6 de jan. de 2017

Calma lá meu irmão


Estive participando de recente evento na Cidade do Povo, onde o Governo do Estado realizou a entrega de casas populares a pessoas que viviam em área de alagação.



Victor Augusto -Tudo corria bem, pessoas de baixa renda sendo agraciadas com imóveis que seriam seus, servidores satisfeitos por conseguir inserir um grande valor na vida dessas pessoas, quando o senador acreano e vice-presidente do Senado utiliza sua fala para lembrar as mudanças que Rio Branco passou e valorizou o trabalho do prefeito e do governador.

Tudo muito bacana, pessoas elogiando e reconhecendo, de fato, um bom trabalho. Quando esse parlamentar relata que no Acre tudo está caminhando bem graças aos esforços de presidente A, B e por aí acabou, mas só se vê coisas negativas no Estado porque a imprensa não colabora e precisa reconhecer o seu lugar.

O parlamentar pode até conhecer a cidade toda na palma de sua mão, mas precisa voltar ao convívio da população. Não foi a imprensa que inventou a crise que a Segurança Pública passa contra a criminalidade. Enquanto o secretário apresentava balanços sobre redução de crimes, um policial militar era morto. A imprensa comanda os atentados? E foi a imprensa que criou uma cena inusitada, onde presidiários realizaram protesto por falta de segurança nos presídios?

As empresas para sobreviverem precisaram se afastar do poder público para tentar ganhar um fôlego enquanto esperam sem data para efetuarem seus pagamentos de serviços prestados. A imprensa que motiva pais de família a irem para rua reclamar?

Certa vez presenciei um colega pegando a chamada “comida de rabo” por ter feito matéria que mostrava a realidade do setor industrial, da queda no comércio, do desabamento da produção e que ele deveria ter feito matéria positiva por já ter sido membro do projeto. A culpa é da imprensa que mostra o pedido de socorro de empresários que querem viver dignamente com seus funcionários?

Como disse uma amiga, "o nobre deveria visitar, sem staff e sem agendamentos, uma fábrica, uma olaria, um comércio, uma empreiteira, uma empresa regularmente estabelecida em Rio Branco e que não funcione sob apadrinhamento governamental. Talvez seja interessante também visitar uma grande obra, ou quem sabe o Sindicato da Construção Civil. Ops! Este sindicato fechou por falta de sindicalizados!!!"

Os poderes devem ser distintos, nobre parlamentar, a imprensa faz o seu papel, ela mostra desde as pautas "cara de macaco" de uma opinião ou fotos midiáticas de panfletagem em semáforos da cidade e pautas de interesse da sociedade em querer melhorias.

A imprensa não tem culpa se secretários ou assessores que deveriam viabilizar esse diálogo dos poderes públicos com a sociedade não fazem o seu trabalho. Começamos o ano com a tragédia de um jovem que morreu nas águas de um igarapé por falta de uma ponte. O que o poder público fez? Fez cara de paisagem e argumentou não ter conhecimento, enquanto a oposição ia lá marcar território e oferecer ajuda, mesmo que fosse uma palavra de conforto.

Se o experiente parlamentar ainda não aprendeu na sua jornada política com a imprensa, quem deve fazer o papel de mostrar o lado bonitinho das coisas é a assessoria e não quem está ralando todos os dias nas ruas, tirando leite de pedra enquanto ocorrem as negociatas com donos de veículos de comunicação, que tentam usar esses guerreiros da comunicação como testa de ferro.

O Acre não é mais um "Estado das Maravilhas repleto de Alices", onde tudo que era passado do seu poder para a mídia era engolido a seco. A informação está nas mãos de todo e qualquer um. Viva a realidade de nossa gente como faz o prefeito desta cidade, o único e se não o último elo do executivo com o povão. Seja pé no chão e não floreei coisas lindas que lhe dizem.

Finalizo o primeiro de muitos artigos que virão a cada desrespeito comigo e meus colegas, lembrando que o tempo de coronelismo de barranco já acabou e que os tempos são outros. Paguei meus estudos vendendo salgados, trabalhando em loja, andando de porta em porta no comércio com o sol acreano na cabeça enquanto vendia produtos. Se sofrer represália não tenho medo de começar tudo de novo, mas não baixaremos a cabeça. Quem tem que reconhecer o devido lugar é o senhor. Me poupe, nos poupe e poupe-se!

Victor Augusto de Farias é jornalista e presidente do Sindicato dos Jornalistas do Acre

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