Pesquisas mostram aumento do risco de doenças crônicas devido ao consumo exagerado deste tipo de proteína
Estudos mostram que consumo diário de carne vermelha eleva em 20% risco de morte
Estudos mostram que consumo diário de carne vermelha eleva em 20% risco de morte
RIO - Alimento de reconhecido valor nutritivo, a carne vermelha é fonte de proteína, ferro e vitaminas. Mas o aumento de seu consumo, possibilitado pelo crescimento da renda e a queda dos preços, desperta a preocupação de especialistas. Um estudo divulgado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard no início de março mostrou que a ingestão diária do alimento aumenta as chances de morte prematura por câncer e doenças cardiovasculares. Esta não é a primeira vez que a carne entra na berlinda: pesquisas anteriores já relacionaram seu consumo excessivo à maior incidência de diabetes tipo 2, certos tipos de câncer de mama e artrite reumatoide.
A pesquisa de Harvard, que acompanhou 120 mil americanos por mais de 20 anos, revelou que o consumo de uma porção diária de carne processada — salsicha ou bacon, por exemplo — eleva em 20% o risco de morte, enquanto a carne não processada, como um bife, aumenta as chances em 13%. Na direção oposta, o mesmo estudo sugere que a substituição por proteínas mais saudáveis, como grãos integrais, peixes e frangos, pode aumentar consideravelmente a qualidade de vida.
— O problema atual, na população em geral, é que estamos comendo carne demais. Um consumo moderado, num padrão de alimentação equilibrado, à base de vegetais, é bom — destaca uma das autoras da pesquisa, An Pan, em entrevista ao GLOBO.
Gorduras e substâncias cancerígenas são vilões
O Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda a ingestão de uma porção de carne branca ou vermelha ao dia, o equivalente a cerca de 100g diários. A nutricionista Bia Rique estima que, para um adulto comum, o consumo da carne vermelha uma ou duas vezes por semana seja suficiente.
No estudo de Harvard, a substituição da carne vermelha por uma porção de fonte de proteína saudável foi associada a um menor risco de morte: 7% , no caso do peixe; 14%, no das aves; 10%, no das leguminosas e o leite de baixo teor de gordura, ou seus derivados; e 14%, no dos grãos integrais.
O maior risco de desenvolver doenças crônicas devido ao consumo de carne vermelha estaria associado ao alto teor de colesterol e à gordura saturada de alguns tipos de corte — o que poderia aumentar a ocorrência de males cardiovasculares e diabetes —, às substâncias usadas para conservá-la e ao processo de preparação culinária: ao serem grelhadas, fritas ou assadas, as carnes podem gerar substâncias potencialmente cancerígenas, as aminas heterocíclicas.
Relação com diabetes ainda não está clara
A forma de preparo, inclusive, merece maior atenção, independentemente do tipo proteína animal escolhida. O contato da carne com a grelha é o que forma as aminas heterocíclicas, resíduos escuros que se fixam no local de contato. Uma forma de evitar isso é marinar o alimento, deixando-o de molho no limão, ou cozinhá-lo, indica a nutricionista Aline Carvalho, especialista em carnes da Faculdade de Saúde Pública, da USP.
Para comer um bom bife sem peso na consciência, uma dica é optar por um um corte de carne mais seco, sem gordura aparente. Ao substituí-lo por frango, é importante lembrar que o peito tem menos gordura que a parte da coxa e nenhuma porção deve conter peles. Se a opção for pelo peixe, é bom evitar as postas fritas.
Diversos estudos mostram que o tipo de câncer mais associado ao exagero no consumo de carne vermelha é o colorretal, que afeta o intestino e também está relacionado a uma dieta pobre em fibras. Os pesquisadores ainda não sabem a que se deve o aumento da incidência de diabetes tipo 2 entre os que exageram no consumo do alimento, mas a doença está relacionada à obesidade, e estudos mostram a relação entre o sobrepeso e a ingestão excessiva de carne.
Um extenso trabalho publicado também por Harvard, em agosto de 2011, indicou que comer carne vermelha processada todos os dias aumenta em até 51% os riscos de sofrer da doença. Carnes não processadas elevam o risco em 19%.
— Esse resultado também pode estar ligado aos hábitos de vida da pessoa — avalia o endocrinologista Ricardo Meirelles. — Quem tem uma dieta mais saudável costuma se exercitar mais. Já a falta de atividade física causa o aumento de gordura corporal, inclusive a abdominal, que está associada à resistência à insulina, primeiro passo para o surgimento do diabetes .
Em 2004, um grupo de pesquisadores britânicos apontou um risco maior de desenvolver artrite reumatoide entre pessoas que tinham uma dieta pobre em frutas e rica em carnes vermelhas. Já em 2006, mulheres americanas na pré-menopausa se revelaram mais propensas a sofrer de alguns tipos de câncer de mama. Os componentes de algumas carnes vermelhas aumentam os níveis de hormônios nestas pacientes, avaliaram os pesquisadores, o que pode favorecer o surgimento de certos tumores.
Apesar dos resultados, os especialistas são unânimes em afirmar que o problema é o exagero. Uma dieta balanceada, que contenha vegetais, leguminosas, frutas, carnes brancas e — por que não? — vermelhas, é apontada com fonte de longevidade:
—Uma dieta e a prática de atividade física evitam a obesidade, uma das epidemias hoje — avalia Aline.
A pesquisa de Harvard, que acompanhou 120 mil americanos por mais de 20 anos, revelou que o consumo de uma porção diária de carne processada — salsicha ou bacon, por exemplo — eleva em 20% o risco de morte, enquanto a carne não processada, como um bife, aumenta as chances em 13%. Na direção oposta, o mesmo estudo sugere que a substituição por proteínas mais saudáveis, como grãos integrais, peixes e frangos, pode aumentar consideravelmente a qualidade de vida.
— O problema atual, na população em geral, é que estamos comendo carne demais. Um consumo moderado, num padrão de alimentação equilibrado, à base de vegetais, é bom — destaca uma das autoras da pesquisa, An Pan, em entrevista ao GLOBO.
Gorduras e substâncias cancerígenas são vilões
O Guia Alimentar da População Brasileira, do Ministério da Saúde, recomenda a ingestão de uma porção de carne branca ou vermelha ao dia, o equivalente a cerca de 100g diários. A nutricionista Bia Rique estima que, para um adulto comum, o consumo da carne vermelha uma ou duas vezes por semana seja suficiente.
No estudo de Harvard, a substituição da carne vermelha por uma porção de fonte de proteína saudável foi associada a um menor risco de morte: 7% , no caso do peixe; 14%, no das aves; 10%, no das leguminosas e o leite de baixo teor de gordura, ou seus derivados; e 14%, no dos grãos integrais.
O maior risco de desenvolver doenças crônicas devido ao consumo de carne vermelha estaria associado ao alto teor de colesterol e à gordura saturada de alguns tipos de corte — o que poderia aumentar a ocorrência de males cardiovasculares e diabetes —, às substâncias usadas para conservá-la e ao processo de preparação culinária: ao serem grelhadas, fritas ou assadas, as carnes podem gerar substâncias potencialmente cancerígenas, as aminas heterocíclicas.
Relação com diabetes ainda não está clara
A forma de preparo, inclusive, merece maior atenção, independentemente do tipo proteína animal escolhida. O contato da carne com a grelha é o que forma as aminas heterocíclicas, resíduos escuros que se fixam no local de contato. Uma forma de evitar isso é marinar o alimento, deixando-o de molho no limão, ou cozinhá-lo, indica a nutricionista Aline Carvalho, especialista em carnes da Faculdade de Saúde Pública, da USP.
Para comer um bom bife sem peso na consciência, uma dica é optar por um um corte de carne mais seco, sem gordura aparente. Ao substituí-lo por frango, é importante lembrar que o peito tem menos gordura que a parte da coxa e nenhuma porção deve conter peles. Se a opção for pelo peixe, é bom evitar as postas fritas.
Diversos estudos mostram que o tipo de câncer mais associado ao exagero no consumo de carne vermelha é o colorretal, que afeta o intestino e também está relacionado a uma dieta pobre em fibras. Os pesquisadores ainda não sabem a que se deve o aumento da incidência de diabetes tipo 2 entre os que exageram no consumo do alimento, mas a doença está relacionada à obesidade, e estudos mostram a relação entre o sobrepeso e a ingestão excessiva de carne.
Um extenso trabalho publicado também por Harvard, em agosto de 2011, indicou que comer carne vermelha processada todos os dias aumenta em até 51% os riscos de sofrer da doença. Carnes não processadas elevam o risco em 19%.
— Esse resultado também pode estar ligado aos hábitos de vida da pessoa — avalia o endocrinologista Ricardo Meirelles. — Quem tem uma dieta mais saudável costuma se exercitar mais. Já a falta de atividade física causa o aumento de gordura corporal, inclusive a abdominal, que está associada à resistência à insulina, primeiro passo para o surgimento do diabetes .
Em 2004, um grupo de pesquisadores britânicos apontou um risco maior de desenvolver artrite reumatoide entre pessoas que tinham uma dieta pobre em frutas e rica em carnes vermelhas. Já em 2006, mulheres americanas na pré-menopausa se revelaram mais propensas a sofrer de alguns tipos de câncer de mama. Os componentes de algumas carnes vermelhas aumentam os níveis de hormônios nestas pacientes, avaliaram os pesquisadores, o que pode favorecer o surgimento de certos tumores.
Apesar dos resultados, os especialistas são unânimes em afirmar que o problema é o exagero. Uma dieta balanceada, que contenha vegetais, leguminosas, frutas, carnes brancas e — por que não? — vermelhas, é apontada com fonte de longevidade:
—Uma dieta e a prática de atividade física evitam a obesidade, uma das epidemias hoje — avalia Aline.
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