Carlos Ferreira - Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) emitiu um alerta ao governo boliviano sobre a irregularidade no fornecimento de combustível de aviação, que pode paralisar os voos internacionais no país.
Em uma carta enviada ao Ministro de Obras Públicas, Edgar Montaño, a entidade expressou sua preocupação com a atual crise de abastecimento de combustível e advertiu que, sem a restauração do fornecimento, as companhias aéreas poderiam “cancelar seus serviços”. A situação é particularmente crítica no Aeroporto Internacional Viru Viru, em Santa Cruz.
A comunicação foi enviada em junho, durante um período em que a logística de distribuição de combustível foi interrompida devido a bloqueios realizados por apoiadores do ex-presidente Evo Morales, que duraram 15 dias.
A IATA, que representa mais de 330 companhias aéreas em todo o mundo, também reclamou da exigência de pagamento em dólares pelo combustível, devido às limitações na Bolívia para a obtenção dessa moeda. A entidade solicitou uma reunião com o governo para discutir soluções para os desafios que afetam a indústria em meio à crise econômica que o país enfrenta.
Na semana passada, foi anunciado que houve uma reunião entre a Associação de Linhas Aéreas (ALA), o Ministério e a YPFB Aviación (empresa estatal responsável pelo fornecimento de combustível de aviação), na qual foi alcançado o compromisso de garantir o fornecimento necessário até o final do ano.
A gerente geral da ALA, Yanela Zárate, afirmou em entrevista ao canal Red Uno: “Temos o compromisso do Ministro de Obras Públicas. Através da maior autoridade em assuntos de aviação, que é a Direção Geral de Aeronáutica Civil, conseguimos agendar uma reunião com a YPFB Aviación, que confirmou que o fornecimento normal de combustível seria garantido, pelo menos até o final do ano, fazendo o máximo de esforços.” Zárate também mencionou que foi acordado manter os pagamentos em moeda nacional e que esses acordos seriam comunicados à IATA.
Essa não é a primeira vez que a IATA apresenta reivindicações ao governo boliviano. Em dezembro de 2024, o país foi criticado por bloquear fundos de companhias aéreas no valor de 42 milhões de dólares, uma situação resultante da dificuldade em repatriar receita de vendas de passagens e outras atividades. A IATA pediu a remoção das limitações para que as companhias aéreas possam acessar seus fundos.
De acordo com a mídia local, há oito companhias aéreas internacionais que operam na Bolívia, além da estatal Boliviana de Aviación (BoA), que também cobre rotas domésticas.
A crise de combustível na Bolívia é um reflexo da crise econômica que o país enfrenta há dois anos, resultado da queda na arrecadação de receitas de petróleo, o que gerou escassez de dólares e a emergência de um mercado paralelo de câmbio, onde a moeda americana é cotada a cerca de 16 bolivianos, mais do que o dobro da taxa oficial mantida pelo governo em 6,96 bolivianos.


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