1 de jul. de 2015

DOUTORA TARAUACAENSE DESENVOLVE PESQUISA PREMIADA NOS ESTADOS UNIDOS


Doutora acreana desenvolve pesquisa premiada nos Estados Unidos

Drª  Sonia ao lado direito da foto
                                       
George Naylor - A notícia que entrou em destaque nos principais tablóides especializados dos Estados Unidos colocou em evidência a doutora acreana, Sonia Rocha Sanchez, que saiu de Tarauacá município distante 400 km da capital do Estado, Rio Branco para hoje, ser uma das principais pesquisadoras da Universidade de Creighton na Califórnia.

Sonia Rocha-Sanchez que foi aluna da rede pública no Acre, estudando na escola Serafim da Silva Salgado e no Instituto de Educação Lourenço Filho,  recebeu recentemente, um prêmio muito importante concedido pelo Instituto Nacional da Saúde Americano (NIH) em reconhecimento pelo desenvolvimento de uma nova técnica vista pelos especialistas como revolucionária, voltada para controlar a expressão de genes específicos e auxiliar diretamente na regeneração de células e tecidos.

A conceituada doutora, que hoje é um dos principais nomes da área, já reside nos Estados Unidos há mais de 15 anos, é PHD, professora de Biologia Oral e Ciências Biomédicas das Faculdades de Odontologia e Medicina da Universidade de Creighton, geneticista especialista em Biologia e Fisiologia do ouvido interno e atualmente é responsável pela pesquisa e desenvolvimento de um método específico para modificar temporariamente a expressão do gene retinoblastoma-1 (RB1) em camundongos de laboratório. A técnica desenvolvida pela pesquisadora acreana tem como intuito principal permitir o crescimento de células ciliadas do ouvido interno e, potencialmente, restaurar a audição e equilíbrio, normalmente perdidos devido à ausência dessas células.

Exclusiva

A Dra. Sonia Rocha que também se graduou em Biologia na Universidade Federal do Acre (Ufac), concedeu, na manhã de ontem, 18, uma entrevista exclusiva a nossa equipe de reportagem onde na ocasião falou sobre a sua jornada acadêmica, desafios profissionais, trabalho em outros países e detalhou a sua pesquisa voltada à regeneração das células responsáveis pela audição que já é vista pelos especialistas como uma das mais promissoras da atualidade.

A renomada pesquisadora iniciou a entrevista falando sobre o início da sua história acadêmica nas escolas públicas de Rio Branco. “Sou acreana de Tarauacá e os meus pais, até hoje, moram em Rio Branco. Iniciei os meus estudos do 1° ao 8° ano na escola Serafim da Silva Salgado e conclui o segundo grau no Instituto de Educação Lourenço Filho. Entrei na Ufac onde conclui o curso de Biologia e em seguida, passei no mestrado na UFV e tive que graduar sozinha, antes da minha turma para poder começar os estudos voltados para Genética em Viçosa”, relatou a especialista em genética, Physiology do ouvido.

Sonia Rocha ficou em primeiro lugar no doutorado em Biologia Celular e Molecular da Unicamp, quando conseguiu uma bolsa de estudos na Espanha, onde concluiu o PHD em Biologia Celular e Molecular/Genética de população.

“Quando acreditamos nos nossos sonhos e no potencial do nosso trabalho duro o resultado sempre é favorável. Espero que o meu trabalho possa incentivar outros acreanos a alcançarem os seus sonhos”, afirmou.

Pesquisa premiada

A pesquisa da Dra. Rocha-Sanchez, foi publicada na revista Fronteiras da Neurosciencia Celular (Frontiers of Cellular Neuroscience) em fevereiro do ano em curso e automaticamente várias outras importantes revistas do meio científico, incluindo o prestigiado periódico Jornal de Neurosciencias (Journal of Neuroscience) também repercutiram o assunto.

A especialista detalhou, durante a entrevista, como iniciou a pesquisa que lhe rendeu um prêmio financeiro com o intuito de aprimorar a técnica em terapia gênica e avaliar o seu potencial no tratamento de seres humanos.


“Depois que conclui meu PHD na Espanha, fui selecionada para fazer pós-doutorado em Genética humana nos Estados Unidos. Minha pesquisa de pós-doutorado foi em Neurociência o que me permitiu aprender sobre fisiologia e genética do ouvido. Eu fui a primeira pós-graduada estrangeira a conseguir uma bolsa integral para fazer a pesquisa na Universidade de Creighton e quando conclui o pós-doutorado fui contratada pela Universidade”, explicou a pesquisadora.

Rocha-Sanchez falou ainda sobre o seu objetivo com a pesquisa detalhando  os critérios avaliativos para o reconhecimento do trabalho. “O foco principal dessa pesquisa é desenvolver terapias para proteger as células ciladas do ouvido e promover um processo de regeneração quando danificadas o que resulta na cura da surdez e dos problemas de equilíbrio. Uma vez que as novas células se regeneram nos retornamos a expressão gênica ao seu estado original. RB1, como muitos outros genes no nosso DNA, é um gene bastante importante e sua eliminação completa deve ser evitada a qualquer custo”, explicou.

Em relação ao reconhecimento da pesquisa e os prêmios concedidos ao trabalho a doutora afirmou que se sente muito honrada em conseguir esse destaque envolvendo o seu trabalho.

“O processo é bastante complicado e competitivo. Envolvendo todas as universidades e centros de pesquisas do continente americano e territórios fora do continente. O comitê de seleção é escolhido pelo Ministério que consiste de doutores de universidades de prestígio de dentro e fora dos Estados Unidos. Esse prêmio que a pesquisa recebeu em fevereiro é apenas um de vários outros que já foram concedidos tanto pelo Ministério da Saúde Americano quanto de empresas privadas e fundações. Não esperávamos toda essa repercussão e estamos muito satisfeitos com os resultados”, relatou.

Antes do desenvolvimento dessa nova técnica, os pesquisadores contavam com apenas duas alternativas para modular a expressão do gene retinoblastoma: estimular sua expressão máxima, ou eliminá-lo completamente do genoma.

Falta de oportunidade no Brasil

Ao termino da entrevista a pesquisadora declarou que tentou desenvolver a pesquisa no Brasil, mas pela falta de incentivos ficou desestimulada a regressar ao seu país de origem.

“Eu tentei e tentei bastante voltar para o Brasil. No meu último ano na Espanha em 2002, tentei de tudo para voltar e trabalhar, mas como era ano eleitoral não teve condições. Minha única opção era voltar ao Brasil desempregada ou ir para os Estados Unidos com emprego garantido, Green Card entre outros benefícios. A falta de opção do meu próprio país fez minha decisão ser bem mais fácil, mas espero de alguma forma, poder incentivar os pesquisadores acreanos a alcançarem seus desafios e acreditarem nos seus sonhos”, finalizou.
Nota do Blog: O subtítulo é o título original

Um comentário:

  1. PARABÉNS A CONTERRANEA TARACAUENSE, DEUS LHE PROTEJA SEMPRE, É SÓ ISSO QUE PRECISA.

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