em sua primeira visita a Caracas, lembrou-se de ruas bem pavimentadas, supermercados abastecidos e refeições ao ar livre em um luxuoso clube de campo. “É uma cidade linda”, disse ele. “Me senti muito seguro.” 

Algumas empresas saíram com novos acordos, entre elas a LNG Energy Group, ligada ao bilionário texano e produtor de petróleo Rod Lewis, que assinou um acordo em abril para assumir cinco campos de petróleo no leste da Venezuela, embora na maior parte do tempo o governo ainda lute para atrair o investimento de que o país precisa.

Maduro às vezes até intercedeu pessoalmente para facilitar os negócios. 

Em uma reunião, um executivo compartilhou a preocupação de ter que negociar por meio do principal interlocutor de investimentos de Maduro, Alex Saab, que enfrentava acusações de lavagem de dinheiro no tribunal federal de Miami até dezembro, quando os EUA o liberaram em uma troca de prisioneiros com a Venezuela. 

Maduro disse ao executivo para deixar Saab de lado e ligar diretamente para o palácio presidencial no futuro. 

“Ele resolveu na hora”, disse uma pessoa com conhecimento do caso. 

Foto: Gaby Oraa/Bloomberg

Outros executivos de negócios, no entanto, não veem estabilidade vindo de um governo autoritário que ainda não é reconhecido por muitos países ocidentais como legítimo. Os investidores em infraestrutura, por exemplo, são a favor de uma transferência de poder para restabelecer o estado de Direito, que garantiria uma receita estável em longo prazo, disse um empresário local sênior.

Uma fraude eleitoral flagrante também dificultaria para os EUA e seus aliados europeus a remoção de medidas punitivas contra o regime, segundo José Ignacio Hernández, ex-conselheiro da oposição. 

“A ideia de que a comunidade internacional mudaria de atitude e o ajudaria como ditador é um mito”, disse Hernández. “A natureza de Maduro é predatória por definição.” 

As empresas continuam enfrentando uma miríade de desafios existentes na Venezuela, incluindo quedas de energia, regulamentações bancárias fracas e falta de dados econômicos confiáveis, disse o economista do petróleo Orlando Ochoa. 

Para os investidores, as perspectivas do país dependem, em última análise, do reconhecimento internacional das eleições, crucial para que a Venezuela restabeleça os laços diplomáticos e comerciais. 

O governo Biden tentou convencer Maduro a realizar uma eleição livre e justa em troca do alívio das sanções, fazendo concessões que permitiram que a Chevron e outras empresas retornassem à Venezuela. Um alto funcionário dos EUA afirmou que a normalização das relações poderia impulsionar a economia venezuelana, conter a migração e permitir que as empresas ocidentais recuperem uma posição em um país onde Irã, Rússia e China fizeram incursões. 

Contudo, grupos de direitos humanos e autoridades dos EUA dizem que Maduro respondeu banindo seus principais rivais eleitorais e prendendo repetidamente dissidentes, mesmo recentemente. Em resposta, o governo Biden retirou em abril uma ampla licença para as empresas petrolíferas americanas operarem na Venezuela, mas tem discretamente concedido licenças individuais para permitir que elas permaneçam no país.

Um dos destaques nas discussões em uma conferência em Londres organizada no mês passado pela Dentons, empresa de consultoria soberana contratada pela Venezuela desde 2017, foi como Maduro conseguiria permanecer no poder e recuperar a legitimidade. O evento reuniu uma série de atores, desde um magnata do rum venezuelano e diplomatas estrangeiros até corretores de títulos e investidores em petróleo. Um pesquisador de Caracas disse aos participantes que Maduro poderia obter uma vitória confiável o suficiente para conquistar a comunidade internacional. 

Mas outros disseram que a única maneira de recuperar a estabilidade econômica e a credibilidade internacional seria se Maduro e seus adversários trabalhassem juntos.

“Vamos dar uma chance à reforma”, disse o mediador do conflito do Sri Lanka, Ram Manikkalingam, em um discurso, baseando-se na brutal guerra civil de seu próprio país.  

Contudo representantes do governo dos EUA e da oposição estavam ausentes da conferência. 

González, o diplomata aposentado que está desafiando Maduro na eleição de domingo, disse que o discurso de investimento do regime é muito pouco, muito tarde, depois que o partido socialista governista passou grande parte das últimas duas décadas esnobando empresas estrangeiras. 

“Poucas pessoas vão levar isso a sério”, afirmou González em uma entrevista. “A realidade é que este é um país que perdeu investimento estrangeiro, maltratou investidores e onde não dá para confiar nas regras.”

Escreva para Kejal Vyas em kejal.vyas@wsj.com

Vermelhou: Republicanos de Duarte e Antônia Lúcia declara apoio à Marcus Alexandre


Alessandro Silva - O tabuleiro político no Acre continua a ser mover, na manhã desta sexta-feira (26), os pré-candidatos a vereador pelo partido Republicano, na capital, realizaram a sua convenção e para surpresa de todos, a sigla promoveu uma eleição interna para decidir qual chapa irão apoiar na sucessão municipal.

Após o votação, com 18 votos, dos 20, o ex-petista Marcus Alexandre, do MDB foi o escolhido.

O que chama atenção, é que a deputada federal Antônia Lúcia esteve na última segunda-feira, 22, na convenção que oficializou a chapa Bocalom (PL) e Alysson Bestene (PP).

Outro ponto controverso é o apoio do deputado federal Roberto Duarte, o qual se denomina de extrema-direita e bolsonarista, que neste ano chamou o candidato do MDB, de eterno afilhado de Jorge Viana, ainda afirmou que o MDB era barriga de aluguel do PT.


Antônia e Duarte não quiseram falar com nossa reportagem

Os deputados federais Antônia Lúcia e Roberto Duarte, expoentes do Republicano no Acre, não quiseram falar com nossa reportagem, no que pesem as seguidas tentativas.

Black Hawks para o EB: assinado o contrato de US$ 451 milhões

Lockheed Sikorsky UH-60M Black Hawk e HH-60M MEDEVAC


Fernando "Nunão" De Martini   - Publicação no DOU informa que contrato inclui ‘armamentos, acessórios, bem como todos os itens e serviços relacionados’ – Boletim do Exército traz o valor de 3,6 milhões de dólares para adiantamento da compra de 12 aeronaves UH-60M Black Hawk

Na última quarta-feira, 24 de julho de 2024, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o extrato de contrato para compra de helicópteros UH-60M Black Hawk por 451,5 milhões de dólares. Conforme o extrato, a assinatura do contrato ocorreu no dia 16.

São poucos os detalhes informados no extrato. Por  exemplo, não é mencionada a quantidade de aeronaves, embora o número de 12 tenha sido informado em publicações anteriores como da DSCA americana.

Porém, no Boletim do Exército publicado nesta sexta-feira, 26 de julho, é informado que a compra abrange 12 helicópteros, assim como o valor do adiantamento do negócio: US$ 3.674.892,00. Também é especificado que a aquisição inclui “armamentos, acessórios, bem como todos os itens e serviços relacionados (Total Package Approach)”.

O valor de US$ 451,560,287.00 publicado no DOU é semelhante ao de 450 milhões informado pela DSCA americana para “aquisição inicial” em “Equipamentos de Defesa Principal”, ao qual poderia se somar “até 500 milhões de dólares em outros equipamentos e serviços”, alcançando um total de 950 milhões.

Os 450 milhões do informe da DSCA incluiriam “doze (12) helicópteros UH-60M Black Hawk; trinta e quatro (34) motores T700-GE-701D (24 instalados, 10 sobressalentes); vinte e oito (28) Sistemas de Posicionamento Global Embarcado EAGLE-M com Navegação Inercial (EGI) ou equivalente funcional (24 instalados, 4 sobressalentes); e vinte e quatro (24) sistemas de rádio AN/ARC-231A.”

Já o armamento estava incluído, no informe original da DSCA, apenas entre os itens que não faziam parte dos chamados “Equipamentos de Defesa Principal”, ou MDE na sigla em inglês, sendo chamados de “não MDE”, numa longa lista que poderia chegar a US$ 500 milhões adicionais aos 450 milhões.

Ainda que não se saiba todos os detalhes sobre o que está incluído na compra, o Boletim do Exército desta sexta-feira informa, em sua página 19, a “autorização para a assinatura da Carta de Oferta e Aceitação referente ao Case FMS BR-B-UAJ, objetivando a aquisição de doze aeronaves UH-60M Black Hawk, armamentos, acessórios, bem como todos os itens e serviços relacionados com a aquisição, os quais fazem parte do pacote denominado Total Package Approach, pelo Exército Brasileiro, por meio do programa Foreign Military Sales.” (grifo nosso)

Segue abaixo a íntegra do Extrato de Contrato publicado na última quarta-feira no DOU (clique nos links dos parágrafos acima para acessar as outras informações e documentos mencionados nesta matéria):


DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Publicado em: 24/07/2024 | Edição: 141 | Seção: 3 | Página: 16

Órgão: Ministério da Defesa/Comando do Exército/Gabinete do Comandante/Comissão do Exército Brasileiro em Washington


EXTRATO DE CONTRATO


EXTRATO DE CONTRATO – CASE FMS BR-B-UAJ


NUP: 64447.024140/2024-92. Acordo do Programa Foreign Military Sales (FMS) – Case BR-B-UAJ, que entre si celebram, a União, por meio da Comissão do Exército Brasileiro em Washington, e o United States Government. Objeto: aquisição de aeronaves UH-60M – Black Hawk, armamentos, acessórios, bem como todos os itens e serviços relacionados (Total Package Approach). Valor:USD 451,560,287.00 (quatrocentos e cinquenta e um milhões, quinhentos e sessenta mil, duzentos e oitenta e sete dólares). Fundamento: art. 75, inciso IV, alíneas “b)” e “g)”, da Lei nº 14.133/2021. Assinatura: 16/07/2024.

Contrato do filho de Lula em Cuba: já vimos este filme antes

Fábio e Luís Cláudio são a face mais aparente do sucesso empresarial do clã Lula da Silva, mas a concorrência não é pequena

Cuba. Foto: Reprodução


Ricardo Kertzman - São tantas as semelhanças entre Lula e Bolsonaro (populismo, incompetência, falta de cultura e conhecimento gerais, autocracia, falas e modos grosseiros, casos de corrupção, egocentrismo etc.) que eu precisaria de duas ou três colunas inteiras para tratar do assunto. Como o tempo é uma mercadoria cada vez mais difícil de se encontrar, prefiro dar atenção à “característica”, talvez, mais aparente de todas: filhos prodígios quando o assunto é ganhar dinheiro.

“Nunca antes na história deff paíff”, uma prole foi tão capaz e tão bem-sucedida assim. Os lulinhas e os bolsokids não erram uma! São como o Rei Midas da mitologia grega, que transformava em ouro tudo o que tocava. Games, imóveis, esportes, chocolate, palestras, cursos, entretenimento… Ser sócio desses caras deve ser a melhor coisa do mundo. Difícil deve ser aguentar, depois, o Judiciário no cangote.

Pelo lado da família da “alma mais honesta deff paíff”, a despeito de uma filha (Lurian Cordeiro) que passou anos vivendo no exterior, amparada financeiramente pela herdeira de uma empresa envolvida em esquemas de corrupção, e posteriormente tendo o marido flagrado, cobrando para marcar reuniões entre empresários e figurões políticos, chamam a atenção dois dos rapazes (são quatro os filhos homens de Lula).


Educador físico e bom de negócios

A LFT Marketing Esportivo é uma empresa que foi alvo da Operação Zelotes, da Polícia Federal, em 2015, que investigou fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Seu dono, à época, era Luís Cláudio da Silva, também proprietário da Touchdown, empresa investigada no âmbito da Operação Lava Jato, em 2017, após delação de executivos da Odebrecht – Luís foi indiciado por lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

Recentemente, o moço ganhou as manchetes policiais outra vez, após sua esposa, Natália Schincariol, acusá-lo por uma cotovelada durante uma briga. Ela também disse ter sido vítima de agressão verbal, moral e psicológica. Após a conclusão do inquérito policial, ele não foi indiciado e o caso foi arquivado. Educador Físico, Luís passou por grandes clubes de futebol, inclusive o Corinthians, “Sem a influência do meu pai”, segundo ele mesmo.

De fato, as coincidências e a sorte não abandonam o filho quando o papis está no Poder. Luís Cláudio assinou um contrato de negócios com uma empresa cubana, no mesmo dia em que o presidente Lula a visitou em Havana, em 15 de setembro último. Como há uma cláusula de confidencialidade, ninguém tem acesso ao objeto do contrato, ou seja, por quanto, como, quais e por que os serviços serão – ou deverão ser – prestados.


Ronaldinho dos Negócios e os bolsokids

Fábio Luiz é o mais velho dos pimpolhos do chefão petista. Biólogo, fez fortuna com uma empresa de games que, apenas em 2004, recebeu 5 milhões de reais da operadora Telemar, atual Oi. Conhecido como Lulinha, após tamanho sucesso empresarial – depois que o pai se tornou presidente da República, claro (antes trabalhava em um jardim zoológico em Santo André, SP) – foi apelidado por Lula como o “Ronaldinho dos Negócios”. 

Após a avalanche de escândalos e denúncias, envolvendo os Lula da Silva durante a Operação Lava Jato, Fábio sumiu do mapa-múndi dos grandes negócios. Contudo, com o papai eleito novamente, “reabriu” a G4 Entretenimento Digital, empresa que prestava serviços à Oi, com sede – vejam só! – em uma sala que está, há anos, bloqueada judicialmente por ter pertencido a um traficante internacional de drogas.

Fábio e Luís Cláudio são a face mais aparente do sucesso empresarial do clã Lula da Silva, mas a concorrência não é pequena, não. Outro clã, o Bolsonaro, também colhe dividendos milionários no mundo dos negócios. Flávio e Jair Renan, filhos de Jair Bolsonaro, não podem reclamar. Principalmente o atual senador, um dos mais brilhantes players do mercado imobiliário nacional e campeoníssimo de venda de panetones de chocolate – inclusive fora de época.


Filhos de peixe…

O amigão do Fabrício Queiroz – mas amigão mesmo, já que o carequinha confessou que pagava contas pessoais do então deputado fluminense, através de “rachadinhas” com funcionários do gabinete, sem “Flavinho Wonka” saber – comprou e vendeu imóveis, às vezes, em parte, usando dinheiro vivo, sempre com lucros fabulosos. Aliás, seu irmão e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, o “Dudu Bananinha”, também. 

O apelido “Wonka” surgiu por outro espetacular sucesso empresarial do bolsokid 01. Ele foi sócio de uma franquia de chocolates, que vendia panetones como nenhuma outra, inclusive fora de temporada (natal), de preferência, não pagos com cartão de crédito – “Dinheiro ou débito, por favor”. Wonka é em alusão ao personagem Willy Wonka (Gene Wilder/Johnny Depp), do icônico filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (original e remake).

Já o 04, Jair Renan, aprendeu rápido e começou a carreira de “filho de presidente” bem cedo. Igualmente, já se meteu em enroscos judiciais precocemente. Com apenas 26 anos, o rapaz é réu, acusado de fraude em empréstimos bancários e responde por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e uso de documento falso, além de ser investigado por tráfico de influência. Ou seja, nada mal se comparado aos filhos presidenciais acima, não é verdade?

Avanço da energia renovável dá um novo gás para as termelétricas. Entenda o paradoxo

O mercado aposta em energia verde, e isso abre espaço para mais térmicas. O motivo? Segurança energética

Por Rikardy Tooge - Entre os bilhões em investimentos para ampliar a oferta de energia elétrica a partir de fontes renováveis no Brasil, dois dos movimentos empresariais mais recentes do setor chamaram a atenção pelo contraste com a pauta em voga. 

Enquanto o que mais se viu nos últimos anos era uma avalanche de dinheiro para projetos de usinas solares e eólicas, Eneva e Âmbar Energia assinaram R$ 7,6 bilhões em cheques nas últimas semanas para a compra de quase duas dezenas de usinas termelétricas movidas a diesel ou a gás natural.

Esses ativos emitem uma grande quantidade gases de efeito estufa (GEE), ainda que as térmicas tenham uma participação anual pequena na comparação com o total de GEE que o país emite (0,85% – até porque as termeléricas a combustível fóssil respondem por apenas 8,9% da nossa matriz elétrica).

A dúvida que surgiu após os negócios da dupla Eneva e Âmbar, inclusive entre executivos, é a seguinte: porque ainda existem empresas que investem em usinas termelétricas se o futuro é “verde”?

A resposta é mais simples do que se pode imaginar: precisamos das térmicas para o sistema elétrico funcionar funcionar em sua plenitude – e vamos continuar precisando, provavelmente, por um bom tempo.


A qualquer hora

O motivo que justifica o investimento em termelétricas tem a ver justamente com a ascensão de projetos de usinas eólicas e solares. As duas fontes são atualmente responsável por 33,4% da energia elétrica gerada no país e com tendência de ainda mais crescimento para os próximos anos.

Apesar de sua inegável sustentabilidade, essas matrizes são intermitentes – não produzem energia 24 horas por dia, sete dias por semana. Então alguém precisa “carregar o piano” quando não há sol ou falta vento – prazer, usina termelétrica.

Tem mais. A necessidade das térmicas também surge em períodos de estiagem, quando as hidrelétricas, responsáveis por 48% da nossa matriz atual, não conseguem desempenhar todo seu potencial, a exemplo do que ocorreu na seca de 2021 e na crise do “apagão” do início dos anos 2000. Por isso que, com certa frequência, o governo federal promove leilões de compra de energia termelétrica, os chamados leilões de reserva de capacidade, para garantir esse equilíbrio.



E não é que falte energia elétrica no país, pelo contrário: sobra energia na maior parte do dia. Só que há um descasamento entre o ápice da oferta (o período diurno, favorável a ventos e, claro, com sol) e o ponto alto da demanda, no início da noite. Até existem estudos para que, no futuro, baterias possam armazenar a eletricidade gerada pelo sol e pelos ventos, mas hoje é um tecnologia cara e com baixa escala.

“O sistema elétrico precisa de fontes despacháveis [que conseguem gerar eletricidade a qualquer momento]. É isso que traz a nossa segurança energética. Se não choveu o suficiente, se não ventou ou o dia está nublado, é a térmica quem vai segurar”, resume Marcelo Cruz Lopes, diretor de comercialização e novos negócios da Eneva.


Jogo de forças

A Eneva, empresa que tem a família Moreira Salles entre seus investidores, anunciou recentemente a compra de quatro usinas termelétricas de um de seus acionistas, o BTG Pactual, por R$ 2,9 bilhões, em uma operação que foi amarrada com um aumento de capital (“follow-on”) de R$ 4,2 bilhões.

Poucas semanas antes, em meados de junho, a concorrente Âmbar Energia, controlada pela J&F Investimentos da família Batista, comprou 13 ativos de geração termelétrica da Eletrobras por R$ 4,7 bilhões. A aquisição deverá colocar a companhia como a terceira maior do segmento no país, atrás justamente de Eneva e Petrobras. 

Outro player que está investindo na energia termelétrica é a GNA, uma joint venture entre Prumo, BP, Siemens e SPIC Brasil, que tem hoje a terceira maior usina do país em São João da Barra (RJ). O grupo afirma que pretende investir R$ 10 bilhões na tese de gás natural na América Latina até 2025.

“Nós acreditamos na geração termelétrica e entendemos que é um mercado que ainda pode crescer. Por mais que a gente reconheça a importância das fontes renováveis, o sistema vai requerer um crescimento das fontes despacháveis”, reforça Lopes, da Eneva. Inclusive, a companhia divulgou nesta semana a intenção de investir mais R$ 4 bilhões para ampliar a capacidade de seu principal parque térmico, localizado no Sergipe, caso vença o próximo leilão de reserva de capacidade do governo federal, ainda sem data prevista para ocorrer.

Marcelo Cruz Lopes, diretor de comercialização e novos negócios da Eneva

Vale destacar que os investimentos em energia verde seguem firmes. Bem firmes. No ano passado, foram US$ 25 bilhões destinados para iniciativas renováveis – o Brasil só ficou atrás de China e Estados Unidos no quesito investimento em matrizes renováveis, segundo levantamento da BloombergNEF.

Por outro lado: se a termelétrica é quase como um backup da energia renovável, quanto mais a matriz verde cresce, mais a retaguarda precisa acompanhar.


Cenários

Nessa lógica, cria-se outro desafio, lembra David Zylbersztajn, professor da PUC-RJ e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP), o da viabilidade econômica. “As termelétricas têm um custo elevado e não dá para apenas pensarmos nelas como um backup. Agora, como dar essa viabilidade para as termelétricas – e se, de fato, serão elas a ter esse papel – é uma política que o Estado precisa ser definir.”

Pois bem. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), braço do governo federal responsável por desenhar os cenários de longo prazo para que os governantes decidam, dá algumas pistas. No relatório de perspectivas para o Brasil de 2050, a EPE fez um comparativo entre um cenário em que caminhamos para uma matriz elétrica 100% renovável; outra sem restrição de emissões (com 7,8% da matriz não-renovável) e uma com o governo restringindo a emissão dos GEE (o que daria 5,75% de fontes não-renováveis).

Dentre os cenários, a segunda opção foi a que melhor equilibrou a sustentabilidade com a economia. Na primeira opção, a geração de eletricidade teria um custo estimado de R$ 794 bilhões em dinheiro de hoje. Na segunda, com a escolha das matrizes a critério do mercado, R$ 742 bilhões. A terceira, com a imposição governamental de restrições, custaria R$ 772 bilhões – e teria uma presença de energia não-renovável muito parecida com a do segundo cenário. Isso acontece porque o grosso das empresas tem metas agressivas de redução nas suas emissões.

“Caso as perspectivas de custos utilizadas neste estudo se confirmem, uma matriz de baixo carbono é obtida a menor custo por meio de uma expansão que não se limita apenas às fontes renováveis”, diz a EPE, no relatório.


Os grandes consumidores

Outro ponto que não pode ser menosprezado é que as indústrias, as reais grandes consumidoras de energia, precisam de fontes despacháveis para garantir sua operação e que, em alguns casos, também dependem do gás natural (principal combustível das termelétricas) para o funcionamento de suas caldeiras, fornos e afins.


Essa é a situação da Braskem

A gigante petroquímica gasta algo próximo a US$ 1 bilhão por ano em energia – 5% de seu custo. A empresa, inclusive, tem três usinas termelétricas para consumo próprio, sendo a maior delas na planta de Camaçari (BA).

Hoje, 90% do volume de energia consumido pela Braskem no mundo vem de fontes térmicas, especialmente o gás natural para seus fornos, enquanto 10% do consumo é eletricidade. E, pelo menos no curto e médio prazos, será difícil mudar essa proporção.

“O desafio hoje é termos mais ativos industriais movidos a eletricidade e menos térmicos, mas hoje ainda não temos essa tecnologia. Não existe um forno industrial movido a eletricidade. Temos uma necessidade diária de gás natural”, explica Gustavo Checcucci, diretor de energia e descarbonização industrial da Braskem e que também é conselheiro do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Temos condições de substituir alguns itens da fábrica, como as turbinas, mas não são os principais consumidores de energia.”

Embora não seja uma transição fácil, a Braskem tem procurado diminuir o impacto de sua operação eletrificando o que é possível. A empresa tem dez projetos em renováveis, com o investimento ocorrendo por meio de parcerias – na prática, uma empresa especializada na geração de energia limpa constrói um projeto que se financia por um contrato longo de fornecimento, geralmente de uma década ou mais, para a Braskem.

Gustavo Checcucci, diretor de energia e descarbonização industrial da Braskem

Foi o que ocorreu, por exemplo, em um acordo de R$ 400 milhões com a francesa Veolia para a produção de energia renovável a partir da biomassa de eucalipto em Alagoas, com fornecimento garantido para a Braskem por 20 anos. Ou o contrato de R$ 2,1 bilhões com a Casa dos Ventos para o recebimento de energia elétrica gerada por dois parques eólicos no Rio Grande do Norte em um acordo de 22 anos.

Até 2030, a Braskem pretende emitir 15% menos (ou 1,6 milhão de toneladas de CO2) do que emitia em 2020 e ter 85% da energia comprada vinda de fontes renováveis – índice que está atualmente em 80%. A transição por lá tem que sempre priorizar competitividade e confiabilidade e, neste momento, a energia térmica é a segurança. “Hoje em dia nada é mais confiável do que a energia térmica”, completa Checcucci.