A petroleira divulgou um plano de negócios para 2020-2024 que animou o mercado; o BB, segundo analistas, tem enfrentado bem o cenário desafiador
(Shutterstock)
Anderson Figo - O plano estratégico da Petrobras (PETR3, PETR4) para o período de 2020 a 2024 foi bem-recebido por analistas, que seguem otimistas para a estatal no longo prazo.
Na semana passada, a empresa anunciou que prevê investimento total de cerca de US$ 75,7 bilhões nos próximos quatro anos. Desse total, US$ 64,3 bilhões (85%) serão alocados em exploração e produção de petróleo (E&P).
A estimativa para produção de petróleo e gás consolidada foi de 3,5 milhões de barris equivalentes/dia (mboed) em 2024, em comparação a estimativa anterior para 2023 de 3,4 mboed. Isso implica um aumento na produção de 6,7% em 2020 a 2024 em comparação a 5,0% no plano anterior.
A estatal também revelou uma meta de venda de ativos entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões para o período de 2020 a 2024, da qual a maior parte deve ser concentrada entre 2020 e 2021. Essa meta se compara aos US$ 26,9 no plano anterior.
A empresa também manteve a meta de atingir a relação Dívida Líquida/Ebitda de 1,5x ainda em 2020. Em 2021, a Petrobras acredita que deve atingir sua meta de US$ 60 bilhões de dívida bruta, ponto a partir do qual a companhia poderá começar a pagar dividendos segundo sua nova política (60% de sua geração de caixa operacional menos investimentos).
Para o analista Gabriel Fonseca, da XP, o plano não trouxe grandes surpresas. “Apesar de reconhecermos que a companhia apresentou metas mais realistas de produção no curto prazo, acreditamos que deverá haver volatilidade nas estimativas de produção de petróleo e gás no longo prazo, uma vez que um aumento de 6,7% da produção ao ano não parece tão óbvio com estimativas de investimentos menores em relação ao plano anterior.”
Fonseca afirmou que segue otimista com as ações da Petrobras. Isso porque a direção da companhia, na visão do analista da XP, permanece comprometida com suas metas de melhora operacional e redução do endividamento.
“A peça chave desse processo é o plano de venda de ativos da companhia, para o qual estimamos um potencial de arrecadação entre US$19,8 bilhões e US$23,3 bilhões (ou R$75,2 a R$88,4 bilhões)”, disse.
“Além disso, notamos que por mais que a nova política de dividendos da companhia de 60% da geração de caixa pareça muito distante agora, ela se traduz em um potencial dividend yield de 9%, o que acreditamos que não estar precificado atualmente”, completou Fonseca.
Também otimistas, os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka, do Bradesco BBI, destacaram o capex mais baixo e o crescimento saudável da produção, o que, na visão deles, deve melhorar os níveis de ROIC (retorno sobre capital).
“A chave parece ser entender por que a produção de 2020 parece nitidamente abaixo das expectativas do mercado. Também acreditamos que será vital abordar outras questões, como: o plano inclui o acordo de transferência de direitos (ToR) com os chineses? (acreditamos que não); o plano inclui qualquer refino nas vendas? (também acreditamos que não); e quais ativos poderiam ser vendidos como parte de seu programa atualizado?”, disseram.
A equipe de análise do Itaú BBA ressaltou que a meta de produção da estatal ficou abaixo de suas expectativas e que provavelmente revisará seus números para baixo. Ainda assim, o analista André Hachem manteve a recomendação outperform — desempenho acima da média do mercado — para a petroleira.
“Atualmente estamos subestimando a baixa participação do governo, pois a produção da Petrobras está migrando para os regimes de ToR (transferência de direitos de exploração) e de compartilhamento de produção no campo de Búzios — isso provavelmente compensará a meta menor de produção”, afirmou Hachem.
Banco do Brasil
Outra estatal no radar dos investidores é o Banco do Brasil (BBAS3), que realizou na semana passada uma reunião com analistas e investidores, durante a qual a alta administração discutiu resultados recentes e a estratégia do banco.
Segundo Marcos Assumpção, do Itaú BBA, apesar de uma perspectiva desafiadora (aumento da concorrência e impostos mais altos), a administração observou que o lucro líquido poderia crescer 10% anualmente, suportado por sólida expansão de crédito (principalmente no varejo e PME) e controle de custos.
“O banco também lançou luz sobre seus esforços para se tornar mais digital e para crescer e renovar sua base de clientes”, disse. “O lucro líquido pode crescer 10% em 2020, em um forte ciclo de crédito e iniciativas de redução de custos.”
Os analistas do BTG, por sua vez, enxergaram uma melhora nos resultados do banco desde o início do ano. “A parceria anunciada com o UBS no setor de banco de investimento foi bem-vinda pelo mercado e, se ela for replicada para o braço de gerenciamento de ativos, com um parceiro internacional importante, então um valor adicional poderá ser desbloqueado.”
Eles continuam com uma visão positiva para as ações do Banco do Brasil nos níveis atuais, mas afirmaram que sua recomendação neutra para os papéis permanece inalterada, por ora.
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