Criminosos não usam armas legais, dizem especialistas
FERNANDO MELLO/MÁRCIO FALCÃO - DE BRASÍLIA - Estados com maiores índices de violência são os que têm menor número de pessoas com porte de armas autorizado pela Polícia Federal.
Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostram também que a correlação é a mesma se considerado o número de armas registradas oficialmente em cada unidade da Federação.
No total, existem no país 1,2 milhão de autorizações para posse de armas e 3.400 civis com permissão para andarem com o armamento.
Os dados reforçam a avaliação de especialistas sobre o impacto quase nulo das armas legais na violência.
O Amapá, quinto Estado mais violento segundo o Mapa da Violência de 2012, tem dois portes autorizados. Alagoas, o campeão da violência, tem 49. Já o Rio Grande do Sul tem o maior número de porte de armas, 1.060, e é o quinto Estado menos violento.
Há uma diferença entre os registros de armas e o porte, ambos feitos pela PF. É como se fosse o documento do carro (registro) e a carteira de motorista (porte).
Quem for pego na rua armado e sem porte pode responder criminalmente.
São Paulo tem o maior número de armas registradas: 273 mil, seguido por Rio Grande do Sul (158 mil).
Desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, em 2004, a PF restringiu o porte de armas. Para obtê-lo, os interessados têm de comprovar necessidade profissional do uso da arma ou ameaça à integridade física.
Antes de conceder o porte, a PF analisa o histórico da pessoa: passagens pela polícia, processos na Justiça, se tem emprego fixo etc.
Para especialistas e delegados da PF, os dados reforçam que não há relação direta entre porte de armas e violência -até porque criminosos não usam armas legais.
Dados do Sistema Nacional de Armas mostram que 80% das armas apreendidas em crimes têm origem nacional e, em algum momento, entraram na ilegalidade, seja por roubos de armas legais ou desvios de depósitos de polícias ou militares.
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