ALÉM DO SENADOR JEAN CHARLES MOISES, OUTROS GRUPOS SÃO CONTRA A PERMANÊNCIA DOS PAÍSES INTERVENTORES
Gemma Macellaro – Especial para o 180graus
Clipping - A oposição às ações da MINUSTAH (Missão de Paz das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) ganha voz na política haitiana. O senador haitiano Jean Charles Moises questiona a presença das forças armadas internacionais e a postura do Brasil na reconstrução do país.
A Minustah entrou no país em 2004 com previsão de saída para 2011, no entanto o terremoto ocorrido em 2010 prolongou a permanência das tropas. Na última sexta-feira, 10 a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu por prorrogar a permanência dos apoiadores estrangeiros até outubro de 2014, com a redução gradativa do número de soldados. De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a justificativa para a continuidade é porque o Haiti ainda passa por um conflito armado e os trabalhos da frente internacional são necessários para estabelecer a ordem e a segurança.
Nesse processo de falência do país, o senador Jean Charles defende a saída das tropas estrangeiras e é autor também de um projeto de lei. Ele afirma que a missão de paz no Haiti tem o objetivo de assegurar o domínio político e econômico de outros países por intermédio da intervenção militar brasileira. “Quem ocupou realmente o Haiti foram os Estados Unidos, a França e o Canadá.”, explica. A justificativa, para o senador, seria a estratégia estadunidense de usar a imagem do Brasil para facilitar a presença da Minustah no Haiti. “Os norte-americanos foram estratégicos, porque uma invasão com brasileiros é aceita pela população, já que existem semelhanças culturais entre os países”, afirma.
O Exército Brasileiro se defende das acusações. Segundo o coronel José Mateus Teixeira Ribeiro, oficial do CCOMSEx (Centro de Comunicação Social do Exército), em entrevista aos alunos do Curso de jornalismo em Situações de Guerra em São Paulo, o Brasil não tem interesse econômico no Haiti. “Quando fui ao Haiti só vi apenas três produtos de origem brasileira no país. Definitivamente, o Brasil não esta lá para garantir interesses políticos ou econômicos”, afirma.
Outros também querem a saída
Além do senador Jean Charles Moises, outros grupos são contra a permanência dos países interventores. Em junho deste ano foi realizado em Porto Príncipe, capital do Haiti, a Conferência Continental Contra a Ocupação Estrangeira e Retirada das Tropas da Minustah. O evento contou com uma delegação brasileira, organizada pelo comitê “Defender o Haiti é Defender Nós Mesmos”, e também com grupos da Argentina, Argélia, Estados Unidos, França, El Salvador, Guadalupe e México.
FONTE: 180graus/VIA FORTE
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