Investigada na Lava Jato, empresa teria suspendido atividades após ações na Justiça determinarem o arresto dos ativos. Companhia busca recursos para evitar pedido de falência
A Schahin Petróleo e Gás, operadora de plataformas petrolíferas para a Petrobras, busca no mercado uma linha de crédito para evitar pedido de falência, informaram duas fontes familiares com o assunto. Enquanto isso, a empresa suspendeu as operações de algumas das sondas de perfuração contratadas pela estatal, uma vez que credores pedem à Justiça que os ativos sejam usados como garantia para o pagamento de dívidas. O valor dos bônus emitidos pela empresa no mercado internacional despencou. A Schahin pode apelar à recuperação judicial ainda esta semana, disse uma das fontes, que pediu anonimato.
Por volta do meio dia de ontem, os bônus da Schahin com vencimento em 2022 caíam US$ 0,09, para US$ 0,51 em Nova York, a pior queda e o valor mais baixo desde que foram vendidos em março de 2012. A captação, na qual a empresa levantou US$ 651,5 milhões, está garantida pelo fluxo de caixa gerado por contratos de longo prazo com a Petrobras para aluguel da sonda Sertão. A empresa tem seis sondas contratadas com a Petrobras e, segundo informações do mercado, cinco delas estariam com as operações paralisadas. A Schahin disse que não comentará o assunto. Procurada, a Petrobras também não se manifestou.
No mês passado, a Fitch Ratings rebaixou os bônus Schahin II Finance para BB-, três degraus abaixo do grau de investimento, citando a alta alavancagem e as condições de crédito mais difíceis. A unidade de engenharia do grupo, Schahin Engenharia, está entre as empresas que foram banidas temporariamente de novas licitações da Petrobras por causa das investigações da Operação Lava Jato. O banco HSBC acionou a companhia na Justiça por uma dívida de US$ 56 milhões em notas promissórias não pagas.
Embora não tenha nenhum executivo preso, a Schahin é uma das empresas que vêm apresentando dificuldades financeiras depois de serem incluídas na lista de empreiteiras investigadas por suposto pagamento de propina para conseguir contratos com a Petrobras. Cinco delas já deram início a um processo de recuperação judicial: OAS, Galvão Engenharia, Alumini Engenharia, Iesa e Jaraguá.
Fundo sueco também vai processar a Petrobras
Depois de investidores americanos irem à Justiça contra a Petrobras para tentar recuperar perdas, um fundo de pensão sueco, o AP1, que em dezembro detinha 3,7 milhões de papéis da empresa, engrossou a lista de processos contra a petroleira em tribunais no exterior, na esteira dos escândalos de corrupção envolvendo a companhia.
Segundo informações do “Financial Times”, os suecos alegam que a estatal brasileira não revelou em seus balanços sua real situação, não provou que seus controles para evitar a corrupção funcionavam e sobrevalorizou seus ativos. Ao contrário dos americanos, que decidiram reunir todas as ações em um mesmo processo, o fundo sueco abrirá um caso separado. As ações da Petrobras acumularam perdas de 43% no ano passado.
Nas duas últimas semanas, a Dimensional Fund Advisors e seis fundos de pensão de Nova York também optaram por ações individuais para processar a Petrobras por alegadas perdas com o escândalo de corrupção. “Normalmente fazemos isso nos juntando a class actions, mas desta vez pensamos que é do interesse de nossos acionistas buscar nossos direitos diretamente”, disse ao FT um porta-voz do Dimensional. De acordo com alguns advogados, a busca por ações individuais pode garantir melhores acordos aos investidores.
Desde dezembro, dezenas de fundos de pensão americanos já entraram na Justiça contra a Petrobras por perdas após o início da Operação Lava Jato. No mês passado, os pedidos foram consolidados em uma ação coletiva, com o fundo britânico Universities Superannuation Scheme (USS) escolhido como líder. O USS alega que perdeu US$ 84 milhões com a queda das ações da estatal após o início da crise.
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