Engenharia garante obras para o progresso da Amazônia
Ponte Construída pelo Setor de engenharia do Exército |
Foto Cláudio Vieira
Mais de 2.000 militares em quatro batalhões abrem estradas e fazem pontes onde nenhuma construtora deseja trabalhar
Xandu Alves- Enviado especial a Manaus - O desenvolvimento da região amazônica conta com uma ‘arma’ indispensável: os batalhões de engenharia do Exército Brasileiro. Para se ter uma ideia, mais de 90% das estradas construídas na Amazônia foram feitas por militares do Exército.
Isso porque pouquíssimas construtoras se aventuram a enfrentar os desafios da selva para abrir estradas ou construir pontes.
As dificuldades começam com a questão logística, de levar máquinas pesadas aos confins da região Norte, e passam pela falta de peças de reposição, temporada de chuvas e a exigência de manutenção constante dos equipamentos --o calor e a umidade excessivos danificam as máquinas.
Tudo isso é enfrentado rotineiramente pelos cerca de 2.000 militares do Exército que trabalham em quatro batalhões e uma companhia de engenharia de construção do Exército na Amazônia.
BR 319
Para conhecer o trabalho de desenvolvimento da região Norte, a equipe do jornal O VALE viajou quase 400 quilômetros entre Manaus e o município de Castanho (AM), através de estradas e pelos rios Negro e Solimões, para ver de perto as obras na BR 319.
Trata-se de uma rodovia de 860 quilômetros inaugurada em 1973, que liga a capital do Amazonas com a capital de Rondônia, Porto Velho.
O Exército é responsável por recuperar um trecho de 268 km da estrada, que ficou abandonada por mais de uma década. Os militares também estão reconstruindo 60 pontes de madeira ao longo da rodovia, erguendo pontes de concreto. As obras seguem em ritmo acelerado.
“A engenharia faz obras na estrada durante cinco meses no ano. O trabalho é limitado pelo regime de chuvas da Amazônia, que dura sete meses”, explicou o major Luis Cláudio Brion, 39 anos, analista de obras do 6° BEC (Batalhão de Engenharia de Construção).
Sediado em Boa Vista, Roraima, o batalhão finalizou na semana passada uma ponte na BR 319, além dos acessos e da recuperação da vegetação ao redor da construção.
Guerra ambiental
Para o comandante do 6° BEC, tenente coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, ex-oficial de comunicações do Exército em Caçapava, os batalhões de engenharia também têm a responsabilidade de preservar o meio ambiente, além de colaborar com o desenvolvimento.
“Fechamos o ciclo. O Exército combate os crimes ambientais na selva e nós, da engenharia, trabalhamos pela recuperação ambiental”, disse.
Nesse contexto, o 6° BEC se destaca com projetos ambientais inovadores. A sede do batalhão abriu em agosto deste ano o primeiro horto de Roraima, que possui apenas 15 cidades e 450 mil habitantes. Já foram doadas 4.800 mudas de árvores.
Obras
Atualmente, o Exército tem contratado aproximadamente R$ 400 milhões em obras na Amazônia, que vão desde a construção e recuperação de estradas, pontes, portos e aeroportos, além de unidades do próprio Exército.
Para se ter uma ideia das dificuldades que a engenharia enfrenta, o calor e umidades excessivos da região Norte obrigam os contratos a levar em conta o que o Exército chama de ‘fator amazônico’, que acaba encarecendo os custos de uma obra.
O desgaste de peças e maquinário, a exigência de manutenção constante e a utilização de materiais com durabilidade reforçada estão na lista dos itens que tornam mais caras as obras na Amazônia.
“O resultado é que poucas empreiteiras aceitam vir trabalhar na região. Quem acaba aceitando os serviços é o Exército, que tem estrutura e conhecimento da realidade amazônica”, afirmou o Coronel Ribeiro.
Orgulho
É possível identificar entre os militares da engenharia a satisfação pelo trabalho executado nos rincões do país. Poucas pessoas sabem o que eles estão fazendo. Mesmo assim, eles se dizem felizes com a missão.
“Representamos bem a mão amiga do slogan do Exército”, disse o tenente coronel.
Exército cria horto florestal em Roraima
O único horto de Roraima está construído dentro do quartel do 6° BEC (Batalhão de Engenharia de Construção), em Boa Vista. Inaugurado em agosto, o viveiro de mudas tem capacidade para produzir 10 mil mudas de árvores nativas.
Desde que foi aberto, o horto já doou 4.800 mudas para escolas e entidades da capital. A meta é ampliar a doação. Para tanto, o batalhão estuda dobrar a área de viveiro, que tem 360 metros quadrados.
Quem cuida das plantas é a sargento Rúbia Cristine Modesto, 37 anos, engenheira agrônoma que fez do horto um laboratório de árvores nativas.
Ela conta com a colaboração de uma técnica agrícola e de um engenheiro florestal, todos militares. Eles seguem à risca a recomendação do tenente coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, comandante do 6° BEC: “A proteção ambiental é uma guerra para preservar o patrimônio do país”.
Castanha
Entre as espécies cultivadas no horto, estão tipos nativos como pequi, castanha, tatajuba e açaí. Algumas das plantas correm risco de extinção, como a castanha.
“Conseguimos acelerar a produção da castanha da Amazônia de três anos para quatro meses. A semente já começou a nascer e isso foi surpreendente”, contou Rúbia.
Não à toa, o horto foi batizado com o nome indígena de Komani, que significa ‘arvore do viver’.
Nota do Blog: Enquanto empreiteiras famosas sugam esse país, o Exército Brasileiro dá o exemplo.
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